segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A pedagogia do jeitinho

O Ensino público fundamental e médio, com raras exceções, agoniza no país. São Escolas desaparelhadas. Professores mal pagos (recebem, em média, os mais baixos salários do funcionalismo).
E Alunos desestimulados. Diante desse triste quadro, fica evidente que não há como as vítimas do nós pega o peixe competirem com estudantes de colégios particulares por uma vaga nas universidades federais. Logo, a solução seria investir na melhoria da rede oficial. Óbvio? No Brasil, não. É o que mostra projeto aprovado pelo Senado na terça-feira. Agora, falta apenas a sanção da presidente Dilma para que vire lei e, a partir de 2013, 50% das vagas nas federais sejam destinadas a quem cursou todo o Ensino médio em Escolas públicas. Não importa que a nota deles seja inferior à de Alunos igualmente pobres de uma instituição privada. Danem-se os pais que trabalham feito loucos para propiciar uma Educação de qualidade ao filho. Quem mandou se comportar como burguês? Saber? Conhecimento? Boa Formação? Esqueça. O que vale hoje no Brasil, cada vez mais, é a demagogia que rende votos.
Se o que se pretende é reduzir as desigualdades sociais no Ensino superior, que o governo transforme a Educação em prioridade e invista pesado na qualidade do Ensino fundamental e médio. Vai ser difícil fazer isso da noite pro dia? Vai. Então, enquanto essa revolução não vem, que tal bancar cursinhos pré-vestibulares para Alunos da rede pública? Um das fontes de financiamento pode ser a cobrança de mensalidade (com valor de mercado) dos ricos que hoje estudam de graça nas federais. Nada mais justo, não é não? 
Em suma: deixem de demagogia. Querem ver sobrar dinheiro para melhorar a Educação? Parem com a sangria ao erário: as indecentes mordomias dos políticos, o repasse de verbas aos partidos, a indústria das festas... E, sobretudo, instituam penas duríssimas contra o desvio de recursos dos cofres públicos. Dados da Transparência Internacional e da Fiesp apontam o Brasil como o país onde os corruptos mais roubam no mundo: R$ 70 bilhões anuais. Sejam implacáveis com esses ladrões. E verão que nunca antes na história deste país vai haver tanto dinheiro para reduzir as desigualdades.
Plácido Fernandes Vieira, in: Correio Braziliense (DF)

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