quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Especialista considera que ENEM faz avaliação por baixo


Para especialista em avaliação da Universidade Federal de Minas Gerais José Francisco Soares, bons resultados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) dão a falsa impressão de que os alunos brasileiros estão bem capacitados.

Segundo o professor, em prova do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa – sigla em inglês), que mede o conhecimento necessário para que o jovem resolva problemas cotidianos, apenas 4% dos brasileiros tiveram notas altas.

Durante audiência pública da comissão especial que analisa o projeto de Plano Nacional de Educação (PNE – PL 8035/10), José Francisco defendeu parâmetros mais exigentes para a educação brasileira.

"As avaliações nacionais estão calibradas hoje para baixo. Para usar uma metáfora do futebol, nós estamos calibrados para a terceira divisão. Então, o aluno que se sai bem no Enem não vai se sair bem no Pisa. E é ruim, porque hoje o mundo ficou pequeno".

O Pisa é desenvolvido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O programa faz a avaliação de estudantes de 15 anos, fase em que, na maioria dos países, os jovens terminaram ou estão terminando a escolaridade mínima obrigatória. As avaliações envolvem capacidade de leitura e conhecimentos de matemática e ciências.

Iniciado em 2000, o objetivo do programa é produzir indicadores de desempenho estudantil destinados a embasar a definição de políticas educacionais.


Aplicação do Ideb

José Francisco Soares criticou também as regras de aplicação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Para ele, o Ideb trouxe avanços para a educação brasileira, mas precisa ser aperfeiçoado.

"Ele (o Ideb) não pode considerar 50% dos alunos apenas, como neste ano vai ser considerado. Isso é muito pouco, porque permite seleção de alunos.” Segundo o especialista, o índice deve ter equilíbrio entre as disciplinas. “Atualmente, o Ideb favorece muito mais a matemática. E, finalmente, ele é muito sensível à concentração de esforços em alguns poucos alunos, que é a história da média."


Aperfeiçoar métodos de ensino 

Para a socióloga e professora da Unicamp Maria Helena de Castro, o mais importante é aprender a usar os resultados das avaliações. Ao analisar os erros dos alunos nas provas, por exemplo, é possível aperfeiçoar os métodos de ensino.

"Está faltando uma intervenção que use todos os dados dos diagnósticos de uma forma mais inteligente, com análises que façam sentido para o professor. Não adianta mostrar uma estatística para o professor, que precisa de mais apoio, de material de análise e de capacitação. Está faltando uma capacitação para o professor saber usar o resultado".


Currículo nacional básico 

A construção de um currículo nacional básico, com o que deve ser ensinado em cada série do ensino básico, foi apontada como o principal desafio para o Brasil pela diretora-executiva do Movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz. Ela também acrescentou como desafio a valorização e da formação inicial de professores.

O relatório do novo Plano Nacional de Educação deve ser apresentado no próximo dia 22. Segundo o presidente da comissão, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES), as sugestões apresentadas na audiência pública poderão servir de base para emendas ao projeto.

Íntegra da proposta:


Agência Câmara

Nenhum comentário:

Postar um comentário