terça-feira, 21 de agosto de 2012

Ensino Médio vai mal

 

Se os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação básica (Ideb) de 2011 indicam melhora na qualidade nos primeiros anos do Ensino fundamental, os resultados não são animadores no Ensino médio. Entre 2009 e 2011, o Ideb dessa faixa subiu apenas 0,1 ponto, passando de 3,6 para 3,7 (o DF obteve 3,8, aquém da meta local, que era 3,9). A meta nacional esperada para o período (3,7) foi atingida, mas em nove estados o índice piorou em relação à edição anterior. Na comparação Ideb-2011 com Ideb-2009, considerando apenas as redes estaduais, caíram Rondônia (-0,4), Acre (-0,2), Pará (-0,2), Paraíba (-0,1), Alagoas (-0,2), Bahia (-0,1), Espírito Santo (-0,1), Paraná (-0,2) e Rio Grande do Sul (-0,2).
O ministro da Educação, Aloizio Mercadante argumentou que “in - ternacionalmente” o Ensino médio continua sendo um “grande desafio” para qualquer sistema educacional. Ele defendeu que o currículo da etapa precisa ser reformulado porque é muito sobrecarregado. Em algumas redes de Ensino, o total de disciplinas chega a 19. “É uma sobrecarga muito grande que não contribui para você ter foco nas disciplinas essenciais, como língua portuguesa, matemática e ciências.” Outro problema, para Mercadante, é a falta de Professores com formação específica para algumas áreas, como matemática e ciências, além da alta taxa de matrículas no turno noturno – 30% dos jovens do Ensino médio estudam à noite. Mercadante não quis falar sobre os resultados dos estados com Ideb inferior ao de 2009. “Vamos olhar essa informação e tentar tirar lições para avançar”, disse. O ministro aposta que a Educação em tempo integral pode ser uma “grande resposta” para melhorar a qualidade do Ensino. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) estipulou meta nacional de 5,2 para o Ensino médio em 2021.
Nem Fernão de Magalhães, aquele que queria chegar ao Oriente navegando pelo Ocidente, faria serviço melhor à Educação brasileira. O projeto de lei aprovado pelo Congresso que reserva um colosso de vagas universitárias a egressos do Ensino público caminha no sentido do velho Fernão. Quer dar melhores condições aos Alunos de Escolas públicas sem melhorar as próprias Escolas públicas. Na verdade, faz-se o contrário. Entre 2009 e 2011, o Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira do Ensino médio da rede pública, divulgado ontem, ficou estagnado. Significa que não houve evolução digna de nota na qualidade da rede.
O Ideb é o indicador que avalia a qualidade do Ensino com base em percentuais de aprovação e aprendizado dos Alunos. Embora a rede pública tenha mantido o mesmo Ideb, o conjunto do Ensino médio – re d e pública e privada – apresentou melhora. Isso, porém, só ocorreu pelo melhor desempenho das Escolas particulares, que abrangem apenas 12% das matrículas nesse nível educacional. É o contrário do que se pretende. O caminho correto seria melhorar a Escola pública, não partir para um ingresso facilitário na universidade.
Fonte: Jornal de Brasília (DF)

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