quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O desafio de ensinar a quem não sabe ler


Em pouco mais de 30 dias começa o ano letivo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). E um dos desafios que a instituição terá pela frente será combater o chamado o “analfabetismo funcional”, ou seja, estudante que não lê e é incapaz de interpretar um texto e os mais diferentes gêneros literários, dificultando o aprendizado de conteúdos mais sofisticados num curso superior.
Uma pesquisa divulgada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) no ano passado revelou que estudantes das universidades federais brasileiras leem, em média, 1,2 livro por ano.
Houve universidade, como a Federal do Maranhão, por exemplo, em que 23,2% dos alunos não leram sequer um livro durante o ano da pesquisa. As que atingiram um índice melhor assim se saíram porque boa parte de seus estudantes leram quatro livros durante o ano, não mais do que isso.
Chefe do Departamento de Letras da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maria de Jesus Carvalho Patatas afirma que uma das principais exigências de seu curso, por exemplo, é a leitura de obras nas mais diversas áreas do conhecimento.
“No curso de Letras temos uma política de determinar a leitura de livros”, disse. Porém, ela reconhece que a falta de interesse dos acadêmicos em geral é muito grande. “Só lêem o que é obrigatório”, lamenta.
Conforme Maria de Jesus, em 2010 a instituição federal iniciou um programa de tutoria, que visava a potencializar a leitura e a escrita de alunos interessados, especialmente dos que apresentam dificuldades. “Estamos mantendo o programa, mas são poucos os interessados”, comentou.
Assim como na vida acadêmica, Maria de Jesus observa que estudantes com pouca ou muita deficiência na leitura e na escrita vão enfrentar sérios problemas no mercado de trabalho, independentemente da área em que decida atuar.
Ela lembra ainda que o analfabetismo funcional é um reflexo da baixa qualidade do ensino, especialmente na Educação básica. “Estamos numa sociedade que abre Escola para todos, mas a Escola não se prepara ou não está preparada para receber toda essa demanda”, argumentou.
Realizada com base no ano de 2010, a pesquisa da Andifes mostrou o perfil do estudante de graduação das instituições federais brasileiras.
Conforme os idealizadores, o objetivo foi “buscar indicadores para formular políticas de equidade, acesso e assistência estudantil”. Visava ainda a contribuir para o avanço das políticas de inclusão e, assim, discutir, ampliar e melhor distribuir os recursos para a assistência estudantil.
Fonte: Diário de Cuiabá (MT)

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