Ninguém sabe, ainda, de ajustes na política de Educação em vista das recentes recomendações feitas ao País por um Banco Mundial que se valia de pesquisa então encomendada para a análise do setor. Pois bem, às vésperas do envio do último Plano Nacional da Educação ao Congresso, a tal pesquisa concluía que nossos gastos nessa área estavam longe de aqui produzir seus melhores resultados.
E, isto, porque não contemplariam, na devida medida, a qualificação dos professores, a Educação infantil e o ensino médio. O Brasil já investe em Educação 5% do PIB, índice que supera as aplicações de países membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) com idêntico perfil demográfico. Temos gastos maiores, por exemplo, do que os empreendidos pelo México, Índia, Indonésia e Chile.
Gastamos mal, todavia, porque investimos seis vezes mais em aluno do ensino superior do que naquele da Educação básica, o que já explicaria as altas taxas de repetência Escolar nos níveis fundamental e médio.
O Banco Mundial, contudo, ainda ia mais longe. Seu estudo não deixa de fora a corrupção e a má administração das verbas destinadas a um setor cuja falência não se dará sem prejuízos irreparáveis para a auto-afirmação dos brasileiros no concerto das nações.
A melhoria do ensino aqui ministrado nas redes Escolares privada e pública, sobretudo nesta última, não será meta alcançada apenas com a redução do tamanho médio das turmas nem outros paliativos do gênero. A empreitada exige, sobretudo, mestres bem preparados e dignamente pagos.
Afinal, não dá para desconhecer o fato de que salários ruins apenas atraem, em qualquer que seja o ramo, profissionais de má qualificação. Não é à toa que o Brasil observa a rejeição ao magistério por crescentes parcelas de sua juventude. Vai longe o tempo em que um professor de Escolas primárias e secundárias não se envergonhava de mostrar o contracheque.
Detentor de uma população que envelhece, o Brasil vive um período de transição demográfica do qual se espera a redução do contingente estudantil em índice próximo de 23%, o que em breve dará, em números absolutos, 7 milhões de cadeiras vazias apenas no ensino fundamental, como aponta a pesquisa. Trata-se, então, de fenômeno que deveria ser bem aproveitado em favor da melhor qualidade de ensino.
O Banco Mundial sugere estratégias para atrair gente de talento à sala de aula com formação continuada e recompensa por cada desempenho. Ou seja, é preciso fazer com que a carreia de professor deixe de ser uma atividade de baixa categoria. Deixe de ser uma profissão que atrai, já agora, menos de um terço dos estudantes do ensino médio.
Fonte: Jornal da Paraíba (PB)
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