sábado, 29 de janeiro de 2011

Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Será?

Por Carlos Fabiano de Souza
Foi-se o tempo em que podíamos afirmar categoricamente que dentro de uma sala de aula a autoridade maior é o professor. Não me refiro apenas à violência sofrida gratuitamente por alguns colegas, na maioria das vezes praticada por seus próprios alunos que parecem ter perdido o respeito pelo profissional da educação. Violência esta manifestada de diversas formas (tais como desconstituição da autoridade do professor, agressões físicas, agressões via Internet, assédio sexual, etc.). O pior de tudo é saber que muitas direções de escolas privadas são omissas em relação à violência no ambiente escolar e procuram responsabilizar os professores na maioria dos casos.
Como se não bastasse, é com perplexidade que ouço alguns colegas de profissão reclamar da ordem que impera em algumas escolas da rede privada de ensino – os pais praticamente mandam na instituição. Digo isso porque em “escolas-empresas” o objetivo maior é manter a quantidade, mesmo que para isso seja necessário abrir mão da qualidade. É a velha ordem capitalista! A escola é claro, procura contornar a situação dando voz às reclamações dos pais, mesmo quando o professor tem razão. Bem, não podemos nos esquecer de que “o cliente tem sempre razão,” será?
Um exemplo simples, porém bastante interessante, diz respeito a um caso que me foi contado por uma ex-professora minha: ela resolveu substituir uma atividade presente no livro didático por outra bem mais produtiva, pois considerava que o exercício do livro era muito repetitivo. A mãe de um aluno, ao olhar aquela atividade em branco no livro de seu filho, resolveu ir até a escola reclamar com a coordenação. Era um absurdo um professor “pular” uma atividade do livro. “Gastei um dinheirão com o livro pra não ser usado?” “Que professora é essa!” “Tá pensando que achei meu dinheiro no lixo,” praguejava a mãe inconformada. Mesmo com a justificativa da professora, a coordenação da escola ‘achou’ que seria sensato da parte da professora fazer a tal atividade em sala com os alunos.
Quanta insensatez? É por essas e tantas outras histórias que me aflige ouvir a frase “Todos pela educação”, tão propagada em importante canal de televisão em nosso país. A impressão que me dá é que qualquer um pode entrar na escola a qualquer momento e fazer dela o quintal de sua própria casa! E o final da história pra muitos professores? Bem, todos já sabem qual é: Manda quem pode, obedece quem tem juízo.

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