sexta-feira, 9 de março de 2012

A culpa é do tamanho do Brasil

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, colocou no tamanho do Brasil a culpa pelos problemas com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Durante audiência ontem na Comissão de Educação do Senado, o ministro afirmou que riscos, como o de vazamento de dados ou extravio de provas, sempre existirão pela abrangência e tamanho do exame.
- O MEC não tem culpa de o Brasil ser tão grande e diverso. São 140 mil salas, 400 mil pessoas fiscalizando. E tem de ter um sigilo absoluto. O risco logístico sempre haverá - disse Mercadante sobre o exame, que classifica de um "critério republicano" de acesso à universidade.
O ministro demonstrou preocupação com a concentração na procura de determinados cursos, e deu como exemplo o fato de que 41% dos estudantes buscam cursos como Enfermagem, Direito e Pedagogia, entre alguns outros. Mercadante apontou deficiência na formação de matemáticos, físicos, químicos e, principalmente, engenheiros. Ele afirmou que será criado um programa especial para aumentar o número de engenheiros no país.
O ministro também afirmou que há um déficit no número de médicos. A relação atual, segundo Mercadante, é de 1,7 médico para cada mil habitantes, enquanto em Cuba, por exemplo, essa relação é de 6,9 médicos. Mercadante defendeu, por várias vezes, a destinação de recursos do pré-sal para a Educação.
Entre os esforços para a melhoria do ensino público, o ministro da Educação falou sobre a distribuição de tablets para alunos e professores da rede pública, e sobre o desafio que os professores têm de lidar com as novas tecnologias.
- O quadro negro é um instrumento do século XVIII. O professor, do século XX. E os alunos, do século XXI. Somos analógicos, e eles, digitais. Se todos os professores vão dominar, não sei. É um mundo novo, mas todos precisamos dominar - disse.
O BNDES aprovou ontem um empréstimo de R$ 1,5 bilhão para que o Senai praticamente duplique o número de vagas para cursos profissionais até 2014, chegando a 4 milhões por ano. Esses recursos se somarão a outros R$ 400 milhões, do próprio Senai, que além de abrir mais vagas para formação profissional, vai ampliar sua rede, com a construção de 53 novos Centros de Formação Profissional, seis institutos de Tecnologia, sete institutos de Inovação e 79 unidades móveis.
As 32 escolas já existentes também serão modernizadas. Menina dos olhos do governo Dilma Rousseff, o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) conta em grande parte com os cursos oferecidos pelo Senai, que em 2014 responderá por 50% das vagas que o programa pretende oferecer.
Diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, aponta o ensino profissionalizante como o "passaporte para o futuro" da maior parte da população brasileira.
- Os 90% da população que não vão para a universidade ficam desarmados, sem um plano B. Os moleques estão muito despreparados e se dão muito mal na vida. Aquele que chegou ao 3º ano do ensino médio já é um herói da resistência porque 2/3 dos meninos que entraram no 1º ano do ensino fundamental, abandonam antes do 9º ano. O Pronatec é uma iniciativa da presidente Dilma extremamente importante, que tem a percepção de corrigir os dramas da nossa matriz educacional. Tem uma concertação muito inteligente - avaliou.
Fonte: O Globo (RJ)

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