segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Duas décadas de avaliações e o que aprendemos?

Temos utilizado este espaço nos últimos dias para chamar a atenção para as contradições produzidas no âmbito da Educação no Tocantins. De uma maneira surpreendente, ultimamente a Educação no estado tem sido objeto de discussão e está presente nos principais veículos de comunicação do Estado. 
Desde quando foram implementados os sistemas de avaliação da Educação pelo Ministério da Educação (MEC) o Tocantins não figura nas melhores posições em relação aos demais entes federados e na tentativa de se contrapor ao óbvio, os secretários de Educação estadual reiteradamente argumentaram e continuam argumentando que aqui os investimentos são altos e os salários dos professores são os mais bem pagos do país, numa clara tentativa de imputar aos professores a responsabilidade pelos resultados negativos.
Quanto à remuneração dos profissionais da Educação, em pesquisa recente divulgada pela Unesco feita em 40 países, o Brasil tem o terceiro pior salário para um professor em início de carreira, cerca de US$ 5 mil por ano.
Segundo dados do estudo, enquanto na Alemanha o rendimento anual de um professor chega a US$ 30 mil por ano, no Brasil não passa de US$ 10 mil no auge da carreira.
Em Portugal, por exemplo, o salário anual de um professor chega a US$ 50 mil. A pesquisa mostra ainda que em países vizinhos, como a Argentina, um professor em inicio de carreira recebe cerca de UU$ 22 mil por ano.
Os números revelam que, na verdade, os profissionais da Educação no Brasil são mal remunerados e o Tocantins não é uma exceção neste contexto o que ocorre neste caso é que dentro de um cenário de baixos salários o Estado tem melhor colocação.
A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) divulgou na última quarta-feira, o resultado do Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Tocantins (Salto), que avaliou o desempenho dos alunos do 5º e 9° ano do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio em língua portuguesa e matemática.
Os testes mostraram que 81,3% dos alunos do 5º ano, 91,38% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental e 97,12% dos alunos do 3º ano do ensino médio nas escolas públicas estaduais não atingiram a pontuação mínima na avaliação que era 5,0 pontos.
Os dados são preocupantes, mas não surpreendem, visto que as avaliações nacionais vêm mostrando esta realidade ano após ano no Estado do Tocantins.
O  Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi implantando em 1998, anterior a ele o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica  (Saeb) -foi instituído em 1990, portanto o surpreendente é a incapacidade dos governos em utilizar os dados produzidos pelas avaliações para desenvolver políticas públicas educacionais eficazes.  
Instrumentos e evidências que mostram que a Educação passa por sérios problemas não faltam. No discurso oficial a análise dos resultados do Salto é permeada pelo senso comum em considerar que o fato do Tocantins praticar um dos melhores salários do país e que nossa infraestrutura é a melhor da Região Norte, que é precária, são suficientes para justificar a fragilidade e inconsistência das políticas de Educação do Estado, que ao longo de sua história ainda não conseguiu construir um sistema de ensino sólido, com características próprias, ao invés disto tem se feito a opção por projetos e programas paliativos que não demonstram ser suficientes para fazer frente as demandas da Educação no Tocantins.
A priori, o que se percebe no tratamento dos resultados desta avaliação no Tocantins, evidenciado nas falas dos gestores escolares e da Seduc, que a busca de justificativa para a implantação das escolas de tempo integral em prédios sem condições estruturais, reforçando um equívoco, aumentar a permanência do aluno na escola, sem uma reflexão que leve em conta o currículo, as condições de trabalho e a formação dos professores para atender uma proposta pedagógica diversificada.
Outra medida e um segundo equívoco é a adoção de políticas meritórias que não resultam em melhoria de qualidade educacional.
Jornal do Tocantins (TO)

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