segunda-feira, 20 de junho de 2011

O que tira o sono dos estudantes

Aquele adolescente sonolento em sala de aula, que presta pouca atenção e tem dificuldade de aprender pode estar perdendo horas de sono por estar exposto demais às tecnologias.
Estudos apontam que estudantes de centros urbanos estão dormindo entre uma hora e meia e duas horas a menos do que o necessário por dia. A realidade é diferente na zona rural, onde internet, computadores e videogames não têm atrapalhado as horas de descanso.
A conclusão é resultado de pesquisas que serão apresentadas de hoje até domingo no 7º Congresso Brasileiro de Cérebro, Comportamento e Emoções, realizado em Gramado. Destacadas pelo neurocientista Fernando Louzada, da Universidade Federal do Paraná, as pesquisas também relacionam o sono com a proximidade entre a Escola e a casa do adolescente.
Estudos feitos com mais de mil alunos do ensino médio de Santa Maria, entre 2009 e 2010, revelou que poucos minutos que o adolescente dorme a mais e não desperdiça no deslocamento à Escola podem fazer diferença na atenção em sala de aula.
– O adolescente não consegue dormir mais cedo só porque precisa levantar mais cedo. Então, se ele mora perto da Escola, consegue dormir mais pela manhã – explica Louzada.
Conforme o cientista, o adolescente necessita dormir em média nove horas por dia. Pesquisas feitas no Paraná e em São Paulo indicam que os jovens com acesso às tecnologias, principalmente computador, dormem entre sete e sete horas e meia por noite, em dias letivos. Os adolescentes do meio rural conseguem deitar mais cedo. Pelo menos 53% dos entrevistados disseram dormir mais do que nove horas diárias.
– O sono dificulta a atenção e atrapalha o desempenho Escolar. A privação do sono também está associada à alteração do humor e pode agravar quadros de depressão – alerta o especialista.

Especialista sugere mudança no horário de início das aulas
Uma das soluções, aponta Louzada, seria as aulas começarem mais tarde. O início das aulas às 7h, por exemplo, é inconcebível para o cientista. Conforme a professora de Psicologia de Educação da UFRGS Tania Beatriz Iwaszko Marques, as Escolas deveriam considerar os aspectos biológicos se objetivassem o aprendizado.
– A determinação dos horários é escolhida apenas por questão administrativa, de organização dos espaços. Mas deveria se levar em conta a questão biológica, porque o aluno pode estar lá sem ser produtivo.
Vanessa Franzosi, Jornal Zero Hora (RS)

Um comentário:

  1. Erivelton Rangel de Almeida20 de junho de 2011 às 06:13

    Quem é professor e atua no turno da manhã sabe das dificuldades apresentadas pela maioria dos alunos em controlar o sono, principalmente nas segundas-feiras, durante as primeiras aulas. Quando pergunto aos meus pupilos o motivo de tanto sono (parecem mais uns zumbis), as respostas quase sempre são as mesmas: "cheguei tarde em casa e dormi muito pouco" ou "fiquei até tarde na internet".
    Então levanto uma questão: o problema é simplesmente biológico ou é uma questão de disciplina? Onde estão os pais para impor limites a essas cabecinhas?
    A sugestão dos especialistas na mudança do horário de início das aulas não seria uma inversão de posicionamento, ou seja, a sociedade se curvando aos caprichos dos jovens?
    Imagine este jovem no mercado de trabalho chegando sempre atrasado ou dormindo durante o trabalho, simplesmente porque lhe falta disciplina. Certamente que o patrão não irá mudar o horário de início da empresa para se enquadrar às "necessidades" do pobre coitado dominhoco!
    Tenho 7 filhos e todos sempre estudaram durante o primeiro turno. Alguns, durante as séries iniciais, em algumas situações, tive até que levá-los dormindo para a colégio, mas com o passar do tempo (curto, diga de passagem), passaram a acordar sem grandes dificuldades em ir para a escola.
    Compreender o ritmo de vida da juventude é uma coisa. Outra coisa é a conivência com comportamentos inadequados.
    Como dizia minha avó: "o poste agora está mijando no cachorro."

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