Quanto mais o professor se qualifica mais ele ficará preparado para enfrentar a sala de aula. A opinião é do professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Ged Guimarães, ao rebater afirmação do secretário estadual da Educação, Thiago Peixoto, que acredita que existe uma distância entre o que se aprende na academia e a sala de aula. Entrevistado no Face a Face, espaço interativo do POPULAR no Facebook, ontem, o titular da pasta disse que nem sempre o conteúdo do mestrado e doutorado é voltado à realidade que os professores vão encontrar no exercício da sua função.
Para Ged, “as questões ligadas ao chão da Escola” serão melhor pensadas pelo professor quando ele tiver mesmo uma formação teórica eficiente. Segundo o professor, quando o profissional estuda, ele melhora a visão do mundo e tem condições de pensar sua realidade de forma crítica. “Se isso não ocorre, ele começa apenas a repetir o que vê na TV, o que ouve do colega e o que lê no livro”, diz.
E a busca pela qualificação profissional pode ser comprometida, na opinião de Ged, com a extinção da gratificação de titularidade do Plano de Cargos e Salários dos profissionais da Educação do Estado. Essa, inclusive, é a principal reclamação dos professores, que estão em greve há 35 dias. “Quando se tira a gratificação, se tira o estímulo ao estudo e à pesquisa”, frisa.
Com a falta de estímulo à qualificação, sobra para o professor agora o estímulo pela produtividade. “Quem trabalhar mais vai receber mais”, pondera o professor, acreditando que isso pode ser uma faca de dois gumes. Isso porque, segundo diz, quanto mais o professor é forçado a permanecer em sala de aula, menos tempo ele terá para ler, pensar a realidade, visualizar o problema do aluno e buscar soluções para esses conflitos.
“Trabalhar no limite para conseguir alcançar a gratificação de produtividade não tornará o professor um profissional melhor. Ao contrário, poderemos ver um autômato em sala de aula, cansado e carente de cultura”, pondera Ged.
E as tentativas dos professores da rede estadual de ensino de reverterem as mudanças no plano de carreira da categoria ainda não se esgotaram. Segundo a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sintego), Iêda Leal, representantes da entidade serão recebidas amanhã de manhã pelo secretário da pasta para apresentar o resultado da última assembleia da categoria, que decidiu manter o movimento grevista. “A categoria deu início às negociações com o governo, mas ainda não houve acordo”, frisa.
Durante o encontro, Iêda afirma que a classe vai deixar claro que as negociações não estão avançando e que não aceita a proposta de criação de uma comissão para estudar, em 40 dias, uma proposta para os professores. “Queremos uma resposta mais rápida”, afirma, acrescentando que além de modificar o Plano de Cargos e Salários à situação original, os professores querem parte dos salários cortados pelo governo.
Fonte: O Popular (GO)
Nenhum comentário:
Postar um comentário