O início do ano letivo nas Escolas faz com que novas turmas se formem ou que novos alunos se juntem aos antigos colegas. Independentemente da idade dos estudantes, as salas de aula ficam repletas de alunos com grandes diferenças entre si: da estatura até a forma de se vestir e se expressar. Essas diferenças superficiais são pouco expressivas quando comparadas com as características individuais de cada um, como personalidade e história de vida. Sempre me incomodou a busca por homogeneização na sala de aula. Em algumas instituições de ensino é preciso que o estudante passe por rigoroso teste de avaliação de conhecimento para comprovar se está apto ou não a se matricular em uma determinada turma, com alunos com inteligência considerada acima do normal. Lidar com estudantes com propensões a aprender rápido pode ser estimulante em um primeiro momento, mas talvez essa seleção não cumpra o verdadeiro papel da Educação. Educar é reunir-se com professores e coordenadores para planejar o ano letivo com base na diversidade de perfis da turma. É considerar que em um grupo sempre existirão maturidades, habilidades e conhecimentos diferentes.
Por isso, é necessário sempre rever o plano de ensino ao longo de sua aplicação para confirmar se o conteúdo está sendo de fato abstraído, como é desejado. Não é porque um aluno demora mais que o outro a terminar a lição em sala de aula que sua capacidade de aprendizado seja inferior. A supervalorização da inteligência nas salas de aula pode gerar problemas de relacionamento com os próprios colegas. É papel do corpo docente da instituição valorizar as diferenças e ensinar crianças e adolescentes a conviver com as divergências de personalidade e de aprendizado. Não existe uma única receita para promover a união de turma. Algumas alternativas nesse caso passam pela promoção do convívio e do respeito à individualidade do aluno. É dever da Escola conhecer a condição inicial de cada estudante e, para isso, utilizam-se os testes de nivelamento no ato da matrícula. Após o início das atividades letivas, a diversidade pode ser incentivada e valorizada por meio de questões e atividades com diferentes níveis de dificuldade. Assim, é possível respeitar todos os ritmos de aprendizado. Para que os alunos se sintam à vontade em sala de aula é necessário, ainda, estimular a integração por meio de exercícios de expressão.
Ensinar alunos a participar e fazer comentários em grupo cria laços e facilita a aproximação com o professor. Esse estímulo pode ser feito também fora de sala de aula por meio de atividades extracurriculares de integração. Um passeio guiado com exercícios e atividades que estimulem o sentimento de pertencimento a um grupo pode gerar grandes ganhos no que diz respeito à valorização da diversidade nas Escolas. Soma-se a estes fatores, por fim, a necessidade de garantir que as características individuais dos estudantes sejam respeitadas nos conselhos de classe, que devem ser, também, momento de avaliação da situação da turma. A Educação integral só acontece quando há respeito às diferenças na turma. É função da Escola contribuir para a formação integral do indivíduo e para o aperfeiçoamento da sociedade em que vive, por meio do incentivo à pesquisa e aos valores humanos, éticos e morais, desenvolvendo no aluno o sentimento de respeito ao próximo em qualquer situação.
Fonte: Estado de Minas (MG)
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