Se bem entendo pela experiência vivida, a Educação começa pela formação de atitudes, tantas vezes ausente na esfera familiar. A observância das relações interpessoais neutralizando as discriminações, o desrespeito, o individualismo, remete-nos à certeza de que uma outra Educação é possível.
O lado emocional do professor desempenha papel significativo no ofício de educar, por isso nem sempre a qualidade do ensino está atrelada às metodologias pedagógicas, mas certamente transcende os limites da razão e do emocional.
Ninguém pode oferecer o que tem de melhor quando a angústia bate às suas portas pela desvalorização do seu “eu”, enquanto o descrédito aos seus méritos são questionados e leiloados em pregões.
Méritos, todos os mestres têm. Tanto aqueles com formação acadêmica mais qualificada exigida pela profissão quanto aqueles que ainda não tiveram a oportunidade para alcançá-la plenamente.
A obra de Paulo Freire nos fala de “uma compreensão integral do ser humano, sua história, suas possibilidades, suas condições econômicas, sua emancipação social e cultural”.
Quando existe conhecimento, mas faltam autoestima e valorização, os conflitos, a incompreensão, os desenganos, geram a derrocada dos sentimentos por mais puros que sejam.
E o que vemos agora? Os rumos da qualidade do ensino, em discussão por quem desconhece o regulamento das Escolas; por quem nunca pisou numa sala de aula de Escola pública; por quem se capacita a debater as questões de Educação, aleatoriamente, porque nunca foram professores. Educação e ensino são tarefas do professor.
Se é que existe um consenso sobre a relação “baixa qualidade de desempenho Escolar versus recursos para as exigências da Educação”, por que as históricas mudanças não acontecem? Afinal, a Educação é prioridade dos governos ou discursos, temas e promessas de campanhas eleitorais? Acredito na segunda hipótese.
O argumento financeiro é um mero jogo de cena de quem descumpre a constitucionalidade do piso nacional para docentes, votado pelos juízes do Supremo Tribunal Federal, mais alta instância jurídica do país.
Arcar com essa consequência terá um preço bem mais alto do que o piso nacional. Melhorar a Educação significa abrir novos caminhos ou reconhecer os espaços pelos quais o Rio Grande do Sul, com muito orgulho, já conquistou em passadas épocas.
A construção do conhecimento é coletiva, pertence à história, é produto da cultura, mas a construção dos valores morais é individual e pertence à formação do caráter na dimensão de suas experiências.
Volte para as Escolas públicas o uso do uniforme, ora jogado no baú, para que nossos jovens frequentem as aulas dignamente vestidos e as meninas cubram os seios e os umbigos de fora, em sala de aula. Voltem as exigências de conduta que orientem esses jovens a construir uma formação para a cidadania.
São inúmeras as Escolas particulares que se alinham nestes conceitos, independentemente de suas orientações e crenças, mas protagonistas de um processo educativo de formação moral.
Essa é uma visão possível de transformação cultural de compreender a Educação como perspectiva de um “salto de qualidade” que certamente acontecerá para privilégio de uma sociedade que espera pela mudança de mentalidades.
Zero Hora (RS)
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