Diariamente acesso vários sites em busca de notícias sobre Educação. Depois de uma triagem seleciono as que mais estão de acordo com a proposta de nosso Blog e aí então faço a blogagem, sempre com o cuidado de indicar fonte e/ou autor.
Confesso que nos últimos dias esta tarefa se tronou mais difícil, pois só se fala a respeito do livro “Por uma vida Melhor”, da professora Heloísa Ramos, distribuído pelo MEC para turmas de EJA em todo o Brasil. É gramático, é linguista, é advogado, é político, é jornalista, é professor... todo mundo resolveu opinar, uns a favor e muitos contra, a respeito dos “erros” de concordância que aparecem no livro.
Depois de ter acesso à referida obra, percebi que “estão fazendo tempestade em copo d’água”, pois a autora incluiu frases com erro de concordância em apenas uma lição para mostrar a diferença entre a norma culta e a popular. Confira alguns trechos do livro sobre o assunto:
“É importante saber o seguinte: as duas variantes [norma culta e popular] são eficientes como meios de comunicação. A classe dominante utiliza a norma culta principalmente por ter maior acesso à escolaridade e por seu uso ser um sinal de prestígio. Nesse sentido, é comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros”
“(...) Mais uma vez, é importante que o falante de português domine as duas variedades e escolha a que julgar adequada à sua situação de fala.”
“É comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros. Esse preconceito não é de razão linguística, mas social. Por isso, um falante deve dominar as diversas variantes porque cada uma tem seu lugar na comunicação cotidiana.”
“A norma culta existe tanto na linguagem escrita como na linguagem oral, ou seja, quando escrevemos um bilhete a um amigo, podemos ser informais, porém, quando escrevemos um requerimento, por exemplo, devemos ser formais, utilizando a norma culta. Algo semelhante ocorre quando falamos: conversar com uma autoridade exige uma fala formal, enquanto é natural conversarmos com as pessoas de nossa família de maneira espontânea, informal.”
Pergunto: quando nós, professores de Língua Portuguesa, trabalhamos esse conteúdo, não levamos para sala de aula textos, inclusive literários, escritos na linguagem popular, transgredindo as normas gramaticais? Então, por que essa preocupação de “especialistas”, defensores da pureza gramatical? Por que em vez de críticas cruéis e descabidas a uma metodologia de ensino eles não apresentam sugestões para melhorar a Educação em nosso país?
Acorda pessoal! Deixemos a “última flor do Lácio, inculta e bela” de lado! Vamos concentrar nossos esforços em discussões que possam contribuir efetivamente para sairmos desse caos em que se encontra a Educação pública nacional, pois o resto é simplesmente...
...“conversa mole pra boi dormir.” (*)
Prof. Erivelton Rangel de Almeida
publicado no site TOM SOBRE TOM
publicado no site TOM SOBRE TOM
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ResponderExcluirObservar a fêmea bovina caminhar para a comunidade aluvial (*)
ResponderExcluirDiante do que foi explicitado acima com grande lucidez pelo professor Erivelton, resta-me fazer a seguinte colocação:
Levando em consideração a dicotomia Língua/Linguagem no espaço vivo da sala de aula de Língua Portuguesa, evidencia-se que a Língua está intimamente ligada às normas e às "tão temidas" regras gramaticais. Por outro lado, a Linguagem é a maneira pela qual a Língua é expressa podendo esta ser culta ou coloquial. O uso da forma coloquial em sala de aula não deve ser recriminado. O ambiente dentro de sala permite ao professor utilizar estruturas menos rebuscadas, mais simples, bem diferente da comum rigidez própria do emprego formal. Partindo do princípio de que existem momentos apropriados para o uso de diferentes formas de Linguagem, é pertinente em sala de aula não só a utilização da informalidade (interação professor-aluno; aluno-aluno), mas também a orientação do professor em relação a tal uso.
A PALAVRA DE ORDEM É = ADEQUAÇÃO.
Sendo assim, no que tange ao uso de uma Linguagem 'adequada' ao contexto de uso desta, negligenciar o fato supracitado é simplesmente...
..."ver a vaca ir pro brejo." (*)