Em meio a tantos, é possível definir o maior problema da Educação? Quando falamos de Educação, estamos falando de Escola, principal função é construir conhecimentos e desenvolver a capacidade de continuar aprendendo. O principal instrumento para aprender é a leitura. Portanto, ensinar a ler – isto é, alfabetizar – é o primeiro e maior desafio da Escola.
Mas a escola pública não tem conseguido fazer isso para a maioria da população. Qualquer um sabe diferenciar uma criança que sabe ler e escrever de uma que não sabe. Basta fazer um ditado ou dar-lhe um livro para ler. Nas Escolas particulares, as crianças concluem o 1º ano lendo e escrevendo. Por que na Escola pública isso não ocorre? Conhecemos as explicações: “Cada criança tem seu tempo, é preciso respeitá-lo”; “não existe idade certa para alfabetizar”; “é preciso deixar a criança descobrir sozinha e não atropelá-la com instruções...”
Nada disso, porém, condiz com as evidências científicas acumuladas nas últimas décadas pelos cientistas do mundo todo que estudam como as crianças aprendem a ler e escrever e quais as estratégias mais eficientes para promover essa aprendizagem. O Brasil começa a despertar, lentamente, para o problema. Diversos municípios e algumas redes estaduais – notadamente as de Sergipe e Ceará, no Nordeste – têm desenvolvido políticas de alfabetização mais eficientes. Mas isso ainda não é a norma. E nem todas as iniciativas produzem iguais resultados.
A Prova Brasil mostra que metade dos alunos do 5º ano não sabe ler e escrever textos simples. O país patina na alfabetização devido a dois problemas. O primeiro é a descaracterização do que significa alfabetizar. Aquilo que qualquer pai ou mãe sabe identificar e deseja — ou seja, que seu filho aprenda a ler e escrever no 1º ano de Escola— passou a ser objeto de especulações entre os educadores. Alfabetizar passou a ser confundido, por exemplo, com ser capaz de compreender um texto... E com isso se perdeu a noção de que a criança deve ser alfabetizada no 1º ano.
O segundo problema é a questão do método. O Brasil leva 30, quase 40 anos, sem dar orientações consistentes nessa área, como se método de alfabetização não fosse importante. A maioria dos professores não tem formação mínima para alfabetizar e as cartilhas distribuídas pelo MEC são um descalabro. As universidades continuam omissas e desatualizadas.
Após anos de inércia, o país começa a despertar. Neste ano, o Brasil foi palco de vários seminários nacionais e internacionais onde mais de 50 cientistas de seis países apresentaram suas pesquisas sobre alfabetização. Dia 10 de agosto, dois deles darão palestras em Jaboatão dos Guararapes, falando das evidências científicas sobre quais as metodologias mais eficientes para se alfabetizar, segundo estudos feitos no mundo todo. Eles devem trazer importantes contribuições para as redes de ensino interessadas na eficácia da alfabetização.
Diário de Pernambuco (PE)
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