sexta-feira, 22 de junho de 2012

Smartphones e tablets ajudam a alfabetizar jovens e adultos

Usados para a comunicação e a troca de informações por pessoas de todas as idades, aparelhos como smartphones e tablets também podem ser ferramentas educativas. Os aparelhos são úteis em atividades de alfabetização, no ensino de matemática ou de uma língua estrangeira.
Cofundador da Anhanguera Educacional, o matemático José Luis Poli constatou, em visitas a escolas voltadas para o público jovem e adulto, que muitos alunos de faixa etária avançada, embora analfabetos, possuíam celulares e dominavam bem os mecanismos do aparelho. A observação deu início a elaboração do que hoje é chamado de Palma (Programa de Alfabetização na Língua Materna).
Em 2009, o professor de matemática se desvinculou da Anhanguera para se dedicar ao projeto que prevê aos participantes a alfabetização, o ensino básico de matemática e de ciência - que envolve lições de higiene, saúde e qualidade de vida -, por meio do smartphone. Em abril do ano passado, 160 alunos começaram a testar o software desenvolvido para os celulares, que usa a combinação de sons, letras, números e imagens como método de ensino.
O projeto piloto está sendo implantado em colégios públicos de São Paulo, localizados em cidades como Araras, Campinas e Franca. Os participantes do Palma são na sua maioria trabalhadores, na faixa etária entre os 20 e 30 anos e do sexo feminino. "São pessoas com uma dura jornada de trabalho que têm pouco tempo disponível para o estudo. O objetivo de promover educação por um smartphone é também na facilidade que ele oferece aos alunos em realizarem exercícios em suas horas vagas como nas refeições ou deslocamentos durante o dia", explica o mentor do programa.
Os alunos recebem gratuitamente os smartphones, por onde acessam o programa diariamente. O desempenho deles é medido ao final de cada atividade, através de um sistema de monitoramento instantâneo, via mensagem SMS. Com isso, o professor tem o mapa individualizado de sua aprendizagem. O educador recebe um treinamento sobre como funciona a metodologia do Palma antes de iniciar seus trabalhos. Durante as aulas, eles deixam, no primeiro momento, os participantes interagirem individualmente com o sistema do celular, para depois passar as lições programadas para o dia.
"Acredito no potencial das tecnologias como um instrumento de educação por oferecerem grandes facilidades de aprendizado, serem capazes de motivar o estudante, uma vez que o aluno se identifica com o aparelho e, portanto, deixarem as aulas dos professores mais atrativas", defende Poli.
O professor de Metodologia do Ensino de Língua Portuguesa e de Alfabetização da USP Claudemir Belintane também acredita que os recursos desses meios podem contribuir para a formação de um aluno, mas ressalta a necessidade de cuidados especiais. "Abraçar as tecnologias sem cuidados pode significar a desestruturação de uma escola, de um curso ou de um programa", alerta.
A introdução de aparelhos tecnológicos nas salas de aula é um fenômeno estudado por Belintane há cerca de 15 anos. Seus estudos são aplicados a alunos do ensino fundamental e passados a estudantes de graduação. Em pesquisa recente, constatou que os tablets podem servir como uma ferramenta facilitadora a crianças com dificuldades de aprendizagem na escrita. Conforme a análise, o touchscreen, que permite arrastar objetos, estende o potencial de expressão e memória, exercícios que ajudam nesse aprendizado.
Estudos como esse fazem o professor da USP defender o uso de tecnologias nas instituições de ensino, desde que elas sejam aplicadas de forma a expandir as capacidades preexistentes dos estudantes e não como uma fórmula mágica do conhecimento. "É preciso lembrar que um recurso potente como o computador não substitui e nem diminui a necessidade de esforços na aprendizagem. Para aprender, é necessário primeiro de esforço e dedicação", conclui.
Fonte: Terra

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