Não há binômio humanístico que
encerra maior afeição do que o título deste artigo. Tanto a Educação quanto o
afeto são expressões que agregam sentidos inerentes à coisa mais essencial da
existência: o amor. A Educação é um processo executado em função do amor, uma
vez que tem como meta e efeito o resgate das sombras, ou seja, da ignorância.
Um Educador é um redentor, no sentido de mudar a frequência existencial de um
semelhante, para melhor. Ele promove, em determinado grau, um salto quântico de
uma pessoa em termos de compreensão e interação com o mundo. Por sua vez, o
afeto é a mais genuína expressão do amor, uma vez que é algo concreto, que, em
si mesmo, significa amor. Uma atitude de afeto, aparentemente banal, de uma
pessoa para outra, pode também ser um resgate, mas num plano distinto da
Educação; distinto, sim, mas complementar.
Minhas melhores recordações da época
de Escolarização são aquelas em que tive o privilégio de ter algum mestre
afetuoso. As Professoras das primeiras séries cujos nomes eu guardo com
sobrenome e tudo foram as mais dedicadas e carinhosas. Mas a família assumiu um
novo perfil, decorrente das inúmeras transições e reavaliações dos conceitos e
valores; os meios de produção, antes atribuições exclusivamente masculinas,
passaram a contar com as mulheres, e a maioria delas, ainda assim, não deixou
de ser mãe e dona de casa, passando a se desdobrar no cotidiano para cumprir
essas atribuições diversas. Muita água suja foi, na verdade, jogada fora, mas
com ela também muita água limpa.
O fato é que algumas lacunas não
mudaram na vida de muitos; o afeto mesmo é a lição que sabemos de cor, só nos falta
aprender. A expressão da afeição, para muitos ainda é difícil, truncada; há uma
certa antipatia remanescente de se mostrar carinhoso. Acredito que a interação
entre os personagens de sala de aula é inevitável e deve ser trabalhada no
sentido da aprendizagem integral, com o desenvolvimento da afetividade,
condição imprescindível para que se consolidem efetivamente as aprendizagens em
geral. Obviamente há uma hierarquia entre esses personagens, na relação de sala
de aula, o que é próprio de toda relação. Essa hierarquia é determinada pelo
sentido do fluxo de aprendizagem de um personagem para o outro, numa relação de
ajuda, mas todos se respeitam. Um Professor que, no trato com seus Alunos, é
afetivo e respeitoso, já sai na frente, pois cria um ambiente de estudo sem
condições estressantes e ainda dá testemunho vivo de uma relação que valoriza o
outro.
Mas infelizmente ninguém está
afetuoso hoje ou estará amanhã – o verbo é ser. Um Professor é afetuoso ou não,
o que não significa que a afetividade é exclusivamente inata. Pode-se trabalhar
esse aspecto, pois no fundo todos têm essa semente, bastando fazê-la brotar,
para o bem do outro. Mesmo estando sucateada dentro da pós-modernidade, a
Escola ainda é o núcleo da formação e discussão de ideias, formadora responsável
de opiniões e agregadora de competências necessárias para a construção do
conhecimento e da pessoa. A genuína afetividade é o humanismo por essência.
Fonte: Estado de Minas (MG)
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