sábado, 26 de novembro de 2011

Um avanço, vários problemas


Santa Cecília do Pavão - Os quase mil estudantes do município de Santa Cecília do Pavão, na Região Norte do Paraná, começaram o ano de 2010 com uma novidade alvissareira. Cada um deles, juntamente com os professores, recebeu um laptop para auxiliar nas atividades dentro e fora da sala de aula.

Passados nove meses, a empolgação dos alunos permanece, mas atenuada pelos primeiros problemas que o programa Um Computador por Aluno (UCA) apresenta. Dificuldades na assistência técnica e falta de controle sobre o conteúdo utilizado pelos estudantes são alguns dos entraves enfrentados pelas escolas selecionadas pelo governo federal para integrar o projeto.

A história do UCA começou em 2007, quando cinco escolas em diferentes estados receberam o projeto em caráter experimental. Com o objetivo de aprimorar o aprendizado e incentivar a inclusão digital, todos os alunos e professores das escolas receberam um computador portátil com acesso à internet.


Falta projeto pedagógico, diz especialista

O projeto Um Computador por Aluno (UCA) representa não apenas um avanço na área de Educação, mas uma mudança social. Para que isso se concretize, contudo, é necessário aprimorar a estrutura das escolas e a formação dos professores.

A avaliação é do pesquisador Antônio Carlos Conceição Marques, mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), que estudou as primeiras experiências do UCA no Brasil.

Para Marques, o maior problema está na falta de um projeto pedagógico voltado para o uso do computador em sala de aula. “Os cursos de formação dos professores se baseiam no mero usar o laptop. É preciso uma mudança de paradigma, pensar a distribuição do tempo e o currículo das escolas a partir do uso da tecnologia”, avalia.

No atual cenário, onde o principal aparato de ensino ainda são o quadro negro e os cadernos, o pesquisador acredita que o computador acaba sendo apenas uma ferramenta a mais.

Na opinião de Marques, o UCA pode ter um alcance bem maior do que apenas servir como aparato educacional. “Se bem conduzido, esse projeto pode representar uma revolução social. A partir do momento que o estudante ganha um computador e pode levá-lo para casa, possibilita que sua família também seja incluída digitalmente”.

Para os professores, a experiência de utilizar o computador na sala de aula é uma novidade com a qual ainda estão se adaptando. “No começo tive bastante dificuldade, já que eu não tinha muito conhecimento de informática. Mas com a ajuda de outros professores e dos próprios alunos fomos nos adaptando”, diz a professora Sirlene de Farias, que tem 14 anos de magistério e há quatro atua na Escola Cícero Bittencourt Rodrigues, em Santa Cecília do Pavão.

Já os estudantes aprovaram a entrada da tecnologia, ainda que ela não sirva apenas para o aprendizado. “O computador ajuda nos trabalhos, mas, quando posso, aproveito para jogar um pouco também”, admite Cleverson de Oliveira, aluno da 7ª série do Colégio Jerônimo Martins.

Gazeta do Povo (PR)


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