A fluência em uma língua estrangeira é uma habilidade cada vez mais requisitada no mundo atual, independentemente de qual seja a profissão. Apesar disso, apenas 5% dos brasileiros têm fluência em inglês, segundo dados do British Council, organização para cultura e educação do Reino Unido.
A mudança deste cenário só acontecerá quando o ensino de idiomas for tratado com a importância que merece dentro do contexto das políticas públicas para a Educação.
A legislação brasileira já entende a língua estrangeira como parte fundamental na construção de cidadãos conscientes e integrados com a realidade globalizada que os cerca.
Desde pelo menos a primeira metade do século 20, o ensino de outras línguas está previsto em lei, mas sem receber a atenção devida em relação à quantidade de horas de aula ou à formação de professores.
Nos Parâmetros Nacionais Curriculares (PCN), de 1998, houve uma mudança significativa de abordagem: está previsto que todo estudante deve ter, em seu currículo Escolar, aulas de idiomas desde o segundo segmento do ensino fundamental (atualmente, do 6 ao 9 ano).
O documento também prevê que, a partir do ensino médio, a língua estrangeira faça parte da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, em um reconhecimento da disciplina como uma ferramenta para uma formação mais abrangente e multicultural, fazendo com que os estudantes tenham uma competência linguística sólida o suficiente para acessar informações de diferentes fontes - cuja consequência é uma visão mais rica e diversa sobre o mundo.
Para abordar a questão, o British Council, inclusive, realizará, em março, o I Fórum de Língua Inglesa como Política Pública, que reunirá educadores e líderes governamentais para debater medidas para a democratização do ensino do inglês.
Para além do sentido da comunicação e da cultura, o aprendizado de idiomas é de extrema importância no mercado de trabalho. Às vésperas da realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, a demanda por profissionais que dominem outras línguas, principalmente o inglês, crescerá exponencialmente.
O porte destes eventos internacionais já serviu de incentivo para algumas medidas: desde 2010, a Prefeitura do Rio está implantando o Programa Rio Criança Global, que prevê a inclusão progressiva de aulas da língua no currículo das Escolas públicas municipais desde o 1 ano do ensino fundamental, já que, antes disso, apenas as turmas do 6 ao 9 ano eram contempladas.
O objetivo é chegar a 2014 com todas as séries incluídas, o que demanda também a contratação e a capacitação de mais professores. Em 2012, o programa deve incluir aulas de inglês nas turmas de 5 ano da rede, e a meta é que 300 mil alunos no total sejam beneficiados.
Esta é uma boa iniciativa, que fará diferença para as oportunidades de milhares de jovens no futuro próximo. Mas, enquanto em outros países, como na Europa, o ensino de línguas estrangeiras já faz parte do currículo desde, pelo menos, a década de 1970, nós ainda temos um longo caminho pela frente. Uma população mais bem educada e preparada para os desafios desta sociedade global em que vivemos será o fator decisivo para o nosso tão almejado desenvolvimento.
Virginia Garcia, diretora de Inglês do British Council, in: O Globo (RJ)
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