segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Sem educação, nada

Historicamente, governo algum deu prioridade à Educação brasileira. Essa herança maldita vem desde o Brasil Colônia, passou pelo Império e na República, o script continuou o mesmo. E a solução real para uma Educação de qualidade não veio pela simples razão de que não é negócio para a turma do andar de cima, ganhar o voto de gente educada.
É mais fácil usar o velho expediente das bolsas esmolas e tanger o gado humano ignorante de seus direitos. Ainda prevalece a cultura - ou falta dela - de que quando um governante realiza uma obra qualquer, isso é visto pelo povo como um favor. Não é.
É apenas obrigação. Construir estradas, pontes, viadutos, Escolas, colocar água e esgoto, construir hospitais, aeroportos, enfim, tudo, é apenas obrigação do governante, pois foi para isso é que ele foi colocado onde está, e ganha muito pelo trabalho que devia fazer e muitas vezes não faz.
Foi a Educação e a cultura de povos como gregos, hebreus, americanos, ingleses, franceses, alemães, coreanos e tantos outros que mudou a história de suas nações. Para melhor, muito melhor, esclareça-se. No Brasil, a política é do clientelismo, do favorecimento, do fazer por favor, aquilo que é dever do governante fazer e direito do povo receber.
Temos ilhas de Educação de primeira classe. Mas é elitista. Herança do período imperial. No geral, falta aos responsáveis pela nossa Educação visão estratégica sobre o que é melhor, de verdade, para a classe estudantil. Falta gestão eficiente e equidade. Há um grande fracasso Escolar provocado pela reprovação, evasão e repetência.
Há ainda o despreparo de boa parte do professorado, que trabalha apenas por causa do salário, e não por de devoção ao que faz. Sabe-se que quem não ama o que faz, encara o trabalho como sacrifício. O resultado, claro, não é bom para ninguém.
Rui Barbosa, em sua campanha presidencial de 1915 já alertava que tudo o que o Erário gastasse com Educação ainda seria pouco. Ainda é pouco. Muito pouco.
Mas não se pense que o dinheiro, por si só, resolverá o problema. Precisamos de professores mais bem preparados, alunos motivados e pais participativos. Precisamos de que toda a sociedade seja envolvida nesse processo, pela simples razão de que, se fazemos parte do problema, fazemos parte, também, da solução.
Pra piorar, ainda há o grupo dos que acreditam que a solução é o nivelamento por baixo. Não é, não foi e nunca será. Quem vê de forma rasteira, jamais poderá contemplar o que está além das montanhas e estará condenado à aquela obtusidade córnea da qual falava Eça de Queiroz.
E a verdade é a seguinte: enquanto insistirmos em eleger e reeleger os semi-analfabetos, os desonestos, os que só pensam no interesse próprio, poderemos até ter alguma riqueza material.
Mas jamais seremos absolutamente nada, pela simples razão de quem não tem Educação de primeira qualidade, pode até pensar que é alguém, mas não é absolutamente ninguém.
Fonte: Diário do Amapá (AP)

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