sábado, 7 de julho de 2012

Escolaridade responde por 70% da diferença de salário

No Brasil, pesquisas apontam que o grau de Escolaridade responde por aproximadamente 70% do diferencial total de salários. Professor do Ibre da Fundação Getulio Vargas (FGV), Rodrigo Leandro de Moura é autor de um estudo sobre o quanto a Escolaridade influencia nos salários dos setores público e privado.
Segundo ele, com os dados da Pnad 2009, foi possível constatar que no setor público, o profissional que concluiu o Ensino superior tem rendimento 20,18% maior do que aquele que só fez o Ensino médio. Na iniciativa privada, o rendimento é 16,48% maior. Uma diferença de 3,7%. 
- A pesquisa engloba dados de 1992 a 2009 e o setor público, na maioria dos anos, pagou mais para quem tem Ensino superior do que o setor privado. Imagino que por conta do Distrito Federal, onde a renda per capita é melhor, onde estão os melhores salários do funcionalismo - explica Moura. 
Quando apenas o Rio é analisado, no setor privado, os trabalhadores com Ensino superior recebem 15,53% a mais do que os que concluíram só o Ensino médio. O funcionalismo público, por sua vez, tem um rendimento 13,37% maior. 
Professor de Economia da USP-Ribeirão Preto, Walter Belluzzo é um dos autores de um estudo que separou o ganho dos servidores públicos por esfera de governo. Constatou que as pessoas com mais Escolaridade ganham mais se estiverem empregadas na iniciativa privada do que nos governos estaduais e municipais. No entanto, no governo federal, não importa o grau de Escolaridade: o trabalhador vai ser mais bem remunerado no setor público. 
- No geral, o setor público sempre paga a mais, mas também tem algumas distorções. Por exemplo, um Professor doutor ganha, em média, R$ 7,5 mil numa universidade pública. Um técnico começa na mesma instituição ganhando R$ 5,5 mil. Com o passar dos anos, ele pode vir a ganhar mais do que o Professor, ainda que o Professor receba mais na instituição pública do que na privada - diz Belluzzo. 
Há 20 anos dando aulas, a pernambucana Maria do Carmo Freire de Alencar leciona em uma Escola municipal e em outra particular, em Jaboatão dos Guararapes. Seu contracheque marca R$2,6 mil na pública e R$900 na privada, valores que comprovam o que o Censo 2010 aponta: mesmo Professores ganham mais no setor público. 
- Hoje quem ensina em Escola do governo conta com piso de R$1.451, enquanto na particular é de apenas R$630, um pouquinho mais que o salário mínimo - diz Maria do Carmo, lembrando que o piso do governo implica em 180 horas/ aula por mês, enquanto na particular essa obrigação é de 105 horas/mês: - Na prática, como na particular não temos hora reservada para planejamento, preparação de provas e correção, não trabalhamos só 105 horas/mês e não recebemos por isso. 
Pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fernando Matos reconhece que o setor privado paga mal no Brasil: 
- É um setor grande, heterogêneo, que, em 2005, englobava 89% da população empregada. Esses funcionários, por conta da alta rotatividade não têm muito poder de barganha. Agora, o setor público não paga melhor porque tem menos gente. A média salarial é maior porque inclui desde as pessoas menos Escolarizadas até aquelas que trabalham, por exemplo, no Judiciário, na PF e nas embaixadas. 
Fonte: O Globo (RJ)

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