Os professores de escolas públicas
brasileiras quase não utilizam recursos tecnológicos – como computadores e
internet – nas atividades mais realizadas em sala de aula. A constatação é de
uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da
Informação e da Comunicação (Cetic.br), órgão responsável pela produção de
indicadores sobre uso da internet no Brasil.
As atividades realizadas diariamente
pela maioria dos professores ouvidos pelo levantamento – aulas expositivas,
exercícios, interpretação de textos e suporte personalizado a estudantes – são
as situações em que computadores e internet são menos usados. As ferramentas
tecnológicas são usadas por apenas 13% dos docentes no atendimento individual a
alunos, por 16% dos educadores na interpretação de texto, por 21% deles na
resolução de exercícios e por 24% durante aulas expositivas.
As atividades que exigem pesquisa são
menos frequentes nas escolas pesquisadas – são realizadas uma vez por semana ou
ainda com menor frequência pela maioria dos professores. Nessas ocasiões, o
computador e a internet são um pouco mais empregados. Em 2011, 41% dos
professores usaram tecnologia em sala para pesquisas em livros, revistas e
internet. A parcela de professores que usa tecnologia para auxiliar na produção
de material pelos alunos foi de 31%.
"Quando as atividades deixam de
ser diárias, o professor faz uso de tecnologias de informação e
comunicação", explica Juliano Cappi, coordenador de pesquisas do Cetic.br.
"Com os dados que recolhemos dos anos de 2010 e 2011, podemos constatar
que a adoção de tecnologia nas salas de aula não aumentou, apesar dos esforços
do governo."
Os alunos de escolas públicas adotam
tecnologias para atividades escolares em um ritmo mais rápido do que seus
professores, de acordo com o Cetic.br. Computadores e internet são usados por
82% dos estudantes para fazer pesquisas. O uso desses recursos para realizar
projetos, fazer exercícios e jogar games educativos chega a 72%, 60% e 54%,
respectivamente.
Infraestrutura – Os equipamentos nas
escolas pesquisadas são escassos. Cada unidade tinha, em 2011, uma média de 500
alunos, 20 computadores de mesa e três notebooks. Além disso, 25% das escolas
possuem conexão de internet com velocidade inferior a 1 Mbps (megabits por
segundo). O número insuficiente de computadores, a ausência de internet e a
baixa velocidade da conexão são apontados por professores e coordenadores das
escolas como as principais limitações para a adoção de tecnologia nas salas de
aula.
"A abordagem do governo federal
é a de levar computadores às escolas através de laboratórios", explica Cappi.
Apesar disso, a pesquisa revela que docentes que levam computadores à sala de
aula fazem mais uso de tecnologia em atividades escolares do que colegas que
escolhem levar os alunos ao laboratório. "A iniciativa dos professores tem
sido fundamental para a integração de tecnologia." O estudo aponta que os
professores estão comprando mais notebook e que 50% deles levam seu notebook
para a escola. Dos docentes que têm notebook, 76% compraram o aparelho com
recursos próprios.
Escolas particulares – Os professores
de escolas particular seguem o mesmo padrão dos de escolas públicas: quanto
mais frequente a atividade, menor o uso de tecnologia. Apesar disso,
computadores e internet são mais empregados. A presença de tais recursos nas
aulas expositivas é de 24% em escolas públicas, contra 36% em unidades
privadas.
O estudo do CGI.br analisou 497
escolas públicas e 153 particulares. Entre os professores, foram ouvidos apenas
aqueles que ministram disciplinas de português e matemática. Colégios federais,
rurais, escolas que só têm educação infantil e escolas de educação de jovens
adultos (EJA) não foram ouvidas.
Fonte: Veja.com
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