O professor Amaury Patrick Gremaud,
da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP), disse que o efeito
de uma boa gestão é maior do que o de um grande investimento na educação
pública brasileira. Segundo o professor, ainda é preciso lutar por mais
dinheiro, porém uma melhora da gestão dos recursos públicos, poderá trazer
efeitos importantes.
Gremaud participou de uma discussão
promovida pelo Movimento Todos pela Educação nesta quarta-feira (16), em São
Paulo. Além dele, Paulo Cesar Malheiro do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) também estava no debate sobre financiamento da educação.
Dados da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que o investimento do
Brasil por aluno é 22% do Produto Interno Bruto (PIB) da renda per capita,
enquanto nos países da OCDE, a maioria desenvolvido, como Finlândia, Estados
Unidos e Canadá a média de aplicação é de 27%.
O professor lembra que a diferença do
índice não é tão grande - de 5% - porém é preciso levar em conta a disparidade
entre as rendas do Brasil e dos países do OCDE. Para elucidar a diferença,
Gremaud aponta a média de investimento por aluno em toda a educação, de
infantil a nível superior. Enquanto no Brasil, o valor é de 2.416 dólares, nos
países do OCDE, o número sobe para 8.961 dólares.
Gremaud disse que o ideal seria o
Brasil subir o investimento de 5% do PIB para 7%, pelo menos por um período
determinado. Ele afirma que, ao contrário de outros países da OCDE, o Brasil
tem "um passado a cuidar e ainda precisa incluir crianças e adolescentes
que estão fora da escola", pois o sistema de ensino não está estabilizado.
"Lutar por mais recurso na educação ainda é importante, mas a gestão do
dinheiro é mais importante", diz.
Sobre
a melhor forma de gerir os recursos, Gremaud afirma que não há receita já que o
Brasil tem regiões muito distintas. "Não há uma resposta única, as
políticas públicas têm de atacar vários pontos. O plano de carreira, por
exemplo, pode ser importante para um município e não para outro. Os efeitos são
diferentes. Esse é um grande problema."
Investimento
Uma pesquisa divulgada na
segunda-feira pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Avançadas (Ipea), indica
que para o país incorporar as 3,55 milhões de crianças e adolescentes de 4 a 17
anos que estão fora da escola, segundo dados do Pnad 2009, seriam necessários
pelo menos R$ 9,8 bilhões, ou um acréscimo de 0,3% do PIB nacional. Esse
montante de recursos seria suficiente apenas para incorporar tal contingente de
crianças e adolescentes sob as mesmas condições de ensino oferecidas aos demais
estudantes.
Ainda
segundo o Ipea, nesse aporte adicional de recursos, não estão incluídos os
investimentos que seriam demandados para a implantação de novas escolas, salas
de aula e demais instalações necessárias ao atendimento daqueles que não
pudessem ser incorporados por meio da infraestrutura existente.
O Todos Pela Educação é um movimento
financiado pela iniciativa privada, que reúne sociedade civil organizada,
educadores e gestores públicos que tem como objetivo contribuir para que o
Brasil garanta a todas as crianças e jovens o direito à educação básica de
qualidade. O movimento elegeu 2022, ano em que se comemora o bicentenário da
Independência do Brasil, como data limite para o cumprimento de cinco metas
monitoradas a partir da coleta sistemática de dados e da análise de séries
históricas dos indicadores educacionais. Elas servem como referência e
incentivo para que a sociedade acompanhe e cobre a oferta de educação de
qualidade para todos. São elas:
Meta 1: Toda criança e jovem de 4 a
17 anos na escola
Meta 2: Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos
Meta 3: Todo aluno com aprendizado adequado à sua série
Meta 4: Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos
Meta 5: Investimento em Educação ampliado e bem gerido
Meta 2: Toda criança plenamente alfabetizada até os 8 anos
Meta 3: Todo aluno com aprendizado adequado à sua série
Meta 4: Todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos
Meta 5: Investimento em Educação ampliado e bem gerido
Fonte: G1
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