domingo, 28 de outubro de 2012

Por que apenas 2% dos estudantes querem seguir a carreira de professor?

O desafio da Educação brasileira não se resume a estimular crianças e adolescentes a aprender. Exige, também, encontrar quem se disponha a ensiná-los. Nas últimas décadas, a perda de interesse dos jovens pela carreira de Professor dificulta a seleção de Educadores em quantidade e qualidade suficientes para garantir o salto de desempenho que se espera nas Escolas. Ao cativar o interesse de apenas 2% dos estudantes do Ensino médio, conforme demonstrado pela pesquisa A Atratividade da Carreira Docente no Brasil, o magistério segue caminho inverso ao de países desenvolvidos.
Em lugares como Japão, Finlândia ou Coreia do Sul, todos com Ensino de excelência, a atividade oferece bons salários, reconhecimento social e por isso atrai os melhores Alunos. No Brasil, os baixos rendimentos, a perda de status e o desgaste do trabalho contribuem para o envelhecimento da categoria e despertam temor em relação ao futuro da profissão.
Em apenas quatro anos, entre 2007 e 2011, as sinopses estatísticas da Educação básica revelam que o percentual de Docentes com menos de 24 anos caiu de 6% para 5,1%, enquanto a proporção de mestres com mais de 50 subiu de 11,8% para 13,8%. Para a coordenadora do Mestrado Profissional em Gestão e Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas, Regina Pacheco, as razões vão além dos baixos salários:
– Precisamos repensar o trabalho do Professor e a carreira no setor público, que segue um modelo de 100 anos. Hoje, a concepção de vida é outra, os mais jovens querem ir atrás de oportunidades, enquanto o sistema prevê que fiquem 30 anos fazendo a mesma coisa.
Conforme a pesquisadora, além de dificultar a renovação da categoria, as más condições de trabalho estimulam distorções como excessos de faltas e licenças. Confira, a seguir, um resumo das condições que afugentam novos Professores.
Fonte: realizado pela Fundação Carlos Chagas sob encomenda da Fundação Victor Civita, o estudo A Atratividade da Carreira Docente no Brasil foi concluído em dezembro de 2009 e revelou que, dos 1.501 Alunos do Ensino médio entrevistados em todas as regiões brasileiras, apenas 2% manifestavam o interesse de cursar Pedagogia ou alguma licenciatura – caminhos para a carreira de Professor. Destes, praticamente oito em cada 10 são mulheres.

Artigo: Orgulho de ensinar

Pesquisa da Fundação Carlos Chagas, em 2009, por encomenda da Fundação Victor Civita, confirmou tecnicamente o que a maioria dos brasileiros já sabia: quase ninguém mais quer ser Professor. Na verdade, este “quase” está quantificado: dos 1,5 mil Alunos do terceiro ano do Ensino médio ouvidos pelos pesquisadores, apenas 2% confirmaram a intenção de cursar Pedagogia ou alguma licenciatura voltada para o magistério. O dado expressa de forma eloquente a desvalorização de uma profissão que já foi o sonho de consumo das famílias brasileiras nas décadas de 60 e 70 do século passado. E o mais desconcertante é que os Professores continuam sendo tão necessários para o país quanto o eram naquela época.
Três aspectos prioritários são apontados como causas da rejeição: 1) Falta de reconhecimento social; 2) Salários baixos; e 3) Trabalho desgastante. Entre os 32% de Alunos que chegaram a pensar em ser Professor, muitos encontraram resistência familiar ou foram desaconselhados por pessoas de suas relações.
Há ainda um subproduto cruel desta desvalorização, que é o direcionamento para a carreira de uma parcela de Alunos com mau desempenho nos níveis intermediários. Como não conseguem classificação para os cursos mais disputados, a formação Docente vira um prêmio de consolação. Ainda assim, o país conta com muitos Professores competentes, responsáveis e comprometidos com a Educação. Aí entra aquele conjunto de valores que historicamente compõem a personalidade dos Educadores: vocação, dedicação e profissionalismo.
A Educação tem o poder de transformar as pessoas e de tornar as sociedades mais iguais e mais justas. Sem Professores, não haveria médicos, engenheiros, advogados e outros diplomados em ofícios respeitados por todos os cidadãos. O Brasil deveria orgulhar-se de seus Professores e valorizá-los como merecem, para que os mestres também voltem a ter orgulho da profissão que escolheram.
Fonte: Jornal de Santa Catarina (SC)

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