domingo, 16 de janeiro de 2011

Poetizando a (dura) realidade...

ÁGUAS DE JANEIRO
                                 Por Jaqueline Dias
Olho, atônita
Não acredito e até duvido
Que a natureza reclame, dê seu grito
Os ecos espantam a realidade
Estrondo das vias da mortandade
Choque: aos que dela se aproveitaram, sem maldade
Agora, a tragédia, da teoria que previa
O que muito o Poder sabia
Que o rio, do barro se aproveitaria
E como lama reclamaria
E ao seu lugar voltaria
Vazio, deixavam os lugares-lares
Cadê, dessa gente, os pilares?
E agora? Quem teria razão?
Governantes, cientistas ou a população?
Jobim me disse que era normal
Custava ler a canção, etc e tal?
Dos acontecimentos de março,
Vejo que não é bem assim
Pois janeiro leva vidas há décadas, enfim
E o caminho? Cada vez mais é o fim
Ponto, travessão, interrogação: não!
De paus, pedras, tocos e pontes...
Levam carrões, mansões formando montes
Recuso-me aceitar
Entender como normal
Esse, também, é nosso mal
Hipocrisia vadia
Ver normalidade
Em nosso janeiro de cada dia
Deixe a bestialidade de lado
Encare sua essência. Não é boato.
A decadência é fato.
Não seja como Pilatos no credo
As pessoas estão sem teto.
Na perversidade da salvação sem amanhã
Corpos que (re)criam o ficcional
De uma arte cinematográfica, é o caos, é o caos
É o calor que não termina
E traz consigo a rotina
De um março que se antecipou
Janeiro foi e chegou!
Memória arquivada! Rotineiro.
E pede: Autoridades, deem um jeito!
Vamos os problemas solucionar
Com lucidez tentar amar
Para essa gente encontrar
Algo em que se amparar.
Agora, é recomeçar!
Nossos mortos enterrar
Com a solidariedade contar
Resta ao menos uma agora, um presente
Futuro? Expectativa ardente
Diante da íris, atmosfera da torrente
A promessa de vida é nossa esperança  
Seguindo a canção por inteiro
Para que janeiro
Na união do rio com seus afluentes
De nós não venha misericórdia implorar.
No coração, promessa de vida, encontrar.
E tentar acreditar que no próximo ano
Janeiro e rios possam uma trégua deixar.

Um comentário:

  1. Parabéns, Jaque!!! Diante de tamanha catástrofe, em meio a tanta ÁGUA proveniente das CHUVAS de janeiro, você abre as COMPORTAS de seu coração e nos INUNDA a alma com uma ENXURRADA de poesia.

    Vamos continuar orando pelos irmãos da região Serrana do Rio. Bjs =]

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