Com o objetivo de cultivar nas Escolas públicas a cultura da informação sobre o mundo dos alunos, a PUC entrou no universo de 5.100 estudantes de nove instituições de ensino: seis da Gávea e três da Rocinha.
E descobriu que, dos cerca de três mil estudantes das nove escolas municipais, 85% moram na Rocinha, 5% no Parque da Cidade, e os demais no Vidigal, na Cruzada São Sebastião, e, como filhos de porteiros, em prédios da Gávea e do Leblon.
Os departamentos de sociologia/política e de Educação, com apoio do de informática, não só esquadrinharam os dados como fizeram pesquisas qualitativas, com idas às casas dos pais.
- No nosso caso, ao analisarmos os números levantados pela PUC, descobrimos que nossa escola tinha um grande número de repetentes. Fizemos uma autocrítica e chegamos à conclusão de que temos de trabalhar melhor esses alunos - disse Sandra Maria Lima, diretora da Escola Municipal Manoel Cícero, na Gávea.
Os números da pesquisa, afirma o professor Marcelo Burgos, do departamento de sociologia e política, traçam uma espécie de perfil coletivo dos alunos.
As informações dos locais de moradia confirmam a migração dos alunos de classe média em meados da década de 80 para as escolas privadas. Mas, para a professora Fernanda Antunes, elas podem esquentar alguns debates.
- Na década de 80, eu estudava em Escola pública, e vi a migração de vários amigos para as Escolas particulares e passei a conviver com outras realidades. Isso me ajuda em sala de aula. Mas vejo que colegas meus, egressos de colégios privados, têm preconceito contra alunos de favelas - disse Fernanda, que dá aulas para o segundo ano do ensino fundamental da Manoel Cícero.
O professor Marcelo Burgos concorda:
- No caso das Escolas das Zona Sul, Norte e Centro, que atendem basicamente a alunos moradores de favelas, o trabalho a ser feito é o de transformar o padrão de relação que essas instituições têm com as favelas. Este padrão tem agravado a situação de segregação urbana que caracteriza a relação da cidade com essas áreas.
- No caso das Escolas das Zona Sul, Norte e Centro, que atendem basicamente a alunos moradores de favelas, o trabalho a ser feito é o de transformar o padrão de relação que essas instituições têm com as favelas. Este padrão tem agravado a situação de segregação urbana que caracteriza a relação da cidade com essas áreas.
Fonte: O Globo (RJ)
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