No final de abril de 2011, a divulgação de alguns dados do Censo Demográfico 2010 revelou que o Brasil está mais velho. Dos 190 milhões de habitantes, 14 milhões são de pessoas com 65 anos de idade ou mais. Sabemos que, dada a melhoria da qualidade de vida no país, a longevidade do brasileiro foi ampliada. Se em 1991, a população com 65 anos ou mais era de 4,8% do total de habitantes, esse índice chegou a 5,9% em 2000 e a 7,4% em 2010.
Mas, como nem tudo é perfeito, a conquista da longevidade contrasta com a maior taxa de analfabetismo incidindo justamente sobre os mais velhos.
Aqueles com 25 anos ou mais representam 92,6% dos analfabetos brasileiros. Deles, as pessoas de 50 anos ou mais representam 21% e na Região Nordeste, a de percentual mais elevado, 40,1%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/2009).
Justiça seja feita, ao longo dos anos houve uma redução da taxa de analfabetismo na região (de 22,4% em 2004 para 18,7% em 2009), considerando-se as pessoas com 15 anos ou mais. No entanto, o que mais chama a atenção é o elevado índice de analfabetismo entre os adultos com 25 anos ou mais.
Dia Nacional da Alfabetização
O Ministério da Educação e Cultura foi criado em 14 de novembro de 1930 e, em sua homenagem, o Dia Nacional da Alfabetização passou a ser comemorado nessa data, a partir de 1966.
Embora nossa história recente seja marcada por muitos avanços, é de se lamentar que o país ainda tenha cerca de 14,1 milhões de analfabetos entre a população com mais de 15 anos, sendo cerca de 10 milhões em faixa de idade plenamente ativa, entre os 25 e os 50 anos de idade, conforme os indicadores da PNAD.
Essas pessoas estão impedidas de exercer a sua cidadania, de obter melhores opções de trabalho, de usufruir condições de vida e moradia mais dignas, de reivindicar seus direitos. No âmbito familiar, perdem a oportunidade de acompanhar a vida escolar dos seus filhos.
A maioria dos analfabetos brasileiros vive em áreas rurais e, a despeito da distância do seu cotidiano, não é difícil imaginar que a eles o que mais importa é a sobrevivência. Acostumados a lutar por ela, não lhes sobrou tempo para o resto e, nesse cenário, a alfabetização resume-se a isso.
Especialistas em educação avaliam que entre os adultos a resistência ao estudo e a baixa autoestima são as principais barreiras à alfabetização, por mais que esse seja um direito garantido pela Constituição.
Desafio à criatividade
A alfabetização de adultos impõe a mesma urgência que se dedica às crianças e jovens. A qualidade dos seus resultados pode estar diretamente ligada a uma nova maneira de ensinar. A cartilha do adulto não pode ser a mesma da criança que ingressa na escola.
O adulto traz consigo uma visão de mundo já constituída e, muito antes do bê-á-bá, é preciso conquistar o interesse e a participação dele em favor do seu próprio desenvolvimento. Vencer o medo da baixa autoestima talvez seja o maior desafio para os educadores. Porque, ao quebrar as resistências, é possível revelar a cada um o seu valor como ser humano, como membro de uma família, como agente de uma comunidade, como cidadão de um país.
A gente só se dá valor quando se sente útil e só aprende uma lição quando entende para o que ela serve. Por isso, a par do Programa Brasil Alfabetizado, que o MEC coordena desde 2003, empresas, entidades não governamentais, instituições religiosas e associações de classe podem desempenhar importante papel na luta contra o analfabetismo adulto.
A força do voluntariado é fundamental nessa tarefa. Muitas empresas já conseguiram excelentes resultados, graças ao apoio de outros colaboradores dispostos a complementar as orientações de colegas participantes de programas de alfabetização à distância, por exemplo.
Um país que se insere entre as principais economias do mundo não pode desperdiçar uma força de trabalho da ordem de 14 milhões de pessoas, por causa do analfabetismo. Isso, sem falar de outra categoria, a dos analfabetos funcionais.
UOL Educação
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