quinta-feira, 30 de junho de 2011

Notas na parede

A Educação brasileira tem desde 2007 um indicador universal de qualidade, o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Ele avalia a cada dois anos todas as escolas do país.
No caso das públicas, as notas por escola estão disponíveis na internet, assim como as metas que elas devem perseguir até 2022.
O objetivo é que a média daqui a uma década seja 5,8 para o 5º ano do ensino fundamental nas escolas públicas. O resultado mais recente, de 2009, é 4,4.
Um projeto de lei do deputado Edmar Arruda (PSC-PR) quer determinar, agora, que seja afixado na entrada de cada escola um painel com sua nota no Ideb e as médias do município e do Estado.
O economista e especialista em Educação Gustavo Ioschpe, autor da ideia, argumenta que os pais hoje desconhecem o resultado das escolas e que a divulgação geraria "um desconforto positivo".
Além de não precisar consultar a internet, os pais poderiam comparar a qualidade da escola de seus filhos com a das demais.
A iniciativa é meritória. A divulgação das notas por esse novo meio tem custo quase zero e possui o inegável efeito de aproximar os pais da escola de seus filhos.
Ao ficar ciente do resultado, a família pode acompanhar mais atentamente o desempenho da instituição e exigir medidas concretas na busca de melhoria da qualidade do ensino.
É importante, ainda, um intercâmbio entre as escolas e os pais. De nada adianta a divulgação das notas, em busca de um maior engajamento das famílias, se as instituições não estiverem abertas à sua participação. Outra providência seria convocar os pais para reuniões periódicas.
Há algumas décadas pesquisas confirmam que o nível socioeconômico das famílias é o principal fator a explicar o desempenho dos alunos. Não se deve esperar, portanto, avanços prodigiosos.
Como disse à Folha a historiadora Diane Ravitch, "crianças de baixa renda só vão ter uma performance de alto nível se suas necessidades não forem ignoradas". A estudiosa ressalta que "sozinhas as escolas não reduzirão a pobreza ou produzirão igualdade". O Ideb é um importante mecanismo para aperfeiçoar a qualidade do ensino no Brasil, e sua popularização teria efeito positivo.
As metas do ensino público, no entanto, são muito pouco ousadas. A nota 5,8 é apenas para o 5º ano do ensino fundamental, só em 2022. Para a 9º ano, o objetivo é 5,2. Para o ensino médio, 4,9.
O governo, assim como pais e alunos, deve almejar resultados mais ambiciosos na Educação.
Fonte: Folha de São Paulo (SP)

Nenhum comentário:

Postar um comentário