quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Reprovação, necessária para uns e um mal a ser evitado para outros

Aos 17 anos, Pedro Medeiros, aluno do 9º ano do ensino fundamental, acaba de conquistar a medalha de ouro na olimpíada brasileira de matemática. Mas, antes de fazer 123,5 pontos dos 150 que a prova Canguru Matemático sem Fronteiras permite, Pedro foi reprovado duas vezes.
Aluno do Colégio Cruzeiro - que este ano, ocupou a 7ª posição no ranking nacional do Enem e a 2ª no ranking do estado do Rio -, ele repetiu o 6º e o 8º anos. No Brasil, segundo dados do Ministério da Educação (MEC), 10,3% dos alunos do ensino fundamental foram reprovados em 2010. No ensino médio, o índice foi de 12,5%. 
- Jamais gostei de estudar. Em 2006, no 6º ano, eu ia mal, não entendia nada de matemática, meu pai morreu, e aí fui reprovado. No 8º ano, eu continuava sem entender nada de matemática. Repeti e conheci o professor Jorge (Gomes Santos), que me fez aprender e gostar da disciplina - diz Pedro, afirmando que as reprovações se tornaram um ponto positivo de sua vida.
- No começo, foi ruim; eu chorei dois dias seguidos, depois, não aceitava a turma. Quando repeti o 8º ano, passei uns dias achando que era pegadinha! Mas amadureci, vi que tinha que me esforçar. 
Jorge Gomes Santos, professor de matemática do 8º ano, concorda: - Muitas vezes a reprovação vira crescimento. E os pais precisam entender que às vezes ela é necessária. 
Assunto polêmico, a reprovação divide educadores. Para uns, "uma Educação de verdade nem cogita reprovar". Outros acreditam que a medida é necessária em alguns casos. Autônomos, os colégios particulares de ponta - aqueles que ocupam as melhores colocações no Enem - lidam com o tema de acordo com seus projetos pedagógicos.
Há os que sugiram que o aluno se retire, os que só permitem que a matrícula seja feita se houver vaga sobrando, os que aceitam que o estudante fique reprovado uma vez ao longo da trajetória acadêmica, e ainda os que trabalham com dependência, quando o aluno passa para a série seguinte e tem que fazer uma ou duas disciplinas da série anterior. 
Nas escolas públicas, por sua vez, cada município e cada estado decidem o método que vão seguir. E o Conselho Nacional de Educação (CNE) recomenda que, em todas as escolas do país, nenhum aluno dos três primeiros anos do ensino fundamental seja reprovado. 
- O Brasil tem um índice alto de reprovação e isso é um fracasso, porque a reprovação é ruim em todos os momentos. O aluno que repete, por exemplo, por conta de uma disciplina, fica desestimulado, acha o ensino tedioso, torna-se aborrecido.
Além de passar por um descompasso na relação social, por conta da defasagem idade-série, o que impacta na aprendizagem - diz Maria Pilar Lacerda, secretária de Educação Básica do MEC. 
O Globo (RJ)

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