A Educação sempre foi uma das bandeiras
políticas preferidas de 10 em cada 10 políticos no Brasil. Sempre que se toca
no tema, logo se fala em construção de Escolas, aumento de salário de
professor, manter alunos em sala de aula, enfim, os mesmos “chavões” que eu
venho ouvindo há mais de 40 anos, independente de ser esse ou aquele político,
partido ou ideologia. Sozinha, a Educação não vai resolver todos os problemas
sociais do País, mais é necessário que ela seja olhada com um pouco mais de
respeito por parte dos nossos governantes e com mais responsabilidade pela
própria sociedade. Será que somente a Escola deve ser agente ativa do processo
de Ensino/Aprendizagem? Ou a Família também deve ser um fator fundamental nesse
processo? Não consigo conceber Educação sem a participação de diversos agentes
que são fundamentais para que se consiga planejar um processo educacional
eficaz e dentre esses agentes, não descartamos a família, os professores, os
alunos e a sociedade em geral.
Ao fazer uma reflexão sobre a
Educação brasileira, é necessário levar em consideração que somente em meados
do século XX é que começou o processo de expansão da escolarização básica no
País, e que seu processo de crescimento, no que tange a rede pública de ensino,
somente começou a existir a partir dos anos 70 e 80. Isso dito vale levantar
alguns dados importantes para podermos compreender um pouco desse processo: O
Brasil ocupa o 53º lugar em Educação, em um universo de 65 países avaliados no
PISA. Mesmo com projetos para incentivar a matrícula de quase 100% das crianças
entre os 6 e 12 anos, cerca de 750 mil crianças ainda se encontram fora da
Escola (Dados do IBGE). O índice de analfabetismo funcional de pessoas na faixa
entre os 15 e 64 anos chega ao patamar de28% da população (Dados do IBOPE). 34%
dos alunos que chegam ao 5º ano não sabem ler (Dados do Programa “Todos pela
Educação”.), cerca de 20% dos jovens que concluem o Ensino Fundamental, nas
grandes cidades, não conseguem ler nem escrever (Dados do programa “Todos pela
Educação”).
Ao nos confrontarmos com esses dados
alarmantes, muitos dos leitores podem começar a indagar o “por que” do não
avanço da Educação em similar com os avanços sociais e econômicos do País,
afinal, se a sociedade evolui logicamente a Educação evolui com ela. Isso nos
levaria a pensar o senso comum, mas as coisas não acontecem assim. Se a
sociedade começa a evoluir, a Escola começa a se adaptar a essa evolução, só
que de uma forma defensiva, tardia e sem a garantia de uma melhora na qualidade
da Educação.
Alguns mais impulsivos hão de dizer
que a “culpa” de tudo isso é dos professores, que somente se limitam a fazer
greves e não querem mais ter nenhuma preocupação em fazer estudos de reciclagem
e de aprimoramento da sua profissão. Isso é de certa forma, uma afirmação
verdadeira, porém, completamente exagerada sobre a responsabilidade de cada um
nesse processo. É certo que muitos colegas professores não estão se preocupando
como deveriam em ir atrás de novos conhecimentos, de se familiarizarem com as
novas linguagens tecnológicas, por exemplo, mas seriam somente os docentes os
responsáveis pela baixa qualidade da nossa Educação? Claro que não, essa
responsabilidade é de professores, família, governos e sociedade em geral. A
família precisa participar mais da Educação de seus filhos, procurar acompanhar
o desenvolvimento escolar, conversar mais com professores e orientadores da
Escola e não somente ficar de braços cruzados, esperando que a escola forneça
ao seu filho uma Educação de qualidade. A sociedade precisa fiscalizar mais as
ações de seus governantes na área educacional e garantir que as ações sejam em
prol de todos e não somente discursos vazios. Mas a responsabilidade maior
ainda cabe aqueles que planejam a escola nesse País. Não é possível mais
conceber a escola como sendo mera formadora de mão de obra para o mercado de
trabalho, a escola tem que ser maior do que isso, ela precisa ter o compromisso
de formar cidadãos com uma cultura e com uma mentalidade mais empreendedora e
não somente como “Cordeirinhos” que são ensinados ao não pensar.
Posso parecer utópico, sonhador e até
mesmo um ingênuo professor que ainda acredita que Educação é algo muito maior
do que apenas discursos eleitorais, do que prédios construídos. Quero um País
em que a Educação seja algo prioritário, aonde cada criança não vá para escola
como um dever e sim como um direito garantido por todos. Sei que pode demorar,
sei também que pode nunca acontecer, mas vou continuar lutando de todas as
formas para que a Educação seja algo de respeito por parte de todos os
envolvidos, sejam eles professores, família, sociedade e governos.
Thomaz Campos, historiador, radialista, consultor em educação,
especialista em marketing eleitoral, in: Gazeta 24 Horas Online
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