A construção de alianças estratégicas
entre governos, sociedade civil e iniciativa privada para aprimorar políticas
públicas da área social tem sido recorrente há algumas décadas no Brasil. No
cenário internacional, já há um amplo reconhecimento da importância dessas
alianças, posicionamento reforçado em fóruns como o Encontro Anual do Conselho
Econômico e Social (Ecosoc), da ONU, que assinalou a construção dessas parcerias
como fundamentais para o alcance das Metas do Milênio. Mais recentemente, as
parcerias público-privadas se intensificaram bastante no campo da Educação dada
a importância do tema para toda a sociedade e assumiram formas diversificadas
para responder a desafios e necessidades específicas da área educacional.
Dados do Grupo de Institutos,
Fundações e Empresas (Gife), rede que congrega instituições ligadas a empresas
que investem em projetos com finalidade pública no Brasil, indicam que 82% de
seus associados destinam recursos à Educação, sendo esta a área que concentra o
maior número de investidores sociais. Uma das formas de colaboração do setor
privado com as redes públicas é o desenvolvimento de metodologias inovadoras em
projetos piloto, o que possibilita testá-las, aprimorá-las e sistematizá-las,
antes de buscar sua ampliação. Eis aí uma prática muito útil quando se deseja
implantar inovações na política pública. Exemplo disso foi a transformação do
programa de mobilização e formação de Professores Escrevendo o Futuro, criado
pela Fundação Itaú Social em 2002, em Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo
o Futuro, como parte do Plano de Desenvolvimento da Educação do governo
federal.
A parceria possibilitou ampliar o
alcance do programa, que envolveu 7 milhões de Alunos e recebeu 240 mil
inscrições de Professores em todo o País em sua edição de 2010. Espera-se, para
2012, o crescimento qualitativo e quantitativo do programa, que contribui de
forma efetiva para a melhoria do Ensino da língua portuguesa. Outro tema que
ganha cada vez mais atenção de especialistas, Educadores e gestores públicos é
o aprimoramento da gestão educacional, essencial para solucionar problemas na
Educação. Em um projeto piloto, o acompanhamento das Escolas envolvidas pode ser
feito de forma muito mais próxima por uma secretaria e seus parceiros.
Em sua ampliação, torna-se
fundamental fortalecer os diversos níveis da gestão, para garantir o
acompanhamento e apoio presencial em escala. Nesse contexto, abrem-se novas
perspectivas para a construção de sólidas, transparentes e produtivas parcerias
entre a iniciativa privada e a área pública. Há espaço para que o investimento
social privado atue, a partir de suas experiências e aprendizados, apoiando
governos no desenho e na estruturação de políticas educacionais. Esse movimento
ganha corpo em algumas localidades do Brasil e já dá frutos no Estado de Goiás,
onde a Fundação Itaú Social é parceira da secretaria estadual no desenho da
política de Educação integral e no projeto de tutoria pedagógica, um dos eixos
da reforma educacional que vem sendo implementada pela atual gestão desde o
início de 2011.
Atualmente, mais de 300 tutores
pedagógicos atuam com os coordenadores pedagógicos das 1,2 mil Escolas da rede
estadual, com o objetivo de acompanhar e orientar semanalmente, no próprio
ambiente da Escola, o trabalho desses profissionais. A função foi redesenhada e
o foco do trabalho passou a ser estritamente voltado para o planejamento e
condução das aulas, tendo como objetivo a melhoria da aprendizagem dos Alunos.
As parcerias público-privadas contribuem para gerar a sinergia necessária ao
avanço da Educação pública, em busca de um sistema de Ensino que assegure o
aprendizado, respondendo ao grande desafio de Educação de qualidade para todos.
Antonio Matias, vice-presidente da Fundação Itaú Social, in: O Popular
(GO)
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