sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sem ouvidos

Ninguém sabe, ainda, de ajustes na política de Educação em vista das recentes recomendações feitas ao País por um Banco Mundial que se valia de pesquisa então encomendada para a análise do setor. Pois bem, às vésperas do envio do último Plano Nacional da Educação ao Congresso, a tal pesquisa concluía que nossos gastos nessa área estavam longe de aqui produzir seus melhores resultados.
E, isto, porque não contemplariam, na devida medida, a qualificação dos professores, a Educação infantil e o ensino médio. O Brasil já investe em Educação 5% do PIB, índice que supera as aplicações de países membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) com idêntico perfil demográfico. Temos gastos maiores, por exemplo, do que os empreendidos pelo México, Índia, Indonésia e Chile.
Gastamos mal, todavia, porque investimos seis vezes mais em aluno do ensino superior do que naquele da Educação básica, o que já explicaria as altas taxas de repetência Escolar nos níveis fundamental e médio.
O Banco Mundial, contudo, ainda ia mais longe. Seu estudo não deixa de fora a corrupção e a má administração das verbas destinadas a um setor cuja falência não se dará sem prejuízos irreparáveis para a auto-afirmação dos brasileiros no concerto das nações.
A melhoria do ensino aqui ministrado nas redes Escolares privada e pública, sobretudo nesta última, não será meta alcançada apenas com a redução do tamanho médio das turmas nem outros paliativos do gênero. A empreitada exige, sobretudo, mestres bem preparados e dignamente pagos.
Afinal, não dá para desconhecer o fato de que salários ruins apenas atraem, em qualquer que seja o ramo, profissionais de má qualificação. Não é à toa que o Brasil observa a rejeição ao magistério por crescentes parcelas de sua juventude. Vai longe o tempo em que um professor de Escolas primárias e secundárias não se envergonhava de mostrar o contracheque.
Detentor de uma população que envelhece, o Brasil vive um período de transição demográfica do qual se espera a redução do contingente estudantil em índice próximo de 23%, o que em breve dará, em números absolutos, 7 milhões de cadeiras vazias apenas no ensino fundamental, como aponta a pesquisa. Trata-se, então, de fenômeno que deveria ser bem aproveitado em favor da melhor qualidade de ensino.
O Banco Mundial sugere estratégias para atrair gente de talento à sala de aula com formação continuada e recompensa por cada desempenho. Ou seja, é preciso fazer com que a carreia de professor deixe de ser uma atividade de baixa categoria. Deixe de ser uma profissão que atrai, já agora, menos de um terço dos estudantes do ensino médio.
Fonte: Jornal da Paraíba (PB)

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