Usados para a comunicação e a troca
de informações por pessoas de todas as idades, aparelhos como smartphones e
tablets também podem ser ferramentas educativas. Os aparelhos são úteis em
atividades de alfabetização, no ensino de matemática ou de uma língua
estrangeira.
Cofundador da Anhanguera Educacional,
o matemático José Luis Poli constatou, em visitas a escolas voltadas para o
público jovem e adulto, que muitos alunos de faixa etária avançada, embora
analfabetos, possuíam celulares e dominavam bem os mecanismos do aparelho. A
observação deu início a elaboração do que hoje é chamado de Palma (Programa de
Alfabetização na Língua Materna).
Em 2009, o professor de matemática se
desvinculou da Anhanguera para se dedicar ao projeto que prevê aos
participantes a alfabetização, o ensino básico de matemática e de ciência - que
envolve lições de higiene, saúde e qualidade de vida -, por meio do smartphone.
Em abril do ano passado, 160 alunos começaram a testar o software desenvolvido
para os celulares, que usa a combinação de sons, letras, números e imagens como
método de ensino.
O projeto piloto está sendo
implantado em colégios públicos de São Paulo, localizados em cidades como
Araras, Campinas e Franca. Os participantes do Palma são na sua maioria
trabalhadores, na faixa etária entre os 20 e 30 anos e do sexo feminino.
"São pessoas com uma dura jornada de trabalho que têm pouco tempo
disponível para o estudo. O objetivo de promover educação por um smartphone é
também na facilidade que ele oferece aos alunos em realizarem exercícios em suas
horas vagas como nas refeições ou deslocamentos durante o dia", explica o
mentor do programa.
Os alunos recebem gratuitamente os
smartphones, por onde acessam o programa diariamente. O desempenho deles é
medido ao final de cada atividade, através de um sistema de monitoramento
instantâneo, via mensagem SMS. Com isso, o professor tem o mapa individualizado
de sua aprendizagem. O educador recebe um treinamento sobre como funciona a
metodologia do Palma antes de iniciar seus trabalhos. Durante as aulas, eles
deixam, no primeiro momento, os participantes interagirem individualmente com o
sistema do celular, para depois passar as lições programadas para o dia.
"Acredito no potencial das
tecnologias como um instrumento de educação por oferecerem grandes facilidades
de aprendizado, serem capazes de motivar o estudante, uma vez que o aluno se
identifica com o aparelho e, portanto, deixarem as aulas dos professores mais
atrativas", defende Poli.
O professor de Metodologia do Ensino
de Língua Portuguesa e de Alfabetização da USP Claudemir Belintane também
acredita que os recursos desses meios podem contribuir para a formação de um
aluno, mas ressalta a necessidade de cuidados especiais. "Abraçar as
tecnologias sem cuidados pode significar a desestruturação de uma escola, de um
curso ou de um programa", alerta.
A introdução de aparelhos
tecnológicos nas salas de aula é um fenômeno estudado por Belintane há cerca de
15 anos. Seus estudos são aplicados a alunos do ensino fundamental e passados a
estudantes de graduação. Em pesquisa recente, constatou que os tablets podem
servir como uma ferramenta facilitadora a crianças com dificuldades de
aprendizagem na escrita. Conforme a análise, o touchscreen, que permite
arrastar objetos, estende o potencial de expressão e memória, exercícios que
ajudam nesse aprendizado.
Estudos como esse fazem o professor
da USP defender o uso de tecnologias nas instituições de ensino, desde que elas
sejam aplicadas de forma a expandir as capacidades preexistentes dos estudantes
e não como uma fórmula mágica do conhecimento. "É preciso lembrar que um
recurso potente como o computador não substitui e nem diminui a necessidade de
esforços na aprendizagem. Para aprender, é necessário primeiro de esforço e
dedicação", conclui.
Fonte: Terra
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