Quando governos misturam questões técnicas com as questões políticas, é quase certo que não vai dar certo. O Brasil, grosso modo, sempre tratou a questão educacional com um viés político, seja de direita, seja de esquerda. O que é bom, é bom, independentemente de ser de um ou outro espectro político. Com o que não é bom, ocorre a mesma coisa.
No caso brasileiro, desde sempre, a Educação jamais foi levada a sério pelo Estado.
A Educação entre nós, sempre foi tratada com o objetivo de formar currais eleitorais onde e quando for possível e necessário. Afinal de contas, manter o gado humano em currais eleitorais, dependentes das esmolas oficiais, sempre rendeu mais votos, do que convencer o cidadão bem educado a votar neste ou naquele candidato, por ser aquele que tem perfil de honestidade e competência exigidos para quem deseja governar pelo bem do povo e não em benefício próprio.
Vejamos alguns números: se, de um lado, chegamos perto da universalização da Educação fundamental, por outro, vamos muito mal, na qualidade e no acesso às demais etapas do ensino. A taxa de escolarização no Ensino Fundamental alcança 94,9%. Ótimo. Mas, como explicar que no Ensino Médio essa taxa caia para apenas 50%? Alguma coisa, evidentemente, vai mal, muito mal.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em relatório de 2010 elogia ações do Brasil para universalizar a Educação básica. Ao mesmo tempo porém, aponta que as taxas de repetência e atraso escolar estão bem acima da média mundial.
Quanto ao desempenho dos brasileiros nas provas internacionais é baixíssimo. Tradução: ainda que na direção certa, o Brasil ainda precisará andar muito para alcançar o primeiro grupo dos países com bom desempenho educacional.
E o problema não começa na escola. Começa muito antes, em casa. Isso porque, o brasileiro lê, em média, apenas quatro livros por ano. Enquanto isso, países como a Argentina leem 17 e os países ditos de Primeiro-Mundo, mais de 40. Ou seja, a distância a ser percorrida até alcançar o topo da montanha da Educação e cultura não é apenas grande. É enorme.
Solução, é claro que as temos. Mas, se depende muito do governo, depende de nós, também. Se cada um adotar o saudável hábito de ler, nossos filhos e netos lerão mais e melhor. E ainda que alguns não acreditem, quem não lê, pode eventualmente ter tudo. Mas não será absolutamente nada. E se acreditarmos um dia, que ser é melhor que ter, nesse dia o mundo será um lugar muito melhor para se viver.
Diário do Amapá (AP)
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