Desde que nasceu, o pequeno Luiz Felipe já chamava atenção pela inquietude. Quando ainda nem sabia andar, já rolava na cama, engatinhava pela casa e mexia em tudo que encontrasse pelo caminho. O tempo passou e a agitação só aumentou. Na Escola, o menino não conseguia se concentrar na aula. Vivia brincando com os colegas e despertando a preocupação dos professores.
Não demorou muito e veio a descoberta: Luiz Felipe sofria do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), um problema que altera o comportamento, interfere na aprendizagem e compromete até a vida social das crianças. Cerca de 5% das pessoas com menos de 12 anos de idade apresentam o transtorno, segundo estimativa da Associação Brasileira do Déficit de Atenção.
De causas neurológicas e biológicas, o transtorno é mais comum na infância, porém costuma acompanhar a pessoa até na fase adulta.
Os principais sintomas são desatenção, inquietude e impulsividade e as consequências são tão nocivas que o distúrbio já foi reconhecido oficialmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um grave transtorno de comportamento.
De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, o TDAH acomete principalmente os meninos, que acabam sendo taxados pelos adultos como crianças agitadas e impulsivas. Eles permanecem o tempo todo em movimento, mexem em tudo, são inquietos e falam de forma exagerada. Sentem dificuldade em manter a atenção em atividades longas, repetitivas ou desinteressantes. Ainda se distraem com facilidade e, na Escola, cometem erros básicos, como a omissão de sinais ortográficos, a exemplo de ponto final, acentos e vírgulas.
O esquecimento constante é outra característica do transtorno. Como a atenção é algo necessário ao bom funcionamento da memória, as crianças com TDAH costumam não lembrar de compromissos e nem de onde deixou os objetos. Por isso, perdem com frequência material Escolar e não recordam do conteúdo que estudou na véspera da prova.
Apesar de acometer principalmente crianças, o TDAH também interfere na vida adulta. O professor de Pedagogia da Universidade Federal da Paraíba, Jorge Eduardo Lopes, possui doutorado em Educação e experiência em alfabetização de jovens e adultos. Ele conta que já detectou o problema até entre estudantes de curso superior. No entanto, destaca que o distúrbio é mais comum na Educação Básica e não está associado diretamente com a idade.
“Principalmente em cidades do interior, onde a assistência à saúde ainda é muito deficitária, a gente vê muitos estudantes com 15 e 16 anos, dividindo a mesma sala de aula com outros alunos com 8 anos. Quando a gente observa direito, percebe que esses alunos mais velhos têm déficit de atenção e não conseguem assimilar os conteúdos ministrados”, analisou.
Fonte: Jornal da Paraíba (PB)
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