terça-feira, 8 de novembro de 2011

Educação freia IDH brasileiro

Com uma média de escolaridade de 7,2 anos – semelhante à de países muito mais pobres, como Gana – puxando para baixo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Brasil ficou na 84ª posição entre 187 países no ranking divulgado ontem pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O país avançou uma posição em relação ao ano passado e tem desenvolvimento humano considerado alto segundo o cálculo, baseado em três fatores: saúde, Educação e renda.
No ranking deste ano, a Noruega voltou a ocupar o topo da lista, seguida por Austrália e Holanda (veja a lista completa ao lado). No ano passado, o Brasil aparecia na 73º posição entre 169 países – mas, como a metodologia usada para definir o IDH mudou, o país estaria em 85º em 2010, segundo o Pnud.
Assim, pode-se dizer que em 2011 o país ganhou uma posição no índice. Uma versão que é contestada por Flavio Comim, professor de Economia da UFRGS, responsável pela divulgação do IDH entre 2006 e 2010.
– O Brasil está 11 posições abaixo do ano passado e foi ultrapassado por países como Venezuela e Geórgia. Estamos crescendo cada vez menos, principalmente nas áreas da saúde e da Educação – afirma Comim.
Os números usados pelo relatório para medir a Educação (média de escolaridade e expectativa de escolaridade) refletem um trabalho que o país ainda não conseguiu realizar: manter os estudantes no colégio. Enquanto o Brasil tem uma expectativa de escolaridade de 13,8 anos, a escolaridade real dos acima de 25 anos, no entanto, é de apenas 7,2 anos.
Isso indica que uma criança brasileira tem chances reais de completar o Ensino Médio e entrar em uma faculdade, porque há vagas e o ensino básico brasileiro obrigatório é de 12 anos. Na prática, porém, boa parte delas abandona os bancos escolares antes mesmo de terminar o Ensino Fundamental.
Os dados do PNUD apontam que, desde 2000, o Brasil avança 0,69% ao ano no IDH. Nos últimos seis anos, o país subiu quatro posições no ranking mundial, tendo sido classificado, em 2007, pela primeira vez, como de alto desenvolvimento humano.
O avanço brasileiro, no entanto, está ficando mais lento. Resolvidos os grandes problemas, esbarra-se agora no mais difícil: não basta apenas a quantidade, é preciso resolver a qualidade.
Ainda assim, os avanços sociais são responsáveis por levar o Brasil a melhorar seu IDH na última década. A expectativa de vida ao nascer – que pode ser considerada uma síntese de melhorias como prevenção de doenças e acesso a água potável – é a principal alavanca do IDH brasileiro.
Entre 2000 e 2009, esse índice aumentou praticamente cinco anos, alcançando os 73,5 anos registrados no relatório divulgado ontem.
Zero Hora (RS)

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