Nas últimas semanas, pudemos ver um
conjunto de notícias muito reveladoras sobre os rumos – ou a falta deles – da
Educação brasileira. Começou com o Ministério da Educação (MEC) anunciando um
aumento para os Professores das universidades federais; no decorrer da semana,
deu-se repercussão à altíssima taxa de repetência no Ensino médio; em seguida,
veio o anúncio de que o MEC pretende implantar o Programa Nacional de
Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) e que pretende fazê-lo, sobretudo, por
meio da formação de Professores.
São notícias verdadeiramente
paradoxais, a começar pela última. Mais uma vez o Ministério da Educação,
diante das dificuldades estruturais da Escola, escolhe o caminho mais fácil.
Desde pelo menos o século 19, para ficarmos na experiência histórica do país
independente, quando se quer reformar e/ou expandir a Escola sempre se pensa na
formação de Professores. Não é coincidência que a Escola Normal, única
instituição a formar Professores no país até a década de 1930, tenha surgido um
século antes, ocasião em que muito se discutia a necessidade de expandir a
Escolarização entre as “camadas inferiores” da sociedade.
O que ocorre é que a formação de
Professores é uma das dimensões mais baratas das políticas de Educação, mesmo
quando vêm acompanhadas de bolsas, como é a proposta atual do MEC. Ou seja:
enquanto de um lado o governo se recusa a elevar substantivamente os recursos
para área de Educação, conforme se vê em sua proposta de Plano Nacional de
Educação, por outro, acena com mais políticas de formação de Professores! O MEC
se recusa a assumir que o problema da profissão Docente no Brasil não é a falta
de formação dos Professores!
Se não, vejamos: o que fez o Estado
quando decidiu tornar a universidade brasileira atraente para os pesquisadores?
Acenou com mais formação? É evidente que não! O que se fez foi tornar a
ocupação de Professor universitário – sobretudo nas universidades federais e em
algumas universidades estaduais – atraente para os melhores Alunos. E fez isso
não apenas acenando com mais e melhores oportunidades de formação, mas,
sobretudo, com uma carreira e um salário minimamente decentes.
Em tempos de Copa do Mundo e de
Olimpíadas cabe bem a pergunta: por que o MEC não coloca seu time em campo para
achar saídas mais criativas para a solução dos problemas da Educação nacional
assim como tem feito para enfrentar os problemas decorrentes da realização dos
vindouros espetáculos esportivos? A continuar assim, os turistas podem até
gostar do que verão na Copa do Mundo e nas Olimpíadas, mas continuaremos
perdendo de goleada no enfrentamento dos verdadeiros problemas nacionais, como
é o caso da Educação.
Fonte: Estado de Minas (MG)
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