Durante três dias, a Fundação Catar reuniu centenas de pessoas de diversos países para discutirem a situação da Educação mundial e como melhorá-la. Foi a terceira WISE – World Innovation Summit for Education, a Cúpula Mundial da Inovação para a Educação.
Ao longo de dezenas de debates, em diferentes salas e auditórios e em vários idiomas, foi possível perceber inquietações, sugestões, propostas e conhecer boas experiências.
Sobretudo perceber um consenso que está surgindo de que a Educação é o caminho para o progresso econômico, para a diminuição da desigualdade social e a construção de um novo modelo de desenvolvimento para a humanidade.
Não importava o país de origem do orador, nem o idioma em que falava, o sentimento era de que as desigualdades sociais e os atrasos nacionais decorrem da má Educação a que estão submetidos bilhões de seres humanos, sobretudo crianças.
O mais importante da reunião no Catar é a comparação entre o que discutimos dentro do imenso centro de convenções e o que se observa no lado de fora. Bem em frente, há uma cidade surgindo voltada para a Educação.
São dezenas de prédios que abrigam novas universidades, muitas importadas, trazendo professores e equipamentos de outros países. Ao observar aquelas edificações voltadas para a Educação tem-se o sentimento de ver a transformação de petróleo em conhecimento.
O pequeno rico país usa a riqueza vinda do petróleo para transformá-la em riqueza de saber científico e tecnológico, dentro da escola. Não foi de uma hora para outra que o Catar passou a fazer esses investimentos.
Durante algumas décadas o país gastou em diversos outros objetivos, até que, sob a liderança do Sheik Hamad bin Khalifa Al Thani e sob a influência da Sheikha Mozah bint Nasser, decidiu-se transformar o recurso esgotável do petróleo em recurso permanente de Educação, ciência, tecnologia e inovação.
Com esse gesto, transformou-se em um exemplo para que o Mundo Global possa fazer o mesmo: transformar riqueza passageira em Educação.
Essa lição do Catar é um dos principais resultados da WISE. Além disso, ao debater dentro dos auditórios, olhar no deserto ao redor, onde surgem novas universidades, e olhar para o resto do mundo, leva-nos a lembrar do imenso potencial dos cérebros enterrados na ignorância, em tantos países do mundo.
WISE, no Catar, mostra a realidade ao redor do centro de convenções, lembra o mundo inteiro, promoveu a Educação em escola global e de longo prazo, divulga e dá prêmio a experiências simples, locais e imediatos.
Provavelmente, em função disso, foi debatida a ideia da criação de um Fundo Mundial para a Educação. Depois da Segunda Guerra Mundial, o mundo se recuperou com o Plano Marshall para financiar a retomada da indústria na Europa, destruída pelo conflito bélico.
A crise atual exige um plano para a Educação mundial: a mobilização de parte da riqueza do mundo para financiar a Educação de Base e a Inovação no mundo inteiro.
Um imposto de 19% sobre o comércio de armas, ou 0,5% sobre a renda mundial, ou 0,03% sobre as transações financeiras cambiais, seria suficiente para revolucionar a Educação no mundo. Esses recursos constituiriam um Fundo, administrado por instituições como Banco Mundial, Unesco ou outras.
Os recursos seriam usados para equipar escolas, financiar a formação de professores e programas como a Bolsa Escola que foi bem recebida durante o evento. Seria um Plano WISE.
Mas isso tem uma condição preliminar, a consciência dos governos. De acordo com as palavras do Presidente da WISE, Abdulla Bin Ali-Thani: “Os dirigentes do mundo precisam descobrir o valor da Educação, e não apenas o seu custo.”
Além dos debates, durante o evento foi entregue, pela primeira vez, o Prêmio Wise: um Nobel da Educação. O vencedor foi o Sr. Fazle Hasan Abed, de Bangladesh, pelo trabalho de vários anos montando escolas “públicas” com recursos privados.
Com discussões globais e locais, a WISE é hoje o maior evento mundial sobre Educação e certamente seu impacto será crescentemente importante no mundo.
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