quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Por uma escola diferente

 por Tânia Vasconcelos (pedagoga)

Num misto de angústia e alívio, busco nos velhos companheiros desses intensos 20 anos de fé na Educação, papel e lápis para tentar expressar o que vem da alma.
Malditos sejamos nós professores, pedagogos e demais profissionais da educação que insistimos, com pouco retorno, acreditar que Educação nesse país é coisa séria.
Faculdade de Filosofia de Campos, anos 90, tomada pela paixão na Psicologia da Educação com a minha eterna mestra Marilena das Graças, um turbilhão de sonhos e ideias faziam brotar em mim o desejo de transformar, aliás, TRANSFORMAÇÃO sempre foi um grande mote da educação no Brasil. Transformar o mundo, a sociedade, as estruturas, tudo visando à construção de um país mais justo, com oportunidades iguais para todos, onde não houvesse dominados, nem dominadores, onde, apesar dos embates ou por causa deles, a esperança sempre vinha em primeiro plano. Impossível não citar o nosso sempre presente Paulo Freire: “Minha esperança é sempre necessária, mas não é suficiente. Ela, só, não ganha a luta, mas sem ela a luta fraqueja e titubeia".
Impulsionada por esses ideais, ajudei a construir muito chão de escola, mas esperança só não muda e as forças da desesperança atuam exatamente para te fazer crer no deus fatalismo.
Nossas escolas estão desalmadas, resultante em grande parte pela inexistência de uma política educacional que privilegie o Homem em detrimento do Número, pois na atual conjuntura o que realmente importa é a QUANTIDADE, haja vista os famigerados quantitativos que a cada semestre roubam dias e horas de trabalho dos profissionais responsáveis , digo roubam porque estes deveriam estar planejando, estudando, criando situações de aprendizagem com seus pares.
Sinto muito parecer pessimista e que sinceramente me perdoe Paulo Freire no seu merecido repouso cósmico. É preciso e urgente uma ESCOLA DIFERENTE, onde a diferença seja respeitada em sua plenitude e não apenas nas leis, onde os pensamentos LIVRES de compromissos com A ou B possam existir sem que seus portadores sejam passíveis de PERSEGUIÇÃO, onde a DEMOCRACIA seja muito mais que um conceito ou uma palavra gasta nos discursos, mas, sobretudo uma forma de organização, onde a FÉ possa ser exercida e alimentada de inúmeras OPORTUNIDADES.

3 comentários:

  1. Minha amiga, adorei o seu texto. Carregado de dor, mas uma dor consciente, uma dor honesta, catarse de quem realmente ama a Educação, de quem sofre pela falta daquilo que sempre perseguiu e nunca vislumbrou. A merda, é que ainda continuamos acreditando que podemos fazer algo para mudar tudo isso. Aliás, somos nós, os dom Quixote de La Mancha de plantão, que efetivamente continuam combatendo os "moinhos de ventos" e escorando este edifício em ruínas!
    É por isso que estamos aqui! E o trabalho mais árduo não é com os alunos, mas contra aqueles que ainda não entenderam o verdadeiro papel da Educação na transformação deste país.
    Abrçs!

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  2. Tânia,

    Gostei bastante de seu texto. A propósito, que nunca percamos o desejo de TRANSFORMAR. Aliás, que possamos não só transformar a realidade circundante, mas também a nós mesmos. Pois, como pensar em uma escola diferente, se permanecermos estagnados . . . ausentes das lutas, mudanças e necessidades de nosso tempo? É uma pena que muitos companheiros de jornada se dão por vencidos a cada dia!

    Buscando Razões Para Continuar a Lutar:

    Quando o cansaço, o desânimo, um lapso de descrença e tudo mais que nos sequestra a alma de educador parece iminente, eis que a FÉ mantém-nos no caminho deste eterno desafio de ser pessoa-da-educação. Então, que permaneçamos com nossos sonhos e ideais.

    "A educação modela as almas e recria os corações. Ela é a alavanca das mudanças sociais."_Paulo Freire

    Abços =]
    Carlos Fabiano

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  3. Olá Tânia
    Seu texto evidenciou com clareza o desejo de todos nós professores em modificar a atual política educacional e como nos sentimos de mãos atadas e perdermos nossas forças durante a rotina diária.Foi inspirador e espero que mesmo que pequenina essa semente de esperança em uma ESCOLA igualitária e de qualidade para todos um dia realmente exista e que nós aqui presentes tenhamos a felicidade de atuar nela.
    bjs Érica

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