quarta-feira, 29 de junho de 2011

Os excluídos do pleno emprego

A prosperidade econômica brasileira não está sendo desfrutada por um número expressivo de trabalhadores. O crescimento que levou ao pleno emprego enfrenta, nos últimos anos, o dilema explicitado pela baixa escolaridade ou pela formação técnica deficiente dos que não conseguem preencher requisitos mínimos na disputa por uma vaga.
É lamentável que num ciclo de desenvolvimento seguro, que sobrevive inclusive aos desequilíbrios da economia mundial, a baixa escolaridade retire de muitos cidadãos a possibilidade de participar da partilha desses benefícios.
Por estimativas do IBGE, baseadas na Pesquisa Mensal de Emprego do mês de maio, a maioria dos 1,5 milhão de desempregados nas maiores regiões metropolitanas não consegue ocupação porque não concluiu o Ensino Médio. As oportunidades existem.
Tanto que, a partir de 2003 e até o mês passado, o país viu a população ocupada crescer 21,9%. Um dado demonstra como o crescimento, acompanhado da modernização da economia em todas as áreas, fez com que as empresas passassem a ser naturalmente mais exigentes. O contingente de trabalhadores com quatro a sete anos de estudo formal caiu, no mesmo período, 12,4%.
A tradução deste dado é óbvia: são cada vez mais reduzidas as chances de trabalho para quem estuda pouco. O que se revela com essa constatação é o descaso acumulado sucessivamente, por parte do setor público, com a Educação básica e a formação técnica.
Profissionais que antes eram absorvidos pelo mercado, para atividades que não exigiam muitos anos de escolaridade, agora são barrados quando disputam vagas de motorista, mecânico, vendedor ou outras funções cuja habilitação evoluiu com as novas tecnologias.
O que o Brasil assiste é ao agravamento de uma situação que o dinamismo econômico apenas acentua. Não há mais como adiar investimentos em Educação, sem a qual inexiste a possibilidade de ascensão, não só profissional, mas também social.
Mesmo que as políticas de Educação para o ensino básico sejam de atribuição de municípios e Estados, o governo federal precisa participar desse esforço, para que a formação inicial também seja beneficiada pelas melhorias notadas nas universidades e o país não desperdice oportunidades e talentos.
Fonte: Zero Hora (RS) e Jornal de Santa Catarina (SC)

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