Desde que as redes sociais viraram febre, as Escolas precisam lidar com um problema que ultrapassa os muros dos colégios: o bullying virtual.
Agora, como se não bastassem os ataques entre colegas de turma, os diretores enfrentam outro dilema: ao mesmo tempo em que se sentem na obrigação de respeitar a liberdade de expressão dos professores, não sabem o que fazem quando os mestres — modelos de inspiração para os alunos — comportam-se de maneira considerada inadequada nos sites de relacionamento.
Um artigo publicado na edição deste mês da Principal navigator, revista da Associação dos Administradores de ensino fundamental do Estado de Ohio, afirma que professores já foram demitidos por postar imagens consideradas impróprias pelos diretores, como segurar um copo de bebida alcoólica.
Um caso recente — e mais grave — foi o da professora Jennifer O’Brien, que foi demitida e processada ao postar no seu perfil do Facebook que seus alunos do ensino infantil eram “futuros criminosos”.
A juíza Ellen Bass, do distrito de Paterson, Nova Jersey, decidiu pela demissão da professora (a Escola é pública) por considerar sua conduta “inaceitável, particularmente em uma cidade que lida diariamente com a pobreza e a violência”.
No Brasil, há dois anos, uma professora da turma de alfabetização de uma Escola de Salvador também foi demitida por, involuntariamente, cair nas redes sociais.
Ela subiu no palco onde acontecia o show e começou a dançar, de forma erótica, uma música chamada Todo enfiado. O vídeo foi parar no YouTube e acabou amplamente divulgado por usuários do Twitter, do Facebook e do Orkut. Mesmo alegando que não sabia que estava sendo filmada, a professora foi desligada das funções.
Perplexidade
A autora do texto publicado na Principal navigator, Janet Decker, pesquisadora social da Universidade de Cincinnati, alega que, com a rápida expansão das redes sociais, ninguém sabe, nem mesmo os juízes, como se portar diante desses casos.
“Parte da dificuldade é que a tecnologia avança a um ritmo mais rápido do que o precedente legal, deixando funcionários e administradores Escolares em dúvida quanto às suas responsabilidades”, escreveu. “E os tribunais também não sabem como se portar.”
Para Decker, “em geral, é importante entender que os funcionários das Escolas devem ser modelos, tanto dentro quanto fora da Escola, mesmo quando estão no Facebook”. No artigo, ela se dispõe a esclarecer mestres e docentes, com dicas de como os administradores devem se comportar diante dessa nova realidade.
“Eduque”, aconselha. “Não adianta redigir políticas internas; as Escolas também têm de oferecer educação profissional sobre essas questões. Ao fazer isso, os funcionários ficam sabendo o que se espera deles e podem, inclusive, questionar as políticas adotadas.”
Janet Decker, pesquisadora social da Universidade de Cincinnati, dá dicas para diretores de escolas que não sabem como lidar com a exposição de seus professores:
» Envolva os funcionários na confecção das políticas internas. O processo vai ajudá-los a compreender e a aderir mais às regras.
» Seja claro e específico. Políticas devem ser construídas sobre suporte legal e racional. Dê exemplos.
» Verifique se as regras estão de acordo com as leis estaduais e federais.
» Inclua as consequências para a violação das políticas e implemente-as.
» Forneça um meio para que os professores possam se defender em processos legais.
» Implemente as políticas de forma efetiva e não discriminatória.
» Adapte as políticas à medida que a legislação evolui. A tecnologia está em fluxo. O que é legal hoje pode não ser amanhã. Fonte: Principal navigator.
Fonte: Correio Braziliense (DF)
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