quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Iniciativa privada busca saída para melhorar ensino médio

Para que serve o ensino médio? A pergunta até parece óbvia, mas consegue fazer calar educadores experientes, especialmente aqueles ligados à escola pública.
Não é à toa, o único ponto de concordância entre todos é que as séries finais da educação básica estão em crise, o que prova o alto índice de evasão dos alunos neste período.
Pois Wanda Engel, superintendente executiva do Instituto Unibanco, garante saber a resposta e que isso não basta para a solução. "O ensino médio é a última fase da base e deve garantir as competências que um aluno precisa ter para entrar no mercado de trabalho ou continuar os estudos", explica.
"Não adianta tratá-lo mais como fase de passagem para o mercado de trabalho, pois isso só era possível quando as pessoas conseguiam emprego só com o ensino fundamental. O que não acontece mais."
No Instituto Unibanco, Wanda há anos se debruça sobre os problemas do ensino médio. E não são os únicos. Várias empresas vêm desenvolvendo soluções para esta crise. Há quem aposte em tirar os melhores da escola pública e levar a particulares, a fim de promover mais rápido a ascensão desses alunos.
É o caso do Ismart, que tem entre seus apoiadores a Fundação Lemann. Há quem prefira abrir suas próprias escolas, como Bradesco, Embraer e JBS. Seja qual for a iniciativa, Wanda alerta que mais do que mão de obra qualificada, o Brasil precisa de mão de obra escolarizada.
"Na sociedade agrícola, as pessoas podiam ter só quatro anos de estudo que garantiam seu emprego. Na sociedade industrial, a exigência era oito anos. Mas agora, na sociedade de conhecimento, precisamos de estudantes com no mínimo 11 anos de ensino", diz.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010, um em cada 10 alunos de 15 a 17 anos deixa de estudar nessa fase. Os motivos?
"Pesquisas mostram que 40% dos alunos que abandonam a escola no ensino médio simplesmente não têm interesse, o que pode ser desdobrado em outros fatores: falta de condição acadêmica para continuar os estudos, pois 85% dos alunos que chegam ao ensino médio têm desempenho de 5ª série; problemas financeiros, desinteresse pelo currículo ou mesmo falta de perspectiva futura."
Pensando nessa realidade, o o Instituto Unibanco desenvolve o Projeto Jovem de Futuro, com o objetivo de aumentar o desempenho escolar dos alunos e diminuir os índices de evasão. O programa foi testado de 2008 a 2010 nas redes estaduais de Minas Gerais e Rio Grande do Sul e agora ganhou status de política pública.
O instituto assinou, em parceria com o Ministério da Educação, um termo de cooperação com seis estados - Pará, Ceará, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Piauí -, para ampliação do Projeto Jovem de Futuro do instituto, que passa a integrar o programa Ensino Médio Inovador, do governo federal.
As escolas públicas que aderirem ao projeto vão receber apoio técnico para a elaboração de um plano estratégico, assistência técnica para uma gestão para resultados e R$ 100 por aluno do ensino médio ao ano, para a implantação desse plano.
"A escola tem de aprender a ter sucesso, para isso tem de ter autonomia e, em contrapartida, melhorar substancialmente o desempenho nas avaliações escolares", diz.
A meta é que os estados acelerem, em cinco anos, sua aproximação ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 6-meta do governo federal para 2022. Estas ações, no entanto, não são suficientes para resolver o problema da evasão. "Lançamos a campanha "Estudar vale a pena" para tentar diminuir a sangria".
Fonte: Brasil Econômico (SP)

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