segunda-feira, 20 de junho de 2011

Expansão do ensino superior depende de investimento na educação básica

Reunidos para discutir o futuro do ensino superior brasileiro, os participantes de audiência pública realizada quarta-feira passada (15) pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) concordaram em um ponto: para que o país tenha melhores faculdades e universidades, precisa fortalecer a sua educação básica.
Ao debater as metas do segundo Plano Nacional de Educação (PNE), atualmente em discussão na Câmara, eles defenderam ainda a ampliação dos investimentos gerais em educação no país, de 7% para 10% do produto interno bruto (PIB), até 2020.
- O grande gargalo do ensino superior está no ensino básico. Nós corremos o risco de sofrer um apagão de capital humano e precisamos estabelecer um projeto para o Brasil para os próximos 50 anos - afirmou o professor Isaac Roitman, membro titular da Academia Brasileira de Ciências, para quem o país precisa estabelecer políticas públicas para a educação desde a etapa de zero aos três anos de idade.

SUGESTÕES
O presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação (CNE), Paulo Speller, apresentou três sugestões para o debate do PNE.
1.  A primeira é o investimento na qualidade da educação básica, para que se possa cumprir a meta número 12 do plano, segundo a qual a educação superior deveria alcançar 33% da população de 18 a 24 anos até o final da década.
2.  A segunda é a reivindicação de 10% do PIB para o setor.
3.  A terceira, a transformação da educação em "política prioritária do Estado".

O percentual de 10% do PIB para a educação também foi defendido pelo consultor educacional da Associação Brasileira de Mantenedores do Ensino Superior, Celso Frauches. Em sua opinião, o obstáculo para a expansão do ensino superior no país não é a falta de vagas. No ano passado, relatou, havia 40 mil vagas ociosas nas universidades públicas e 1,5 milhão nas instituições privadas.
- Os problemas estão na formação básica dos alunos e, no caso do ensino privado, na falta de capacidade de pagamento das mensalidades - disse Frauches, que defendeu a adoção pelo país de um Sistema Único de Educação Básica, nos mesmos moldes do Sistema Único de Saúde.
Assim como os demais expositores, o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, Álvaro Prata, pediu 10% do PIB para a educação e manifestou sua preocupação com o ensino básico.
Além disso, ele criticou a forte concentração de alunos do ensino superior em apenas três cursos: Administração, Direito e Pedagogia. O reitor pediu maior ênfase na ampliação da competitividade tecnológica do país.

PATENTES
O aumento dos investimentos em ciência e tecnologia foi também defendido pela presidente da Associação Nacional dos Pós-Graduandos, Elisângela Lizardo, como forma de "ampliar a possibilidade de produção de riqueza" no Brasil. Atualmente, como observou, o país produz apenas 2% das patentes mundiais.
A senadora Ana Amélia (PP-RS), que presidiu a reunião, ressaltou a coincidência dos participantes da audiência em relação à "constatação grave sobre o gargalo do ensino básico". Por sua vez, a senadora Ana Rita (PT-ES) demonstrou preocupação com a deficiência de professores nas universidades públicas.
Marcos Magalhães / Agência Senado

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