A cidade do Rio de Janeiro, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem quase um milhão de jovens entre 15 e 24 anos. Esta parcela da população, segundo levantamento do Rio Como Vamos, anda carente de atenção em áreas fundamentais para a melhoria da qualidade vida. Apesar de investimentos recentes em saúde, Educação e segurança, ainda há muito o que fazer no município nestas áreas.
Dados da Secretaria estadual de Educação sobre a situação do ensino médio na capital, analisados pelo RCV, não são nada animadores. Nas 277 escolas da rede no município do Rio, o abandono escolar vem piorando desde 2008. Dos 171 mil alunos matriculados em 2010, cerca de 34 mil deixaram de estudar.
A região que apresentou menor evasão foi a de Vila Isabel: dos sete mil alunos matriculados, 331 deixaram os estudos. No entanto, a única escola de ensino médio localizada na Cidade de Deus, que tem cerca de 500 matrículas, perdeu nada menos que 171 alunos, ou seja, 34,2% dos estudantes.
Os índices de reprovação não se alteraram na cidade do Rio, nos últimos anos. Madureira é a região com o pior cenário: tem 24 escolas de nível médio e mantém 26% de reprovação, ao ano, desde 2006. Ao todo, 4,5 mil jovens repetiram de ano em 2010. O quadro também é preocupante em relação à distorção idade-série.
Apesar de ter ocorrido redução no número de estudantes com pelo menos dois anos de atraso escolar, em 2008 eram 136.581 alunos nesta situação. Foram registrados 123.754, em 2009, e 113.712, em 2010.
A gravidez na adolescência é uma das causas conhecidas para o abandono escolar. Os indicadores permaneceram estáveis durante cinco anos. Dados coletados pelo RCV mostram que, de 2006 a 2010, 17% dos bebês nasceram de mães adolescentes no Rio. Só em 2010 foram 13 mil meninas grávidas. Na Cidade de Deus, por exemplo, quase 30% dos bebês nascidos vivos são filhos de jovens mães.
Ter que trabalhar para ajudar nas despesas de casa também faz parte da realidade de muitos adolescentes que, nem sempre, conseguem manter a dupla jornada. As dificuldades podem levar ao abandono escolar e, ao deixar a sala de aula, o jovem fica ainda mais distante da possibilidade de conseguir um emprego formal.
Para tentar estimular os adolescentes e oferecer a eles uma orientação profissional, o consultor Ruben Klein, da Fundação Cesgranrio, defende a inclusão de cursos ou aulas extras, integrados ao currículo do ensino médio, que ajudem a conectar os estudantes ao mercado de trabalho.
Após as aulas tradicionais, eles passariam algumas horas em laboratórios especializados de enfermagem, informática, mecânica, eletrônica, entre outras especialidades. Nesse contexto, a carga horária total deveria ser dividida com essas atividades, durante o dia.
Questões como segurança e precariedade dos transportes também afetam a frequência nos cursos, especialmente os noturnos, ainda que as condições de segurança tenham melhorado na cidade. Segundo dados do RCV, houve uma ligeira queda nos homicídios juvenis masculinos: foram 1,2 mil casos, em 2007, e 950, em 2010. Copacabana, Anchieta, Irajá, Pavuna e Maré estão entre as áreas mais críticas.
Em termos de ocupação profissional, os números apurados pelo RCV mostram que 35% da população jovem da cidade (314,5 mil) estão em empregos formais. Destes, 108.524 estrearam no mercado de trabalho em 2010.
A média salarial dos jovens, em 2010, era R$922, com um aumento de R$125 em três anos. A maioria dos empregos novos gerados vem do setor de serviços, com 37.718 vagas, seguido pelo comércio, com 18.953, e construção civil, com 4.347.
Para o Rio Como Vamos, o desafio está lançado: a cidade precisa oferecer oportunidades justas aos jovens, para que eles possam se desenvolver e chegar ao mercado de trabalho plenamente.
Para Mauricio Blanco do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), a escola está tão ruim, tão irreal, que os jovens vão embora, porque sabem que aquele emaranhado de matérias não leva a nada e eles precisam aprender coisas que os aproximem da realidade.
Fonte: O Globo (RJ)
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