Sou professora do Estado do Rio de Janeiro, e, sinceramente, apesar dos muitos anos de profissão, há coisas impossíveis de entender.
Hoje apliquei prova em duas turmas, com matéria dada, revisada, atividades feitas, e trabalho realizado na sala de informática. A maioria dos alunos entregou as provas em branco, com a seguinte justificativa: "Ai, professora, ano que vem, na dependência, é só fazer trabalhinho que a gente passa". Mentira? Não, pura verdade.
Acontece que esta praga chamada "dependência" permite ao aluno ser reprovado e até duas matérias, sem ser retido na série em que está. O problema é que já não há professores em número suficiente para as aulas regulares, quanto mais para aulas de dependência. E aí vem o famoso "jeitinho brasileiro". O que o professor mais ouve da coordenação pedagógica é que tem que dar um trabalhinho para ajudar.
Resultados: no final do ano há a "prova Brasil", e a exigência é que os alunos tenham um bom desempenho. Como? Além disso, no ano seguinte há alunos que simplesmente abandonam a dependência na imatura ilusão de que alguém vai acabar esquecendo daquilo. Pois bem, se ele é reprovado em matérias na série atual, acabará ficando retido, pois ele não pode ser reprovado em mais de duas matérias.
Além do mais, na avaliação das escolas pelo Estado, há coisas realmente inacreditáveis, como o fato de, se alguma aluna engravidar, a escola perde pontos. Sinceramente, NUNHUMA ESCOLA SUBSTITUI A FAMÍLIA, e com o atual nível de abandono moral dos filhos por boa parte dos pais, jogar esta responsabilidade em cima dos profissionais da educação é brincadeira!
Ah, e uma observação final, mas nem por isso menos importante: os professores são a única categoria profissional do Brasil que não recebe abonos (não aumentos) salariais via negociação sindical, mas na base da chantagem :"se não fizer isto, não ganha aquilo".
Profa. Silvia Costa (transcrito do Blog Refletiação)
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