Mais de 30.000 escolas públicas
brasileiras já adotam sistemas que premiam os professores com base no desempenho
de seus alunos. É coisa recente, daí saber-se ainda tão pouco sobre seus
efeitos. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto,
se debruçaram sobre a rede estadual de São Paulo, uma das primeiras no país a
adotar um regime de meritocracia, em 2008. Ali, as escolas têm metas de
aprendizado e, se elas forem atingidas, seus funcionários, incluindo diretores
e mestres, são agraciados com um bônus no salário. Quem extrapolar o esperado
ganha mais, como no mundo corporativo. O estudo da USP, que investigou os dados
da Prova Brasil, aplicada pelo Ministério da Educação (MEC) a alunos de
colégios públicos, concluiu que o avanço verificado nas notas é um sinal de que
o sistema está funcionando. Diz o economista Luiz Guilherme Scorzafave,
coordenador da pesquisa: “O resultado faz refletir sobre a necessidade de
propagar esse tipo de iniciativa por todo o país”.
Os números são particularmente
animadores nas classes de 5º ano, nas quais o maior progresso se deu nas aulas
de matemática. Segundo a escala do MEC que define o aprendizado desejado para o
fim de cada ciclo, a evolução dos estudantes em São Paulo na disciplina —
registrada em um intervalo de apenas dois anos — equivale a um semestre
escolar. O entusiasmo provocado pela política que premia talento e esforço tem
seu peso, mas evidentemente não explica tudo. “A meritocracia precisa vir
acompanhada de um conjunto de medidas acertadas para realmente transformar uma
escola”, observa Maria Helena Guimarães de Castro, diretora da Fundação Seade.
Ao contrário do Brasil, onde a ideia de distinguir os melhores sempre esbarrou
no corporativismo, os países mais ricos já acolhem há décadas esse princípio.
Muitas vezes, os saltos são extraordinários; noutras, os efeitos são ainda
tímidos ou não conclusivos — o que faz refletir sobre maneiras de aprimorar o
sistema. A experiência não deixa dúvida de que só com boas e entusiasmadas
cabeças é possível vencer o duro caminho que leva à excelência.
Fonte: Veja.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário