domingo, 28 de outubro de 2012

Mostrando a Língua - 64

Meus diqueiros,

Estive recentemente em Porto de Galinhas- Recife e, com a mania que tenho de observar e 'catar' falares, registrei em meu diário de bordo algumas delas que passo para vcs. É muito bom poder constatar que quem faz uma língua é o povo. Os estudos nesta área estão no campo da Sociolinguística - nossa diqueira VANIA BERNARDO é autoridade no assunto- e cada vez mais valorizam os vocabulários regionais como distinções consideradas importantes para as sociedades que as utiliza. A reflexão é bastante oportuna porque o que temos visto é uma escola intolerante com as diferenças dialetais, que privilegia (e cobra!) o normativo, isto é, o certo e o errado, sem a compreensão necessária para o diferente. É uma pena, porque perde-se a riqueza de construções e registros que, certamente, reduziriam o preconceito, não é?

Apenas para ilustrar, evoco Manuel Bandeira que resume, em lúcidas palavras este sentimento de pertença. Vejam abaixo, a citação.

 
[...] a vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil...
Manuel Bandeira, Evocação do Recife

Muito linda e expressiva, né?
Eis o que encontrei por lá:
miador- aquele aparelhinho que fica sobre os táxis. (aqui, no sudeste, chamamos de bigorrilho)
bruxa- amante
nadica – nada
carece não- não precisa
já- é já mesmo, mas a pronúncia é 'rá' ( Ex.: Eu 'rá' disse isso...)
chegue- venha, aproxime-se
vexado- apressado
quenga- prostituta
palavrão- nome feio
vou não - não vou
tia ( tía) - 'tchia' ( nossa pronúncia é 'chiada'.
...e muito mais.

Também degustamos, com muito prazer, um peixe da região chamado beijupirá, deliciosamente preparado ao molho de manga. Coisadedoido, assim junto para não perder tempo. Rssss
Forte abraço, gente, até quarta,
Edinalda

 

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