sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Desafio é valorizar e motivar os professores

Oitenta anos atrás, o Manifesto dos pioneiros da educação nova, que lançou as bases para uma escola pública de qualidade no Brasil, foi publicado. O documento, que até hoje serve de referência para a busca por melhorias no ensino, é simples ao mencionar o professor: "De todas as funções públicas, a mais importante". De 1932 par cá, entretanto, a carreira vem se tornando cada vez menos atrativa. Salários pouco expressivos, formação inadequada para encarar a sala de aula e falta de condições de trabalho formam o problema que o governo, nas três instâncias, precisa enfrentar.
"Não há dúvidas de que qualquer iniciativa que desconsidere a valorização do professor será incapaz de mudar o atual quadro da educação", afirma Romualdo Portela, professor de política educacional na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). De acordo com ele, o primeiro objetivo é garantir uma boa formação. "Vivemos um ciclo perverso, em que o aluno de baixo rendimento no ensino médio, formado geralmente pelo ensino privado de baixa qualidade, é o que vai para a sala de aula ser professor, perpetuando o ciclo", afirma.
A formação defasada do professor brasileiro pode ser atestada por números. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ligado ao Ministério da Educação (MEC), revelam que um em cada quatro docentes não tem a formação de nível superior. Apesar das iniciativas do governo federal, que oferece cursos de graduação e de aperfeiçoamento de professores, o número de matriculados ainda é baixo: cerca de 175 mil — aproximadamente 30% da quantidade de docentes sem o terceiro grau. Além disso, o índice de desistência é alto, aponta Heleno Araújo, dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que atua em Pernambuco.
"A média é de 32% de desistências em Pernambuco nos cursos da Plataforma Paulo Freire, para professores que não têm o nível superior. Entre as principais causas, está o fato de as aulas presenciais, quinzenalmente, serem em polos distantes de algumas cidades. Muitas vezes, o professor não tem nem dinheiro para o transporte. Outra coisa é o tempo. Como eles não são liberados de suas escolas, alguns não conseguem conciliar", diz Araújo. O MEC não soube informar o índice de abandono dos cursos ofertados aos professores.

Exercício de fé
Apesar das dificuldades, há professores brasileiros com fé na profissão. Uma pesquisa realizada em 2010 pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que 50% afirmaram que fariam a mesma escolha se pudessem voltar no tempo. A professora do ensino infantil Juciane Melo Cipriano, 44 anos, está nessa parcela. A realidade, muitas vezes desestimulante, não tirou o idealismo dos olhos dela. Ao falar dos desafios da profissão, que ela exerce há 25 anos, a voz embarga e os olhos enchem de lágrima. "Eu sou apaixonada pelo que faço, principalmente, porque consigo ver o resultado na vida da criança. O professor enfrenta obstáculos, mas com paixão a gente não desiste. Se você não acredita, melhor escolher outra profissão", afirma.
A receita de sucesso para fazer a diferença em sala de aula segue três passos simples: escutar, conhecer e conquistar o aluno. Apesar do otimismo, Juciane reconhece que o ensino no país ainda precisa avançar muito. Entre as críticas, a recém-eleita diretora da Escola Classe 111 Sul aponta problemas na infraestrutura dos colégios e na remuneração dos docentes. "Falta valorização da carreira. O professor não é visto da mesma forma que os outros profissionais com ensino superior. O próprio docente nem sempre se valoriza."
"De todas as funções públicas, a mais importante"
Referência ao papel do professor, segundo o Manifesto dos pioneiros da educação nova, lançado em 1932
"Vivemos um ciclo perverso, em que o aluno de baixo rendimento no ensino médio, formado geralmente pelo ensino privado de baixa qualidade, é o que vai para a sala de aula ser professor, perpetuando o ciclo"
Romualdo Portela, professor de política educacional

Duas perguntas para
Cesar Callegari, secretário de Educação Básica do MEC
O que pode ser feito para melhorar a formação do professor no Brasil?
É verdade que muitos dos que dão aulas nas diferentes áreas do conhecimento, como matemática, português e biologia, não têm formação adequada, não estão licenciados para isso. É um grande desafio, que precisa ser enfrentado. Já passaram 300 mil professores nos últimos cinco anos pelos programas Pró-Letramento e o Gestar, do MEC. Os grandes investimentos que serão feitos, de agora em diante, serão voltados à valorização do professor, pois precisamos atrair para o magistério os melhores entre os melhores, para termos uma educação de qualidade no Brasil.

E a questão salarial?
O estabelecimento do piso nacional é mais uma medida que tende a tornar a carreira do magistério atraente. Somos favoráveis, não apenas pela questão salarial, mas porque trata de um plano de carreira para os profissionais. Sabemos da dificuldade de estados e municípios e suplementamos, quando necessário, os recursos para a educação dos entes por meio do Fundeb. Acredito que estamos construindo uma série de motivações para parcelas significativas da juventude passarem a considerar a carreira de professor como uma opção real de vida e de trabalho. Hoje, a opção pelo magistério é secundária.
Fonte: Correio Braziliense (DF)

O segredo de bons resultados na rede municipal

Thaís Fernandes quer ser promotora de Justiça. Os sonhos da menina de olhos expressivos e brincos em formato de flor se constroem dentro da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental (Emeif) Mozart Pinto, no Benfica. Aluna do 5º ano, Thaís, de 10 anos, descreve a escola em que está desde a educação infantil lembrando das pessoas. Diz haver professores e coordenadores “comprometidos e sérios”, além de alunos que “gostam de estudar”.
Essa é a fórmula da escola - dita repetidamente por alunos, professores e gestores - para conquistar os melhores resultados da rede pública municipal de Fortaleza no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2011. As turmas de 5º ano obtiveram média de 5,6; já os alunos do 9º conquistaram 4,8. Os índices são maiores que as metas da escola e superam a média de Fortaleza para o 5º (4,2) e o 9º anos (3,5). O desempenho da Emeif Mozart Pinto, porém, não supera os das escolas com melhores resultados no Ceará.
Como O POVO mostrou no último dia 20, duas escolas alcançaram Ideb 8,1 no ensino fundamental I de Pedra Branca. As escolas de Ensino Infantil e Fundamental Cícero Barbosa Maciel e Sebastião Francisco Duarte, ambas na zona rural, ficaram em 12º lugar entre todas as instituições públicas de educação do País. Além delas, outras quatro escolas (de Itarema, Sobral, Mucambo e Fortaleza) estão entre as melhores do Brasil. O Colégio Militar da Capital alcançou nota 6,8..
Mas, afinal, como uma escola da rede pública de Fortaleza constrói um Ideb satisfatório? O somatório que provoca bons resultados é complexo, mas executável, dizem coordenadores escolares, especialistas e professores ouvidos pelo O POVO. Reúne gestão comprometida, acompanhamento pedagógico, formação continuada dos professores, participação familiar na vida escolar das crianças. Assim, chega-se à motivação do aluno; motivado, ele aprende e tem bons resultados.
A preocupação na Mozart Pinto, indica a diretora Antônia Eliane Sampaio Lima, é com alunos e professores. Como em toda a rede municipal, desde julho, os docentes ganharam tempo para planejar atividades e trocar experiências com outros professores. Além disso, pais e mães estão presentes na escola. “É uma parceria”.
Os alunos, comenta, são conscientizados da responsabilidade que têm sobre o próprio futuro. Para os que têm alguma dificuldade, a escola oferece acompanhamento pedagógico e reforço. “Temos laboratório, biblioteca, material. Tudo que uma escola particular tem. Damos suporte para o professor... É um trabalho conjunto”, destaca Eliane, conhecida entre professores e alunos pela cobrança de disciplina e comprometimento - fatores que contribuíram, dizem todos, para as conquistas da escola.

Renascimento
A série que transformou a Emeif José Estanislau Façanha primeira colocada entre as escolas municipais não é ofertada neste ano, mas as iniciativas para a conquista só crescem. O Ideb de 4,8 no 9º ano representou um renascimento para a instituição, que passou por períodos de crise no passado, com confusões entre alunos e até carência de material. Foi a “boa vontade” da nova gestão que causou a transformação, defende a professora Lúcia Jucá, do 5º ano. “E a comunidade percebe a mudança”, diz. A escola fica no Jardim Cearense.
A diretora Fabrícia Maria Gonçalves Gadelha diz que é o trabalho colaborativo entre direção, coordenação, secretaria da educação, família e aluno o gerador do bom índice. “A escola tem todas as ferramentas que a Prefeitura entrega, mas é a gestão que faz diferença; o pedagógico que faz diferença”. O acompanhamento de alunos e a formação continuada dos professores, com tempo de planejamento, somam para um bom resultado. “O aluno ganha com isso.”
Para o diretor da escola Professor Denizard Macêdo de Alcântara, Josa Carlos Vasconcelos de Lima, a transformação que provoca bons resultados é lenta, mas gratificante. A escola, que fica no Quintino Cunha, também alcançou nota 4,8 com a turma de 9º ano - também não mais ofertada em 2012.

Salto qualitativo
Ele conta que ainda é difícil atrair pais para o ambiente escolar. “Na comunidade, a educação é um produto, não um valor. Muitas vezes, os pais se preocupam se vai ter aula para saber se o filho vai ficar em algum lugar. “Quando o pai estiver preocupado para o filho não perder conteúdo, ai vamos ter salto qualitativo”, considera o diretor. Josa destaca que a escola procura garantir o protagonismo dos alunos no processo de formação. Para isso, procuram-se atividades extraclasse - como esporte e rádio-escola - e linguagem que façam parte do cotidiano do estudante. “O professor é um mediador. O jovem precisa ser protagonista”. O bom resultado em uma prova é consequência disso, avalia.
Fonte: O Povo (CE)

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Sugestões para melhorar o Enem

 

Em 7 de agosto, fomos recebidos em Brasília pelo presidente do Inep – órgão do MEC responsável por toda a logística do Enem –, Luiz Cláudio Costa para uma reunião de interlocução altamente técnica e que nos deixou esperançosos. Toda a sociedade anseia por um Enem sem problemas, após as trapalhadas ocorridas por motivos torpes, desonestidade de fraudadores e – até onde a vista alcança – por incúria de uma parte dos gestores.
Coordenamos uma equipe multidisciplinar de 11 professores, tendo como premissa básica serem educadores – sem qualquer interesse subjacente que não fosse o de contribuir por uma boa causa. Educadores caldeados na frágua da intensa convivência com alunos de escolas públicas e privadas, vários deles mestres, doutores e autores de material didático. E, de modo resumido, essas foram as observações feitas ao Inep (a íntegra está no site www.sinepepr.org.br):
Há excesso de contextualização, o que alonga o enunciado e deixa a sensação de um exa­­me demasiadamente extenso. Na área de­­ Ciências Exatas, em especial, há contextualizações forçadas e há demasia de aritmética (continhas), tangenciando apenas con­­teúdos mais profundos e de raciocínio lógico.
As 180 questões objetivas das quatro áreas do conhecimento valem apenas 50% da prova. Na outra metade, reina absoluta a redação. Até hoje, não houve nenhuma explicação para esse peso excessivo. A sugestão da equipe multidisciplinar é que as quatro provas valham 20% cada uma, mesmo valor que seria atribuído à redação.
O conteúdo programático está genérico demais; merece ser mais bem especificado e não tão abrangente. A grade curricular deve ser reduzida em 20% a 30%. Há penduricalhos desnecessários. Nenhum educador sério pretende fazer que o aluno do ensino médio estude menos, mas que empregue honestamente o seu tempo, preparando-se bem para as elevadas exigências futuras.
Tem-se como premissa que o tempo é insuficiente: 3 minutos, em média, para a resolução de cada questão. Julgamos que o número de 180 questões está adequado, pois diminuí-las compromete a abrangência e aumentar o tempo da prova levará o candidato à exaustão. A solução é reduzir parte dos enunciados desnecessariamente longuíssimos, e que o MEC assuma e divulgue amplamente que a administração do tempo é uma das habilidades exigidas.
Somos favoráveis à consolidação do Enem e à adoção de um currículo unificado para o ingresso nas universidades. Para este mister, que se contemplem doutores e mestres de nossas universidades, mas também professores do ensino médio, que diariamente honram o tablado de nossas salas de aula – os metros quadrados mais nobres da escola.
Ao término da reunião, o presidente do Inep anuiu que é necessário levar mais informações e melhor capacitar os professores das escolas; minha experiência pessoal reforça essa percepção, e na reunião relatei que, ao palestrar para oito escolas públicas da periferia de Curitiba, vi que os alunos estão minimamente instruídos não apenas sobre o Enem, mas também sobre o Prouni, o Sisu, o Fies e as cotas.
Os erros do passado permitem um doloroso aprendizado. O encontro – que, por ser o primeiro em toda­­ a existência do Inep, já diz muito – deu a sensação de que o Inep está ca­­minhando na direção certa. Há 5,8 milhões de candidatos inscritos pa­­ra o Enem 2012 que, além da esperança num futuro melhor, também carregam o fardo da incerteza­­ e da insegurança. É preciso removê-lo.
Jacir J. Venturi, vice-presidente do Sinepe/PR, in: Fonte: Gazeta do Povo (PR)

Novo Ensino Médio no País busca modelos

As mudanças curriculares no Ensino Médio, que começam a ser desenhadas pelo Ministério da Educação (MEC), não devem destoar do que já está sendo implementado no RS. Segundo a secretária-adjunta da Educação, Maria Eulalia Nascimento, o MEC ainda não tem uma proposta formatada para ser encaminhada ao Conselho Nacional do Educação e solicitou a colaboração dos estados. É o chamado "Pacto pela Valorização do Ensino Médio" que irá ajudar a consolidar esta mudança.
O governo federal, diz a secretária, definiu três pontos de partida para o debate. O primeiro é a substituição da Prova Brasil pelo Enem. Este, segundo o MEC, é feito por 1,5 milhão dos 1,8 milhão de alunos que estão concluindo o Ensino Médio e abrange todas as áreas do conhecimento. Já a Prova Brasil é restrita às áreas de Português e Matemática e, baseada em amostragem, atinge apenas 70 mil estudantes.
O segundo item é a criação de uma política para o Ensino Médio Noturno. "Precisamos de um tratamento diferenciado para alunos que estudam à noite porque trabalham durante o dia", salienta Maria Eulalia. E o terceiro e último ponto é o programa do livro didático. "Não podemos implantar projeto integrando áreas do conhecimento e encaminhar livros onde as disciplinas continuam fragmentadas", alerta.
Os itens apontados pelo ministério não impedem a principal mudança, acelerada em função do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) recentemente divulgado, e que revelou a fragilidade do Ensino Médio. "Precisamos de um novo currículo, mais flexível, menos fragmentado, tirando um pouco dessa sobrecarga de disciplinas", destaca o ministro Aloizio Mercadante. Segundo ele, o novo currículo deve ser organizado com base nas quatro áreas de conhecimento cobradas pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - Matemática; Linguagens; Ciências da Natureza e Ciências Humanas.
Sistema no RS
- EM Politécnico: com 200 horas a mais para seminários de integração entre as disciplinas.
- Curso Normal: para a formação de professores.
- EM Profissional integrado ao Médio: o aluno recebe também o diploma do curso técnico.
Fonte: Correio do Povo (RS)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Escolas da América Latina precisam avançar no uso de novas tecnologias

 

Há cinco ou dez anos, era comum que os sistemas educacionais se preocupassem mais com o conteúdo de seus programas acadêmicos do que com a forma de transmiti-los aos alunos. No entanto, o boom tecnológico dos últimos anos, com a democratização dos computadores e a invasão dos smart-phones e tablets, causou um salto na rotina de inúmeras casas e terminou com o script tradicional da relação entre lares e escolas.
Essa realidade traduz o problema que se colocou na maioria das escolas públicas e, em alguns casos, privadas. Como os alunos fora do horário de aula mantêm, às vezes, um vínculo patológico com a tecnologia, as salas de aula tradicionais transformaram-se em espaços próprios do tempo das cavernas.
Levantamento feito em conjunto pelos 11 jornais do Grupo de Diários América (GDA), do qual O GLOBO faz parte, revela que, apesar de cada país estar num estágio diferente na corrida tecnológica, há problemas comuns em quase toda a região. Entre eles destacam-se o ainda baixo acesso a computadores e à internet nas escolas e a falta de capacitação dos professores para usar ferramentas tecnológicas.
No caso do México, por exemplo, de um total de 198.896 escolas públicas no nível básico — elementar médio e superior ou primário e secundário —, 84.157 têm computadores, de acordo com estatísticas do governo.
— No entanto, apenas duas de dez escolas estão conectadas à internet — afirmou Nurit Carballo Martinez, do jornal “El Universal”.
As mesmas estatísticas mostram que, até junho de 2011, havia um computador para cada 25 usuários no México.
Na Colômbia, o programa governamental “Computadores para a educação” — iniciativa responsável por proporcionar equipamentos, conexão, softwares educacionais e formação de professores em relação ao uso da tecnologia e da internet para o ensino — tem sido capaz de beneficiar mais de sete milhões de crianças em todo o país, em 28 mil escolas públicas. Porém, ainda existem oito mil escolas que sequer têm um computador.
Na Argentina, o quadro não é mais animador. Os últimos dados disponíveis no Ministério da Educação daquele país indicam que, em média, existem 40 alunos para cada computador nas escolas argentinas, e somente 29% têm acesso à internet. Enquanto isso, no Brasil a estimativa é de que a média seja de 23 computadores por escola e que, destes, 18 estejam em funcionamento para atender 800 alunos.
No Peru, onde a população escolar ronda os nove milhões, só 19,8% dos estudantes de educação primária usam a internet. O mais alarmante é o lugar de acesso: apenas 8,3% das pessoas a partir dos 6 anos o faz na escola. Outros 56,1% acessam a internet em cabines públicas e mais 36%, em casa. No Chile, 9.680 escolas recebem subvenção estatal para usar tecnologia. Ainda assim, só 22 mil dos 140 mil docentes do sistema público estão capacitados para tal.
O Brasil ilustra bem o problema da capacitação docente para usar a tecnologia. Pesquisa com mais de 1.500 professores, divulgada em 2011 e feita pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), revelou que, para 64%, os alunos têm mais conhecimento que eles sobre o uso de novas tecnologias de informação, e 28% ainda preferem os métodos tradicionais de ensino. A NIC.br é uma entidade civil que implementa as decisões e projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil.
Um avanço considerado único na região foi o Plano Ceibal, desenvolvido pelo governo do Uruguai entre 2005 e 2010, que entregou um laptop a cada aluno das escolas públicas, maioria naquele país. Depois do projeto, quatro em cada dez lares com computador têm um do Plano Ceibal, o que significa 70% de penetração em nível nacional.
Segundo a consultoria Radar, entre 2001 e 2010 a inserção de PCs nas casas cresceu 85% em Montevidéu e 215% no resto do país. O acesso a um PC e à internet, no entanto, não está distribuído de maneira equitativa: em lares de nível socioeconômico mais alto, chega a 98%, e, nos de nível mais baixo, a 49%.
Fonte: O Globo (RJ)

INCERTEZAS SOBRE A EDUCAÇÃO

 

A frustração diante dos resultados educacionais tem levado o Ministério da Educação, nas últimas semanas, a apontar para a necessidade de mudanças estruturais no sistema educacional. Propostas concretas estão sendo apresentadas, como melhorias no Enem e uma nova organização curricular, especialmente para o Ensino médio.
É sabido que os modos de ensinar e aprender têm passado por profundas transformações que exigem da instituição Escolar outro jeito de ser e fazer. Os movimentos de transformação não vêm apenas dos órgãos oficiais, mas ganham força nos apelos dos Professores e, sobretudo, na força que nasce do interior da sala de aula, ou seja, a expectativa dos estudantes por mudanças no currículo e nas metodologias de Ensino-aprendizagem.
A condição da cultura contemporânea é movediça, inconstante. Eis a dificuldade, não é possível normatizar o tempo e diariamente surgem situações desconhecidas que proliferam em meio a um panorama de incertezas. É o tempo da fragilidade, da debilidade do sujeito e das instituições. Diante desse panorama incerto, as propostas do Ministério da Educação oferecem uma resposta possível, especialmente na reorganização curricular não mais em disciplinas, mas em grandes áreas do conhecimento. Mas quem será o protagonista na implantação do novo modelo? O diretor da Escola? O pedagogo? O Professor? O estudante? Independentemente de quem lidere, é evidente que mesmo uma Educação que coloque o estudante no centro da aprendizagem não prescinde do Professor como mediador fundamental nesse processo.
A mediação do Educador junto aos seus educandos, auxiliando nas conexões entre aquilo que propõe o currículo e a aprendizagem vinculada com competências e habilidades necessárias para a vida real, o aqui e o agora, é peça-chave. Nessa perspectiva, antes de qualquer mudança estrutural no sistema educacional, como daremos conta de uma nova formação acadêmica aos Professores? Antes da Educação básica, ou pelo menos em paralelo, são os cursos superiores de formação de Professores que precisam de renovação. É lá que os currículos estão mais defasados e o conhecimento disperso. Um novo Ensino médio sem uma nova formação universitária não levará a Escola a percorrer nenhuma trajetória que já não tenha sido experimentada. É hora de reinventar-se a Educação em todos os níveis.
Alexander Goulart, in: Zero Hora (RS)

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Educação é mais eficaz que assistencialismo

O ex-presidente Fernando Henrique costuma dizer, com razão, que o Brasil não é pobre, mas injusto. Há várias provas disto. A última se encontra no trabalho "Estado das cidades da América Latina e Caribe", da ONU-Habitat, no qual o país aparece como o quarto de pior distribuição de renda da América Latina, superado, apenas, em ordem decrescente, por Guatemala, Honduras e Colômbia.
O caráter da injustiça nacional fica evidente ao se comparar a mazela ao fato de o Brasil ter subido no ranking de PIBs mundiais, estando entre os seis primeiros. Mas já foi pior. Em 1990, o país liderava a lista da desigualdade continental. 
Nestes 12 anos, todos reconhecem, avançou-se muito - mas não o bastante - no combate às disparidades de renda. A política de recuperação do poder aquisitivo do salário mínimo e as ações de transferência de renda, iniciadas na Era FH e radicalizadas a partir de Lula, são a mola mestra da mudança para melhor. 
Mas não foi o bastante porque não se deve considerar positivo ter uma distribuição de rendimentos pior que Nicarágua, Bolívia e até Venezuela. Claro que índice de repartição da renda entre a população não pode ser considerado termômetro absoluto da situação de um país. A Venezuela, por exemplo, tem uma inflação crônica acima dos 20% e um regime que desmantela de maneira competente seu parque produtivo. Cuba, outro exemplo, deve ter boa distribuição de renda, reflexo de uma pobreza socializada equitativamente. 
Porém, não se pode subvalorizar o indicador. Nem supervalorizar a melhoria do cenário social brasileiro. Ela foi importante, mas, apesar das dezenas de bilhões de reais gastos todo ano com transferências de renda, via Bolsa Família e por meio do sistema previdenciário (Loas e aposentadoria rural), o Brasil está longe de ter uma distribuição equivalente à de El Salvador. 
Além de se reconhecer a injustiça do padrão de desenvolvimento brasileiro, é preciso apontar responsabilidades, causas. O economista Marcelo Neri, da FGV, especialista em políticas sociais, diagnostica que Bolsa Família, aposentadorias e pensões previdenciárias respondem por apenas um terço dos avanços. O resto se deve à renda do trabalho. 
Quer dizer, não será - nem tem sido - pela via da tutela de um Estado assistencialista que o Brasil terá uma repartição de renda política e socialmente aceitável, mas pelo aprimoramento da mão de obra, em todos os níveis, função direta da qualidade da Educação - quesito em que o Brasil tem sido reprovado. 
Explica-se, portanto, por que, apesar de todo o esforço feito desde a redemocratização no resgate da "dívida social", ainda há ponderável saldo a ser pago. A constatação precisa não apenas reforçar o consenso nacional em torno da prioridade no resgate do Ensino público básico, mas levar o Estado brasileiro a dar mais velocidade e abrangência aos projetos voltados à Educação.
Fonte: O Globo (RJ)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Educação contra a desigualdade

 

Vinte milhões de brasileiros foram resgatados da pobreza nos últimos cinco anos. Mas, apesar do avanço na distribuição de renda, em toda a América Latina e no Caribe, o Brasil só não é socialmente mais injusto do que Guatemala, Honduras e Colômbia. Isso, numa região em que as cidades são as de maior taxa de desigualdade do planeta. Para aumentar a vergonha, quatro brasileiras, intercaladas pela capital colombiana, estão nos cinco primeiros lugares desse ranking. São elas: Goiânia, Fortaleza, Bogotá, Belo Horizonte e… Brasília. As informações são do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), que também traz notícia boa: há potencial para superar a pobreza. No caso do Brasil, ressalve-se que éramos campeões da desigualdade em 1990. O que não livra o governo da obrigatoriedade de levar a sério e analisar em detalhes o retrato feito pela ONU. Mesmo que alguns números do estudo estejam defasados — como afirmou ao Correio o chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas, economista Marcelo Neri —, a imagem de um país injusto está escancarada em esquinas, praças e calçadas de nossas cidades.
Tanto que o encurtamento da distância entre ricos e pobres, em evolução há 12 anos, levou a presidente Dilma não a conformar-se, mas, ao contrário, a estabelecer como meta a erradicação da pobreza. E, se a crise internacional dificulta o desafio, também o torna mais urgente. Em primeiríssimo lugar, para garantir a sua sustentabilidade, qualidade do esforço nacional de combate à desigualdade que pode estar em risco. Afinal, programas como o Bolsa Família têm resultados limitados. 
A única solução capaz de inaugurar um ciclo verdadeiramente virtuoso, a Educação padece de males históricos no país. Professores mal remunerados, desestimulados e, em regra, sem o devido preparo se somam a currículos pouco atraentes e a Escolas de infraestrutura precária, carentes de bibliotecas, laboratórios, computadores, redes de internet sem fio. Nem sequer entramos na era do Ensino em tempo integral, há décadas cobrado por nossos mais célebres Educadores, como Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro. 
Não à toa, no ano passado, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) — que considera expectativa de vida, Escolaridade e renda per capita — do Brasil foi 0,718 ( numa escala de 0 a 1): apenas o 84º entre os de 187 países estudados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). É mais uma foto do atraso. Ainda mais se considerarmos que em 2010 o país atingiu seu mais baixo nível de desigualdade de renda em 50 anos. 
O que pesa? A Educação. Hoje, só 27% dos brasileiros, segundo o Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf), são plenamente alfabetizados, mesma situação de 2001. A precariedade do Ensino aparece inclusive entre os de nível superior, universo em que 38% têm dificuldades para ler e escrever. Embora ruim, a Escolaridade faz a diferença na hora de definir os salários, podendo responder por cerca de 70% do valor. Portanto, o caminho indubitável é investir no Ensino de excelência.
Fonte: Correio Braziliense (DF)

domingo, 26 de agosto de 2012

Ministra critica aprovação de meta de 10% do PIB para a Educação


A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, criticou hoje (28) a aprovação pela Câmara dos Deputados da meta de investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação. A meta foi incluída no projeto de lei do Plano Nacional de Educação (PNE) que estabelece 20 metas educacionais que o Brasil deverá alcançar no prazo de dez anos.
Os dados mais recentes indicam que o país investe 5,1% do PIB em educação. “De 2003 até agora nós pulamos de 3,5% para algo em torno de 5% [do PIB]. Alguém acredita na possibilidade efetiva de a gente poder pular de 5% para 10% em dez anos?”, indagou.
A proposta apresentada pelo governo definia uma meta de 7,5%. Mas houve grande pressão dos movimentos sociais e de parte dos parlamentares da comissão criada para analisar a matéria para que esse patamar fosse maior. Na terça-feira (26), com apoio dos deputados da base do governo, a Câmara aprovou por unanimidade 10% do PIB em educação. Ideli avaliou que a proximidade com as eleições acabou "inflando bastante a expectativa".
Além do aumento no investimento em educação pública, o PNE prevê a ampliação das vagas em creches, a equiparação da remuneração dos professores com a de profissionais com formação superior, a erradicação do analfabetismo e a oferta do ensino em tempo integral em pelo menos 50% das escolas públicas. Todos os objetivos terão que ser alcançados no prazo de dez anos, a contar da sanção presidencial. O projeto de lei do PNE segue agora para avaliação e votação no Senado Federal.
Fonte: Agência Brasil

sábado, 25 de agosto de 2012

Educação para a vida sustentável

 

Se há um conceito que está na boca de muita gente, mas poucos realmente o praticam, é o termo sustentável. Segundo o dicionário Aurélio, sustentável é algo capaz de se manter mais ou menos constante, ou estável, por longo período. Vida sustentável é algo muito mais profundo e comprometedor, pois trata de valores universais e profundos, sem limite temporal ou espacial. Fato é que manter viva a vida não é algo simples e rápido que, uma vez feito, não precisa ser revisto ou atualizado. A vida, em todas as suas manifestações, para ter garantida sua sustentabilidade, requer cuidados humanos compatíveis com as "outras vidas" que constituem o planeta, cujo padrão de desenvolvimento deve envolver o ecologicamente correto, o economicamente viável, o socialmente justo e o culturalmente diverso.
A preocupação com a sustentabilidade da vida ganhou força na década de 1980, quando a ONU encarregou a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, de chefiar a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento com o objetivo de retomar a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo, em junho de 1972. Coube a ela aprofundar o tema e produzir um relatório que apontasse possibilidades "pacíficas" de convivência entre as necessidades sociais e as econômicas. O documento, apresentado em 1987, ficou mais conhecido como Relatório Brundtland, enquanto o nome oficial era Nosso futuro comum. Nele se propôs o desenvolvimento sustentável: "aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas necessidades".
A ex-primeira-ministra, presente na Rio+20, foi enfática ao dizer que "as situações sobre as quais voltamos a falar, e as mudanças que julgamos como necessárias, são as mesmas mensagens que viemos repetir no Rio, 25 anos depois". Para ela, é necessário sair do discurso e investir na mobilização da sociedade global para garantir o comprometimento das nações com as propostas do documento final da Rio+20, que renova o compromisso com o desenvolvimento sustentável, fundamental para a vida no planeta. Para tanto, é preciso educar "uma nova geração de estudantes nos valores, disciplinas-chave e abordagens holísticas e multidisciplinares essenciais para a promoção do desenvolvimento sustentável".
A educação se coloca, então, como principal via para dar oportunidades às pessoas de se tornarem cidadãos do século 21, ou seja, de desenvolver as competências necessárias para viverem num mundo em que as formas de ser, conviver, conhecer e produzir sejam, cada vez mais, definidas por padrões sustentáveis. Trata-se não somente de ampliar o acesso aos conhecimentos básicos, mas principalmente de pensar o currículo das escolas em torno da sustentabilidade da vida, em que educadores comprometem-se com o sucesso dos alunos e com seu próprio desenvolvimento profissional, e estudantes assumem o papel ativo na história de sua vida e na de sua comunidade.
Em sua formação, crianças e jovens precisam aprender a ser criativos e curiosos, a resolverem problemas cotidianos, a acessarem e selecionarem informações e a posicionarem-se criticamente enquanto cidadãos, mas sua educação plena deve incluir valores e atitudes para que possam colaborar com os outros, respeitar as diversidades culturais, religiosas e políticas e entenderem que a vida no planeta vai depender de vivermos com o "suficiente para todos e para sempre".
Mudar a postura fundamental de cada um diante de si mesmo, dos outros e da natureza não é tarefa fácil, mas também não é tarefa impossível. Em 2011, por meio de parceria com a Nestlé e diversos governos estaduais e municipais, o Instituto Ayrton Senna levou à escola pública um projeto com foco na educação para a vida sustentável. O eixo dessa aprendizagem foi o cuidado — cuidar de si, cuidar do outro, cuidar da coletividade, cuidar do meio ambiente e da Terra. Professores foram orientados e apoiados, com materiais específicos, no desenvolvimento do tema de forma transversal em sala de aula.
O projeto mobilizou cerca de 500 mil alunos do ensino fundamental de redes públicas de ensino que adotam programas educacionais do instituto, suas famílias e mais de 20 mil educadores em 1.197 escolas das cinco regiões do Brasil, ou seja, todo o bioma brasileiro estava representado.
Essa experiência demonstrou que é possível levar para as escolas, em larga escala, a educação para o desenvolvimento sustentável. Para tanto, em 2012 o projeto ganhou força e duplicou sua mobilização: serão mais de 1 milhão de alunos envolvidos. Mas o sucesso dessas práticas depende principalmente de políticas educacionais que integrem esse tema ao cotidiano da escola, com educadores preparados para trabalhá-lo na rotina educacional, em contínuo processo de reflexão e ação no respeito pela vida, presente e futura.
Inês Kisil Miskalo e Maria Regina Baroni, in: Correio Braziliense (DF)

ESTUDO MOSTRA COMO JOVENS INFLATORES AVALIAM A ESCOLA


Apesar de o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) assegurar o direito ao acesso amplo e irrestrito à educação por todos os jovens, incluindo os em conflito com a lei, as escolas públicas brasileiras têm dificuldade em incluir e integrar os adolescentes que cometeram atos infracionais, possibilitando que eles permaneçam na instituição.
Um estudo realizado por Aline Fávaro Dias no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) identificou alguns dos fatores que facilitam ou dificultam a permanência na escola de jovens infratores. O trabalho ganhou o Prêmio Crefal de Melhores Teses sobre Educação de Pessoas Jovens e Adultas, edição 2011, concedido pelo Centro de Cooperação Regional para a Educação de Adultos na América Latina e no Caribe (Crefal) - um organismo internacional de cooperação na área de educação, apoiado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O estudo também resultou em um capítulo de um livro organizado por Dias e publicado no fim de maio. No estudo, Dias, que é graduada em psicologia, realizou entrevistas e acompanhou seis adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em regime de liberdade assistida pelo Programa de Medidas Socioeducativas em Meio Aberto de São Carlos, com o intuito de compreender o significado que eles atribuem às suas vivências escolares.
Dias constatou que, em geral, os adolescentes - que apresentam baixa escolaridade e histórico de repetência, expulsão e evasão escolar - veem a escola de uma forma ambígua. De um lado, apesar de a escola ser avaliada por eles como um espaço onde são estigmatizados, excluídos e rotulados, por outro lado, a instituição também é vista por esses jovens como um ambiente de socialização, onde podem fazer amizades, paquerar e namorar. Já o conteúdo escolar é considerado como desinteressante e algo secundário.
"Eles invertem a função da escola. O aprendizado, que é considerado primordial para a escola, carece de sentido para eles por não conseguirem ver uma aplicação prática no dia a dia do conteúdo que aprendem, e a sociabilidade passa a ser o aspecto mais importante", disse Dias.
Segundo a psicóloga, além da falta de vínculo do conteúdo escolar com a realidade, outros fatores que contribuem para essa percepção invertida dos jovens infratores sobre a escola são o próprio envolvimento desses adolescentes em atos infracionais, que faz com que se distanciem da instituição, além da baixa escolaridade dos pais e a dificuldade da instituição escolar em lidar com eles. "De modo geral, as instituições de ensino possuem pouca informação sobre o ECA e sobre quais são as medidas socioeducativas previstas para um jovem que cometeu um ato infracional", disse.
Em função dessa carência de informação, as escolas tendem a excluir e a rotular esses jovens - que podem possuir maior dificuldade de aprendizagem e de relacionamento com os colegas - como perigosos ou a responsabilizá-los por tudo o que acontece de ruim na instituição, como atos de vandalismo.
"A escola acaba vendo esses jovens como problemáticos e que talvez se não estivessem ali seria melhor. É muito comum a prática de expulsão e transferência compulsória desses adolescentes, passando o problema de uma escola para a outra e não resolvendo, de fato, a situação deles", disse Dias.
Segundo ela, a maioria dos jovens em conflito com a lei tem dificuldade de encontrar vagas nas escolas, fazendo com que desistam de estudar ainda no ensino fundamental. "Eles reconhecem que a escola e o estudo são importantes, mas mesmo reconhecendo isso não conseguem permanecer na instituição", afirmou.
Fonte: Terra

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Resultados do Ideb decepcionam

 

O Ministério da Educação acaba de divulgar os dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação básica) de 2011, para todas as Escolas e municípios brasileiros. O que os números mostram? Será que o Brasil está evoluindo como esperávamos no campo educacional?
Na verdade, os resultados foram bastante decepcionantes. O maior avanço no Ideb entre 2009 e 2011 ocorreu nos anos iniciais do Ensino fundamental. Entretanto, grande parte desse resultado ocorreu devido ao aumento das taxas de aprovação, que formam um dos componentes do Ideb. O outro componente, aprendizado, avançou muito pouco. A figura mostra, por exemplo, a evolução da média das notas das redes públicas de Ensino do país (sem ponderação pelo número de Alunos de cada rede). Podemos notar que houve uma nítida desaceleração no ritmo de crescimento do aprendizado dos Alunos entre 2009 e 2011, tanto em língua portuguesa como em matemática. O mesmo ocorreu com língua portuguesa nos anos finais do Ensino fundamental. O único componente do Ideb que continua avançando (lentamente) é matemática nos anos finais desse ciclo. No Ensino médio, a situação é mais crítica, pois em grande parte das redes houve diminuição do aprendizado entre 2009 e 2011.
Com as condições favoráveis, a redução no crescimento do aprendizado é bastante preocupante.
Vale notar que as metas do índice foram fixadas para alcançarmos em 2022 a média que os países da OCDE tinham em 2005. Mas, esses países também estão avançando. A Coreia do Sul, por exemplo, avançou em leitura e ciências no mesmo ritmo que o Brasil entre 2000 e 2009. A diferença é que enquanto a Coreia tinha apenas 2% dos Alunos com nível abaixo do crítico em matemática em 2009, o Brasil tinha 38%. Assim, o fato de estarmos desacelerando o ritmo de crescimento da qualidade é preocupante, especialmente se quisermos competir com os países desenvolvidos com base na produtividade do trabalho.
Devemos nos preocupar com a melhora nos índices de aprovação dos Alunos? Não, porque essa melhora significa que as redes estão formando mais Alunos sem perder a qualidade, ou seja, a população está ganhando em anos de Escolaridade. O Ideb foi construído dessa forma para evitar que as redes aprovassem somente os melhores Alunos, inflando artificialmente sua nota no índice. Ainda há espaço para aumentar o Ideb dessa forma, pois nos anos iniciais da rede pública a taxa de aprovação média está em 90%, nos anos finais em 82% e no Ensino médio em 78%. Vale notar que na rede privada a taxa de aprovação é de 95%.
Entretanto, a desaceleração no ritmo de crescimento do aprendizado é bastante preocupante, especialmente tendo em vista as condições que favoreceram as gerações mais novas nos últimos anos. Em primeiro lugar, houve o aumento na frequência da Pré-Escola, que passou de 43% em 1996 para 75% em 2009. A geração que está chegando ao 5º ano do fundamental beneficiou-se de ter começado a estudar antes, o que comprovadamente melhora o desempenho Escolar. Além disso, a renda familiar per capita aumentou 70% entre os 20% mais pobres entre 2001 e 2009 e a Educação das mães também se elevou significativamente nesse período. Por fim, a mobilização da sociedade em torno da Educação tem aumentado muito nos últimos anos.
Por outro lado, algumas mudanças na gestão educacional, como o foco na Alfabetização, já vêm surtido efeitos. Devemos notar, por exemplo, o aumento significativo no aprendizado observado nos anos iniciais da rede pública dos estados de Tocantins, Ceará, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Vale destacar, em particular, o município de Sobral no Ceará, cujo índice aumentou 3,3 pontos entre 2005 e 2009, sem variações na taxa de aprovação, mas com aumentos extraordinários nas notas de português e matemática. No caso da cidade do Rio de Janeiro, houve aumento significativo de aprendizado entre 2009 e 2011, refletindo os avanços na gestão do sistema ocorrido nos últimos anos. Vale notar também o aumento nas notas do Ensino médio ocorrido tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, na contramão do resto do país.
Por outro lado, o desempenho no Ensino fundamental na cidade de São Paulo deixou a desejar, tendo aumentando apenas 0,7 nos anos iniciais do ciclo entre 2005 e 2011, tanto na rede estadual como na municipal, ritmo bem menor do que o observado no Brasil como um todo. O desempenho foi ainda pior nos anos finais desse ciclo. A cidade de São Paulo está ficando para trás. Precisamos urgentemente melhorar a Educação de São Paulo se quisermos torná-la um polo internacional de negócios. O que os candidatos a prefeito têm a dizer sobre isso?
Naercio Menezes Filho, in: Valor Econômico (SP) 

Para especialistas, reduzir disciplinas do ensino médio é "ridículo"

 

Os números do Ideb 2011, divulgados ontem pelo Ministério da Educação, trouxeram novas cores a uma antiga crise, instalada há décadas no ensino médio brasileiro. Na última terça-feira, porém, contrariado por ter de anunciar uma notícia negativa, o ministro Aloizio Mercadante tirou uma solução mágica da manga: reduzir o número de disciplinas obrigatórias – atualmente elas são 13 – na rede pública. “O aluno precisa focar nas disciplinas tradicionais, como matemática, português e ciências”, explicou o ministro. Em outras palavras, já que os alunos não aprendem, o ministro Mercadante quer parar de ensinar. Para especialistas, a medida seria desastrosa. “Se o objetivo é melhorar somente o Ideb, excluamos todas as disciplinas e deixemos apenas português e matemática, as únicas avaliadas pelo índice”, ironiza Romualdo Portela de Oliveira, doutor em educação e professor da Universidade de São Paulo.(USP). “Do ponto de vista educacional, porém, isso é ridículo.”
Segundo Portela, grande parte das deficiências apresentadas no ensino médio se deve ao desinteresse dos alunos pelo que é lecionado. Consequências, diz, de um "currículo que não resolve as angústias da vida real” do estudante. “Podemos ‘enchê-lo’ de português e de matemática, mas de nada adiantará se o currículo não for significativo para o aluno”, defende.
A pesquisadora Regina Lúcia Luz de Brito, professora-doutora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) defende um redesenho curricular, mas sem a simplificação proposta por Mercadante. “Todas as disciplinas são fundamentais na formação do jovem”, afirma. “A educação tem que ser vista como um todo, não algo compartimentado para melhorar os índices de uma prova.”
Por conta da complexidade do currículo escolar, é no ensino médio também que, segundo os educadores, os gargalos da educação básica ficam mais evidentes. Em 2011, por exemplo, o Brasil registrou taxa de 13,1% de reprovação nesta fase(entre escolas públicas e privadas), a maior desde que os números começaram a ser divulgados – em 1999.
O mau resultado no Ideb reforça isso: nove estados tiveram quedas na nota na comparação com 2009 e outros sete se mantiveram estagnados. Até mesmo na região Sul, que sempre se destaca pelos bons índices, houve retrocesso na nota, de 4,1 para 4.
A proposta estapafúrdia de Mercadante é só outra tentativa atabalhoada do MEC de alavancar as notas. A anterior, adotada após o Ideb de 2009, apontava na direção totalmente oposta. À época, o MEC criou o Programa Ensino Médio Inovador (Proemi), que estimulava as escolas a oferecer mais disciplinas, de preferência alternativas nos campos de trabalho, ciência, cultura e tecnologia. O programa ampliava a carga horária. “A ideia era testar um sistema mais atrativo”, lembra Portela. “Na prática, acabou ampliando o que não funciona.” Como provam os números do Ideb 2011.
Fonte: Veja.com

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Mostrando a Língua - 58

Diqueiros do meu Brasil,
Apertem os cintos que o pessoal de Matemática está 'botando frente'! Como são estudiosos e bons 'perguntadores'. Vejam as duas 'consultas, pela ordem de recebimento e as repostas , logo depois da dúvida:

1- DE SALVADOR TAVARES:
Edinaldíssima,
Saudades! na dica de hoje quando você escreveu as abreviaturas de profª e Ltda notei que você não registrou o ponto.
Ele não é necessário? Tenho usado esses exemplos para justificar para os meus alunos a necessidade do uso de ponto nos numerais ordinais 1º., 2ª. etc.
Luto para que não coloquem um traço sob o o (nos ordinais masculinos) ou sob a vogal a (nos ordinais femininos) mas o ponto por ser abreviatura. Estou errado?
Beijos,
Salvá

Oi, salvá e meus diqueiros!
Vc está corretíssimo. Exite o ponto , sim e para ser usado. Suas representações 1º., 2ª. estão, portanto, perfeitas, tanto do ponto de vista matemático quanto do da Língua Portuguesa.
Obrigada por me lembrar e permitir que todos os diqueiros tenham acesso à nova e correta informação, sim?
Bjs da Edinaldíssima

2- DE GILMARA BARCELOS
Didi,
Há dias estou para te perguntar se é errado abreviar abraços = abs e atenciosamente = att. Pesquisando na internet encontrei que as abreviações são:
Abraços = abrs
Atenciosamente = at.te, (atte.)
É isso mesmo? As duas formas estão corretas? Ou não? 

Mais ou menos.as abreviaturas são normatizadas pela abl que define o seguinte:
Atenciosamente-at.te (como vc viu)- a outra forma atte. É uma cópia do inglês attentively (tudo a ver com att.). De qualquer forma, acho linda e elegante a forma expandida atenciosamente (parece que realmente damos atenção especial àquela pessoa, né?)
Abraços- abs - não está normatizada pela abl. Por isso, vemos tanta variedade. Tb prefiro a forma expandida- a palavra é curta! E o mais intrigante é que há pessoas que fazem um texto gigantesco no email, mas ...economizam na hora do abraço!!! Eu, hein!
Abraços expandidos pessoal, até quarta,
Edinalda

Avançamos, mas é preciso mais

 

Os resultados revelados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2011 não deixam dúvidas de que o país alcançará a meta prevista para 2021 no que se refere aos anos iniciais do Ensino Fundamental. O Brasil alcançou o Ideb de 5,0, e se continuar nesse ritmo chegará ao 6,0, previsto para 2021. É bom lembrar que à medida que o país evolui, as dificuldades são maiores. De fato, os resultados de 2011 indicam que a superação de metas pode ser mais facilmente alcançada quando se está com Idebs mais baixos. Por exemplo, 70,2% das escolas com Ideb até 3,7 alcançaram as metas previstas para 2011; por outro lado, apenas 24,2% das escolas com Ideb 6,0 ou mais tiveram esse mesmo êxito.
Ainda em relação aos resultados dos anos iniciais do Ensino Fundamental, é importante destacar o salto dado pelo estado do Ceará, que se afastou definitivamente da região Norte e Nordeste do Brasil na área educacional, chegando agora às regiões Sul e Sudeste. Destas regiões vale destacar os resultados alcançados pelos estados de Minas Gerais com Ideb 5,9 e o de Santa Catarina com 5,8, que estão bem próximos daqueles correspondentes aos dos países da comunidade europeia.
Já nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio a situação brasileira é bem diferente, diria mesmo muito preocupante, em particular o Ensino Médio. O crescimento do Ideb nos anos finais do Ensino Fundamental é muito discreto, quase não se percebe. No Ensino Médio, o país simplesmente estagnou, e o pior num patamar muito baixo. E estagnação em Educação significa retrocesso. Entretanto, mais uma vez, destaque para o estado de Santa Catarina, que obteve os melhores resultados no Brasil para essas duas etapas da Educação Básica.
No Ensino Médio, doze estados não alcançaram as metas previstas para 2011, e outros pioraram seus resultados, como o Rio Grande do Sul. Esses números revelam que quando o currículo se torna multidisciplinar e demanda formação inicial docente mais especifica, o país não consegue sair do lugar. Cabe ao Ministério da Educação, em colaboração com os governos estaduais, a quem cabe prioritariamente esta oferta educacional, estabelecer uma agenda estratégica para o Ensino Médio.
Dos resultados do Ideb 2011, fica também evidente que quatro estados precisam de uma maior atenção: Maranhão, Alagoas, Sergipe e Pará, que não conseguem avançar no processo educacional.
Para um Brasil de todos, é preciso uma Educação de qualidade para todos. Esse é o desafio que se coloca e se impõe à nação brasileira, e não há mais tempo a perder.
Fonte: Estadão.edu

Segredos do ensino exemplar

 

Das 20 Escolas do Ensino fundamental (anos iniciais e finais) mais bem posicionadas no Ideb, divulgado na terça-feira, 15 delas localizam-se em municípios de colonização alemã e italiana.
Ainfluência da colonização europeia pode auxiliar a compreender o desempenho das Escolas com melhores índices no Desenvolvimento da Educação básica (Ideb).
Das 20 Escolas do Ensino fundamental (anos iniciais e finais) mais bem posicionadas, 15 estão sediadas em municípios colonizados por italianos e alemães.
Outra coincidência é o tamanho das cidades. Com exceção de um colégio em Porto Alegre, outro em Santa Maria e duas Escolas em Bento Gonçalves, as outras 16 instituições funcionam em municípios com população inferior a 70 mil habitantes.
Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Maria Carmem Barbosa salienta que uma análise mais profunda dependeria de mais informações acerca do funcionamento de cada Escola, mas destaca o papel dos colonizadores.
– Ao longo da história, alemães e italianos sempre deram importância para a Educação. A primeira coisa que as duas etnias fizeram quando chegaram ao Estado foi construir Escolas e igrejas – opina Maria Carmem.
Para a Professora, a pujança da rede federal, com Professores de alta qualificação, especializados e mais bem pagos, explica o destaque recebido pelas Escolas militares na Capital e em Santa Maria.
Com relação à população, Maria Carmem acredita que o convívio próximo entre as comunidades reduz as chances de abandono.
– É provável que haja menos evasão e repetência e mais colaboração entre as famílias – complementa.
Pesquisador e também Professor na Faculdade de Educação da UFRGS, Juca Gil salienta a importância étnica, mas relativiza o tamanho das cidades na interpretação do fenômeno. Gil sustenta que nem sempre as notas das Escolas em municípios pequenos ou médios coincidem com as avaliações de toda a rede.
– Provavelmente, as Escolas em destaque sejam históricas, mais centrais, enfim, Escolas de elite dentro dos próprios municípios. É preciso estudar melhor os casos – interpreta Gil.

Situação é de alerta no Rio Grande do Sul
Os dados do Ideb, divulgados na terça-feira pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), explicitam um quadro sombrio. Nos anos iniciais do Ensino fundamental, quase todos os Estados e o Distrito Federal superaram as metas. As exceções foram Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, que apenas igualaram a meta – de 5,1. Nos anos finais do Ensino fundamental, o desempenho do Estado foi tímido. Além de não atingir o Ideb buscado, que era de 4,3, o resultado obtido, 4,1, iguala o registrado em 2009.

Professor valorizado e atividades extraclasse
O Colégio Militar de Santa Maria (CMSM) tem nota e estrutura de dar inveja a muitas Escolas e um currículo que privilegia atividades extracurriculares. Os Alunos têm aulas durante a manhã com as disciplinas curriculares. À tarde, funcionam os clubes, com orientação pedagógica para a prática de xadrez, além de estudos da astronomia, meteorologia, robótica e relações internacionais – de um total de 18 opções oferecidas a Alunos com bom desempenho Escolar. Os grêmios preparam os estudantes para ingresso em carreiras militares.
– Um dos caminhos é a qualificação dos Professores – explica o Coronel Antonio Eleazar de Moraes, diretor de Ensino do colégio.
A qualificação influencia na valorização dos Professores desde o salário inicial, com base na hierarquia para os Professores militares e no piso de carreira fixado pelo Ministério da Defesa para os Professores civis de cerca de R$ 5 mil. Em torno de 3,4% dos Docentes têm doutorado e 40,6%, mestrado. Simulados ajudaram na preparação para a prova do Ideb e na conquista da nota 6,8.

Profissionais, pais e alunos empenhados
Três pilares sustentam o resultado da Escola Municipal de Ensino fundamental Santa Cruz no Ideb. São eles: Professores qualificados, Alunos empenhados e participação dos pais e da comunidade de Nova Milano.
A Escola de Farroupilha, fundada em 1924 no berço da imigração italiana do Estado, mantém métodos de Ensino tradicionais. Tem uma boa e conservada estrutura física, apesar de funcionar em um prédio com mais de 50 anos. A receita do desempenho que alcançou média 6,8 não tem ingrediente especial:
– Fazemos o arroz com feijão, mas bem feito. O que faz a diferença é o conjunto: poder público apoiando, Professores engajados e o trabalho da comunidade – ensina a diretora Luciana Zanfeliz, Professora há 23 anos na Escola.
Quem prepara um feijão bem feito, além de polenta com molho, é Catia Simone Macedo, 38 anos. Sorte da filha Victória Macedo, 11 anos, aluna do 6º ano, que tem a comida da mamãe também na Escola. A merendeira estudou no colégio e, mesmo não morando mais em Nova Milano, fez questão de matricular as filhas na instituição e procurar emprego na comunidade. A estimativa é de que cerca de 20% dos Alunos venham de outras regiões da cidade. A Escola é disputada por conta da qualidade do Ensino. A filha de Catia dá mostras do engajamento:
– É como se a Escola fosse uma família, porque a gente sempre se ajuda. Eu quero fazer isso também quando crescer, porque a Escola vai continuar fazendo parte da nossa vida.
Para responder à prova do Ideb, os Alunos da Santa Cruz não tiveram preparo especial. Mas um currículo diferenciado desde o início da formação pode ter sido fundamental para os Alunos da 8ª série se saírem bem.
– Privilegiamos o português e a matemática em nossa grade. Somos uma Escola tradicional, mas modernizada, com informática, laboratório e outros recursos – revela a diretora.
“Nossa escola é a melhor do RS”
A alegria se espalhou no início da tarde de ontem pelos rincões de uma cidadezinha encravada nas montanhas entre Guaporé e Nova Prata, do noroeste gaúcho. Eram crianças que chegavam em casa depois da aula, aos gritos de “nossa Escola é a melhor do Rio Grande do Sul”: havia se espalhado a notícia de que Vista Alegre do Prata entrara no mapa do Ensino fundamental mais gabaritado do país.
Os sorrisos também ficaram escancarados nos funcionários da Escola Municipal Giuseppe Tonus. Mas havia um certo sarcasmo naquelas bocas entreabertas. Eles pareciam saber que isso um dia aconteceria.
Doze anos atrás, a construção da Escola havia abalado as comunidades rurais. Cada uma delas contava com pequenos estabelecimentos de Ensino, com um só Professor, responsável também pela limpeza e pelos serviços burocráticos. Eram liceus deficitários, mas amados pelos moradores. A prefeitura sentiu a amargura que se abateu sobre essa população. Assim mesmo, tocou adiante o projeto de centralizar a Educação em uma só Escola. Batizou-a com o nome de um dos pioneiros de Vista Alegre do Prata e tomou para si a missão de transformar a Educação em um orgulho da cidade.
O desafio era descomunal para um município de 1.596 habitantes, com poucas indústrias, basicamente rural. Ainda assim, a secretária municipal de Educação, Rosa Rigo Treviso, insiste que não houve mágica. Ano após ano, a prefeitura aplica mais do que os obrigatórios 25% do orçamento em Educação. Em 2009, foram 29%. Em 2011, quando os Alunos do quinto ano fizeram a Prova Brasil (que forma o Ideb), R$ 1.326.454,54 irrigaram o setor. Não parece fácil.
Apesar de a secretária de Educação insistir que não há mágica, existem, sim, alguns segredos. Além do investimento na área educacional, a secretaria não decide nada sozinha. Tudo passa pela comunidade Escolar. Outro trunfo é a continuidade dos programas educacionais. A base se mantém. Com isso, a Escola obtém evasão zero. Tem repetência zero. Tem nota 8,2 no Ideb do Ensino fundamental (nos iniciais), a melhor do Estado.
– É só colocar todo o dinheiro que é da Educação na Educação. Porque o que muda o mundo é a Educação – afirma a secretária Rosa.
Fonte: Zero Hora (RS)