A troca de comando do Ministério da Educação (MEC) vem em boa hora. Prioridade incontestável de qualquer nação que aspire lugar entre as mais desenvolvidas, a Educação ainda está longe de orgulhar os brasileiros.
Perdemos feio até para países da vizinhança, como comprovam rankings organizados por entidades internacionais idôneas e, o que é pior, em todos os níveis de ensino.
Já vão longe as conquistas quanto à universalização do acesso à escola de primeiro grau e o Brasil continua patinando, contentando com resultados pífios, embora comemorados como se fossem dignos de festa.
A verdade é que o MEC precisava mesmo de novas cabeças e, principalmente, de gente disposta a reconhecer que temos feito pouco e mal para avançar na qualidade do ensino.
Para começar, é hora de recuperar a credibilidade do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), iniciativa mais do que bem-vinda para deixar no passado o anacrônico sistema de vestibulares, que já tinha se transformado num funil injusto, num promotor de mais desigualdade social.
É certo que a elevação do Enem a condição de porta de entrada para as universidades federais, inclusive as que costumam figurar entre as melhores instituições de ensino do país deveria ter sido precedida por um grande esforço de restruturação do ensino médio prestado pela escola pública.
Esse gargalo tem sido negligenciado pelo MEC e permanece como um dos desafios abertos à sua nova administração. Já o Enem precisa de livrar das trapalhadas patrocinadas pelo amadorismo com que tem sido levado.
Em vez de perder tempo e dinheiro em disputas judiciais com alunos prejudicados e com o Ministério Público, melhor fará o ministro Aloizio Mercadante se montar equipe com conhecimento e nível técnico para deixar no passado falhas que desmoralizaram o Enem e custaram caro ao erário.
Foi o caso da quebra de sigilo das provas, da troca de gabaritos, complicações no sistema de informática (Sisu) e o inacreditável episódio da repetição no exame nacional de questões usadas em teste aplicado antes em uma escola do Ceará. Mais recentemente, alunos que tiraram péssimas notas na redação conseguiram revisão na Justiça e, com o mesmo texto produzido, obtiveram ótimos resultados.
Apenas para ficar nos níveis fundamental e médio, está em discussão a adoção de um currículo único em todo o país. É preciso avançar nesse tema, superar questões menores e abrir mão de arrogâncias e tentativas de impor de cima para baixo falsas realidades. A meta não pode ser nivelar por baixo.
Pelo contrário, trata-se de equiparar, no mais breve tempo possível, o ensino nas escolas do país, preservando janelas regionais. Tampouco pode se afastar o MEC da formulação e da defesa de políticas de qualificação e de valorização da figura central da escola, o professor.
É muito mais do que a simples decretação de piso salarial profissional, atitude cômoda para a União, que não tem o compromisso de pagá-lo, embora concentre 70% da arrecadação tributária do país. Seriedade, profissionalismo e capacidade de liderar um vigoroso processo de avanços reais e não apenas de perfumarias. É o que se espera do novo comando da Educação no Brasil.
Fonte: Estado de Minas (MG)
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