sexta-feira, 15 de junho de 2012

Políticas do MEC, mais do mesmo

Nas últimas semanas, pudemos ver um conjunto de notícias muito reveladoras sobre os rumos – ou a falta deles – da Educação brasileira. Começou com o Ministério da Educação (MEC) anunciando um aumento para os Professores das universidades federais; no decorrer da semana, deu-se repercussão à altíssima taxa de repetência no Ensino médio; em seguida, veio o anúncio de que o MEC pretende implantar o Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) e que pretende fazê-lo, sobretudo, por meio da formação de Professores.
São notícias verdadeiramente paradoxais, a começar pela última. Mais uma vez o Ministério da Educação, diante das dificuldades estruturais da Escola, escolhe o caminho mais fácil. Desde pelo menos o século 19, para ficarmos na experiência histórica do país independente, quando se quer reformar e/ou expandir a Escola sempre se pensa na formação de Professores. Não é coincidência que a Escola Normal, única instituição a formar Professores no país até a década de 1930, tenha surgido um século antes, ocasião em que muito se discutia a necessidade de expandir a Escolarização entre as “camadas inferiores” da sociedade.
O que ocorre é que a formação de Professores é uma das dimensões mais baratas das políticas de Educação, mesmo quando vêm acompanhadas de bolsas, como é a proposta atual do MEC. Ou seja: enquanto de um lado o governo se recusa a elevar substantivamente os recursos para área de Educação, conforme se vê em sua proposta de Plano Nacional de Educação, por outro, acena com mais políticas de formação de Professores! O MEC se recusa a assumir que o problema da profissão Docente no Brasil não é a falta de formação dos Professores!
Se não, vejamos: o que fez o Estado quando decidiu tornar a universidade brasileira atraente para os pesquisadores? Acenou com mais formação? É evidente que não! O que se fez foi tornar a ocupação de Professor universitário – sobretudo nas universidades federais e em algumas universidades estaduais – atraente para os melhores Alunos. E fez isso não apenas acenando com mais e melhores oportunidades de formação, mas, sobretudo, com uma carreira e um salário minimamente decentes.
Em tempos de Copa do Mundo e de Olimpíadas cabe bem a pergunta: por que o MEC não coloca seu time em campo para achar saídas mais criativas para a solução dos problemas da Educação nacional assim como tem feito para enfrentar os problemas decorrentes da realização dos vindouros espetáculos esportivos? A continuar assim, os turistas podem até gostar do que verão na Copa do Mundo e nas Olimpíadas, mas continuaremos perdendo de goleada no enfrentamento dos verdadeiros problemas nacionais, como é o caso da Educação.
Fonte: Estado de Minas (MG)

Nenhum comentário:

Postar um comentário