terça-feira, 21 de junho de 2011

Magistério e governos

Os elogiáveis índices de crescimento da economia brasileira e as perspectivas de maior projeção mundial do nosso país, para as próximas décadas, estão diante de um grave desafio: desenvolver substancialmente a Educação dos brasileiros em todos os níveis. Mas isso é consenso.
Onde está o elemento novo? O elemento novo não é nada novo. Trata-se da visão de política educacional mesquinha, arcaica, colonial, oligárquica e elitista da maioria dos nossos governantes.
Fiquemos em alguns exemplos. A Lei que estabelece o Piso Nacional do Magistério (2008), não foi cumprida na quase totalidade dos estados, outros tentaram embargá-la com inconstitucional e, agora, após decisão do STF obrigando o seu cumprimento, ainda não se vê aqui no Ceará nenhuma manifestação concreta do Governo do Estado e da Prefeitura Municipal de Fortaleza, dentre outras muitas, no sentido de sua aplicação imediata e integral.
As universidades estaduais UECE, UVA e URCA, por sua vez, estão à beira do colapso por falta de professores, dentre outras gravidades ainda não sanadas, com projeção de concursos para suprir centenas de vagas, ameaçando até novas greves, e o Governo do Estado continua a fazer ouvidos moucos.
E isso é o mínimo. E não é por falta de dinheiro.
Até quando veremos governantes cantarem em verso e prosa o valor da Educação para o desenvolvimento e ao mesmo tempo fecharem os olhos à necessidade de investimento na valorização real (remuneração e carreira) do trabalho docente e das instituições educacionais.
Construir Escolas é bom, inclusive para os empreiteiros. Mas sem professor ou com professor mal pago e insatisfeito, não haverá Educação.
Como se formará a nova geração de jovens trabalhadores com qualificação técnica e superior para os novos investimentos industriais que se anunciam, se a carreira docente está a caminho da extinção, desconsiderada e desrespeitada? De discursos cínicos já estamos cansados.
É preciso valorizar a carreira docente agora, para atrair os melhores cérebros e as vocações desalentadas a caminho do extravio.
Marcos José Diniz Silva - historiador e professor da Uece, in: Diário do Nordeste (CE)

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