É praticamente impossível falar de escola e não lembrar do quadro, o negro ou a lousa (mais moderna), da chamada oral, da hora do exercício que é quase sinônimo de momento de descontração. São atividades comuns na Educação Básica, mas que podem representar horas ‘desperdiçadas’ em sala de aula. Enquanto o mestre desenvolve essas tarefas, os alunos muitas vezes conversam, relaxam, se distraem e a aula perde produtividade.
Uma pesquisa do Banco Mundial, realizada em três Estados (Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais), revelou que no Brasil se perde até dois meses de aula com tarefas não didáticas. O estudo não trouxe dados da Paraíba, mas visitando escolas da capital é possível verificar que essas práticas são comuns, sobretudo nas instituições públicas, que precisam cumprir critérios como frequência escolar do aluno.
Além disso, ainda não dispõem, em quantidade, dos mesmos recursos tecnológicos que as escolas privadas. Na Escola Estadual de Ensino Médio Liceu Paraibano uma das mais conceituadas da Paraíba, a professora Verônica de Sá Andrade, que leciona português para turmas de 55 alunos de Ensino Médio, contou que em quase todas as aulas há chamada oral e que gasta aproximadamente dez minutos com a prática.
“Para falar a verdade, tem dias que não dá tempo. Na maioria das vezes, eu explico o conteúdo e o tempo em que eles estão anotando o que tem no quadro eu aproveito para fazer a chamada”, contou. Ela disse ainda que registrar a frequência é importante, pois, “de repente pode acontecer algo com o aluno e a gente não tem como saber o porquê dele não estar vindo”.
Outro método utilizado para aproveitar o tempo em sala de aula é não copiar tanto e ‘explorar’ os livros. A professora de História, Fátima Souza, também funcionária do Liceu Paraibano, revelou que dos 45 minutos que dispõe para a aula, 15 são gastos copiando no quadro o esquema que guiará a aula e outros dez para chamada e para os alunos copiarem.
“O restante (20 minutos) eu uso para explicação e deixo um tempo para eles tirarem dúvidas”, comentou. A professora destacou que a escola possui um data show e um retroprojetor para otimizar e diversificar as aulas, mas nem sempre “podemos usar esse material, pois ainda existe a necessidade desse espaço escrito e oral. Trabalho, na minha disciplina, com as relações humanas”.
No colégio municipal Frei Afonso, a equipe de educadores e os alunos contam com sala de leitura, um laboratório de informática completo – com uma média de um computador para cada dois alunos, inclusive com televisão, data show, câmera fotográfica, de vídeo, recursos de mídia em geral. Mas é uma sala para usufruto de todas as turmas de Ensino Fundamental.
A supervisora pedagógica e professora do Ensino Fundamental da instituição, Sarah Danielle, reiterou, também, que a frequência não só é necessária (pelas exigência do Ministério da Educação), mas também é o momento para o mestre conhecer cada aluno.
O quadro, para ela, também é uma ferramenta essencial para o estudante visualizar o que é mais importante na aula. Porém, as explicações são feitas utilizando diversos recursos, como os textos trazidos pelos professores e o material didático padrão. Cada turma no Frei Afonso possui de 22 a 30 alunos e aulas de 45 minutos.
Jornal da Paraíba (PB)
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