É na zona oeste da cidade do Rio que foi instalada a primeira escola verde do país. Resultado de uma parceria público-privada, está localizada no bairro de Santa Cruz, que possui um dos IDHs mais baixo da capital: 0,742. Quanto mais perto de 1, mais desenvolvida é a região - na Gávea, bairro nobre da zona sul carioca, o índice é 0,970.
Novidade que chama a atenção dos moradores, o Colégio Estadual Erich Walter Heine conta com painéis solares, reaproveitamento da água da chuva, iluminação natural e, claro, área para reciclagem. Embora aberta há apenas três meses, a escola já dá frutos: tem gente levando para casa o que aprendeu na sala de aula. “Meu pai montou um sistema de captação da água da chuva lá em casa”, conta o estudante Hebert Elias Sanches, de 17 anos. “Usamos para lavar a roupa, limpar o quintal e sanitários. A conta d’água está mais barata”, afirma.
Na escola, além de lições de sustentabilidade, o ensino é profissionalizante. Alunos de 14 a 17 anos recebem aulas técnicas de administração. Em meio a ensinamentos de logística e afins, também chama atenção dos estudantes o “telhado verde”, que pode ser visitado pela comunidade escolar. E, no futuro, também por moradores, já que a direção faz planos de abrir as portas do colégio nos finais de semana. Funciona assim: plantas espalhadas pela cobertura ajudam a reter a água da chuva, reduzir o calor e, de quebra, neutralizar as emissões de carbono.
Painéis solares aquecem a água do vestiário, mas a economia de energia também é garantida por lâmpadas LED e sensores de presença que desligam automaticamente luzes e aparelhos de ar-condicionado na ausência de pessoas no local.
O gerente de projetos da Secretaria Estadual de Educação, Sérgio Menezes, afirma que existem apenas 120 escolas como essa no mundo, sendo 118 delas nos Estados Unidos.
Na escola carioca, a água da chuva é captada e armazenada para depois ser usada nos sanitários, jardins e na lavagem dos pisos.
“A redução de água potável chega a 50%”, diz William Nogueira, gerente de relações institucionais da siderúrgica ThyssenKrupp CSA, que patrocinou a iniciativa, com R$ 11 milhões. “Todas as madeiras utilizadas na construção são certificadas. Além disso, os vidros das janelas filtram os raios solares, o que proporciona conforto térmico e economia de energia. É preciso ressaltar que o conceito da acessibilidade está por toda a escola, para facilitar a rotina dos portadores de necessidades especiais”, destaca Nogueira.
Por e-mail, a arquiteta responsável pelo projeto, Maria José Gerolimich, da Arktos Arquitetura Sustentável, explica que a escola foi construída em forma de catavento, de maneira que o ar circule por todo o espaço.
O teto, que favorece a iluminação natural, conta com áreas abertas que fazem com que o ar quente suba e se dissipe como em uma chaminé.
“Muitos desses conceitos eu conhecia apenas na teoria. Agora, virou prática mesmo. E estou adorando, porque dá para ver os resultados”, comemora a estudante Natália Duarte da Silva Serra, de 14 anos.
Fonte: IG Educação
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