A Educação conta com pensadores que
transcendem com muita voracidade as suas terminologias. Denotam ciclos de
aprendizagem para o que antes se entendia por séries, floreiam esta
classificação com outras subclassificações e substituem também reprovado por
retido; diretor por gestor; exame por avaliação; notas por conceitos, falta de
limites por hiperatividade; professor por educador; aluno por educando e muitas
outras. Louváveis são esses pensadores que eliminaram termos antes pejorativos.
Contudo, quem pensou em unir essas
reformuladas classificações a uma nova prática de ensino? Quem buscou na
essência das palavras nortes para fazê-las jus? Acredita-se que tenha sido a
minoria de educadores, aquela desprovida de autoritarismo, ignorância, desânimo
e comodidade, pessoas heroicas, pois além de se dedicarem mais que a maioria,
são “bombardeadas” pela mesma, que, convenientemente, prefere fingir que a
Educação flui.
Existem índices que demonstram e
reforçam essa falsa ideia de que o ensino-aprendizado vai bem, como o declínio
de analfabetos no Brasil, por exemplo. Atrás dessa enorme e bem tecida cortina,
a Educação se deteriora. Acredita-se que desses fios, a avaliação da
aprendizagem seja a parte melhor entrelaçada e a de todas, a mais ilustrada.
Os estudantes acreditam que estão
sendo justamente avaliados, os pais deles também, em muitos casos, até os
próprios educadores acham isso. Quando, na verdade, estes estudantes estão
sendo vítimas de um processo que visa aprovar ou reter, e não, investigar a
qualidade da aprendizagem. Em 1996 instituiu-se o termo “avaliação da
aprendizagem” na LDB, porém, ainda hoje, se pratica exame. Cipriano Carlos
Luckesi, autor de vários livros e artigos sobre avaliação, afirma que
“avaliação é um ato democratizante, pois todos precisam aprender o que foi
ensinado”. Se todos os educadores tivessem esse pensamento ao avaliar,
deixariam de maquinar questões que dificultem a compreensão do que se pede, de
formular as “pegadinhas”, de explorar assuntos pouco trabalhados em sala e
criar metodologias não usuais.
É impressionante como é alto o número
de profissionais da Educação que busca por meio dos testes avaliativos coagir,
mostrar o seu poder e até fazer com que determinados educandos se sintam
incapazes e excluídos. Isso é perverso. A cola teria poucos adeptos ou nenhum,
se existisse um trabalho consciente e de conscientização por parte desses
educadores, mostrando aos seus educandos que avaliar é diagnosticar para
tratar.
A prática condizente a isso seria
conhecer e analisar o desempenho dos mesmos, buscando em seguida, fórmulas que
sanem suas dificuldades. Às vezes se faz preciso mudar de caminhos, reformular
explicações e até repeti-las incansavelmente. Os docentes devem sentir que as
suas atuações foram satisfatórias somente quando todos os seus conteúdos
transmitidos foram apreendidos por seus discentes. Não se é cabível culpar quem
não apreende. O nosso referido Luckesi repetiu de ano letivo várias vezes e se
não houvesse um educador que acreditasse e dissesse a ele: “eu vou ensinar, e
você vai ter que aprender”, jamais teria conseguido a sua renomada posição.
Entender a avaliação como um processo
contínuo de observância das construções cognitivas, a fim de aprimorá-las
precisa ser, de fato, o principal objetivo de quem educa. Isso gera inclusão e
demonstra afetividade pelo que se faz e por quem se faz.
Atingir, assim, o país em sua
totalidade com essa forma justa de avaliar, independente de sistemas, condições
e métodos, seria utopia? Espera-se que não, pois se houver um entendimento que
ao se rasgar a já mencionada cortina, a casa que se mostrará não é a do outro,
mas sim, a sua própria casa, cada um fará o melhor por ela.
Fonte: Diário de Cuiabá (MT)
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